segunda-feira, 30 de agosto de 2010

ENFRENTAR OU CONTEMPORIZAR?

Não sou jornalista. Sou um cidadão preocupado com os rumos do país e do mundo. Me interesso pela política, tanto teórica quanto a prática. Não admito me alienar desse assunto: a política é que determinará a minha vida, pensando numa perspectiva mais abrangente.
Vi várias vezes o que uma imprensa covarde pode fazer. Como vaticinou Joseph Pulitzer, “com o tempo, uma imprensa cínica, mercenária, demagógica e corrupta formará um público tão vil como ela mesma”. Participei de manifestações sumariamente ignoradas. Participei de greves cujo único enfoque na mídia era a carência da população pela não prestação de serviços, jogando os grevistas contra o povo. Por não me conformar com as “notícias” que me mantinham “informado”, comecei a me manifestar. Esse não é o meu primeiro blog. Já escrevi em outros meios, mas talvez estivesse fora de tempo. Hoje, a discussão é mais palpitante.

Vivemos tensos, sempre sobre a ameaça de mais alguma jogada sórdida do PIG. Gostaria de expor também minhas críticas ao atual governo. Quem sabe, até alguns questionamentos ao programa de governo da candidata Dilma. Só que hoje isso é impossível: estamos no meio de uma batalha sangrenta, e qualquer linha nesse sentido é munição ao adversário. É uma preocupação compartilhada e muito bem exposta pelo Rodrigo Vianna aí embaixo: o receio de ter seu discurso capturado em favor da direita, por intermédio de alguma canalhice do PIG. Por enquanto, resta-nos denunciar essas manobras.

http://www.rodrigovianna.com.br/vasto-mundo/dilma-cristina-ou-bachelet.html

DILMA, SE ELEITA, VAI ENFRENTAR A IMPRENSA?

Numa reunião dia desses, um amigo blogueiro disse-me que não vê a hora de passar a eleição, pra que ele não se sinta mais “obrigado” a defender Dilma diante do descalabro de fichas falsas, terrorismo eleitoral e grosseria de apresentadores canastrões.

Concordei com esse amigo. Também não vejo a hora dessa pancadaria passar, pra que a gente possa exercer a função crítica de imprensa, em vez de passar o tempo mostrando como a velha mídia distorce os fatos e mente sem parar. Chegamos até a brincar: como a oposição vai “acabar” em outubro, restará a nós fazer a verdadeira oposição no Brasil.

Outro sujeito que estava na reunião olhou pra gente e sacudiu a cabeça: tsh, tsh. E apresentou outra visão: “vocês estão enganados; a pancadaria está só começando; passada a eleição, se Dilma ganhar, será ainda pior; veremos no Brasil algo parecido com o que Cristina Kirchner sofre na Argentina”.

Parei pra pensar.

Na verdade, diante de um possível governo Dilma temos essas duas possibilidades:

- a oposição se enfraquece a tal ponto que as forças conservadores (no empresariado e até na velha mídia), em vez de se somar a DEM e PSDB, vão se aproximar do governo da petista, disputando espaços e empurrando o governo mais pra direita; nesse caso, haveria lugar para uma oposição pela esquerda se fortalecer (desde que tenha conexão com movimentos sociais, com o mundo real, e não negue os avanços da era Lula, mas incorpore esses avanços e lute para profundar as mudanças);

- a oposição se torna menor, sim, mas por isso mesmo mais aguerrida, mais barulhenta, mais golpista; encastelada na mídia e em alguns setores do Judiciário e do Parlamento, fará um combate permanente a Dilma, nos moldes do que ocorreu por exemplo na Argentina; nesse caso, os setores mais críticos, inclusive na blogosfera, seguirão a ter um papel fundamental para desfazer as tentativas de golpes e manipulação.

Se esse segundo cenário prosperar, Dilma agirá como Cristina ou como Bachelet?

Você, caro leitor, aposta no que?



Dilma, Cristina e Bachelet

por Victor Farinelli

Moro no Chile desde 2005, cheguei aqui durante as eleições vencidas pela Bachelet, e acompanhei todo o mandato dela.

Li no Conversa Afiada as considerações do cunhado do Paulo Henrique Amorim, sobre como a direita chilena conseguiu chegar ao poder apesar de a esquerda ter um governo exitoso e uma presidenta popular. Assino embaixo quase (*) tudo o que foi dito, e acrescento que a popularidade da chilena Michelle Bachelet foi um fenômeno quase inexplicável, porque o PIG daqui bateu nela do primeiro ao último dia de mandato.

A ira da imprensa brasileira contra a Dilma tende a ser igual ou pior – tanto que na Argentina foi pior, e por isso a Cristina Kirschner fez a Ley de Medios e mostrou como o Clarín chafurda na própria lama. Os PIGs contra presidentas foram mais que a oposição desrespeitosa, como foram com presidentes progressistas homens. Foram desrespeitosos e machistas. É isso que espera a Dilma, uma imprensa ferozmente opositora, desrespeitosa e machista.

No Chile, a Bachelet e todos os anteriores presidentes da Concertación apanharam do PIG nativo, mas, tal qual Lula no Brasil, mantinham um inexplicável masoquismo, jamais ameaçaram a hegemonia dos barões da mídia. Inclusive, quando os herdeiros do Clarín chileno (o jornal que defendeu Allende até o último dia, e que foi extinto pelo Pinochet) tentaram reabrir o antigo diário, foi justamente o governo concertacionista quem impôs as maiores dificuldades.

Assim, como Lula, que não fomenta as condições pra consolidação de novos meios que realizem o necessário debate. E pior, como mostrou o Blog do Miro recentemente, continua dando aos principais meios do PIG brazuca as verbas publicitárias que eles necessitam para sobreviver e continuar a atacá-lo sistematicamente.

A melhor forma de fazer a Dilma ver as consequências de ser condescendente com o PIG é contrastar a atitude da presidenta argentina com a da chilena. Bachelet agiu como Lula, manteve sua popularidade, mas viu a Concertación sucumbir eleitoralmente – embora seja irreal atribuir a derrota somente a esse erro, houve outros, a começar pela péssima escolha do candidato a sucessor, como escreveu, na época, o Rovai. Cristina apanhou como Lula e Bahcelet (e como irá apanhar Dilma). Mas reagiu!! Democratizou os meios e vem mudando radicalmente o processo de formação da opinião da classe média.

Hoje, os argentinos sabem, por exemplo, que o principal nome da oposição argentina, Mauricio Macri (ex-presidente do Boca Juniors e atual governador da cidade autônoma de Buenos Aires), defende que não se aceitem bolivianos ou paraguaios nos hospitais públicos da capital. Antes, o PIG alviceleste escondia ou tergiversava essas declarações comprometedoras. Agora, é muito mais difícil tapar o sol com a peneira. A Dilma precisa conhecer profundamente as consequências do que fizeram Michelle Bachelet e Cristina Kirschner. Assim, quando vierem os ataques do nosso PIG, o desrespeito, o machismo e o fomento ao golpe, ela terá maior consciência de como se deve reagir.

(*) duas retificações:

1) Se fizermos uma média dos quatro anos, a popularidade de Michelle Bachelet vai ficar em torno aos 70%, como disse o texto do Conversa Afiada, mas no momento em que entregou o cargo, a então presidenta reunia 84% de aprovação – o maior índice já apresentado por um presidente chileno ao fim do seu mandato.

2) Piñera não cumpriu toda a promessa. Vendeu Lan Chile, para um testa de ferro da família, mas a promessa era vender Lan, Chilevisión e as ações do Colo Colo, e as demais vendas continuam pendentes, com destaque para o canal Chilevision, que tende a ser vendido (ou não) somente depois que Piñera tome decisões vitais respeito a televisão digital, e nada impede ele de favorecer o canal do qual ele ainda é o dono.



domingo, 29 de agosto de 2010

TOQUE DE MIDIAS

Moro longe pacas do RS. À distância, também já acreditei na chorumela de "estado mais politizado", dado as questões fronteiriças. Mas esse artigo é estarrecedor.
Ainda mais nesse contexto em que os institutos de pesquisas adotam a tática: perdem-se os anéis, ficam os dedos, admitindo a vitória de Dilma Roussef em âmbito nacional, mas alavancando as candidaturas do atraso nas unidades da federação. Fiquei alarmado ao ver o ínclito Paulo Paim apenas em terceiro lugar na pesquisa para senador do RS, apesar da liderança consolidada de Tarso Genro na disputa ao governo estadual.
Nem sempre o nosso é pior que os outros.



Como se fosse um partido

13/08/2010, por AYRTON CENTENO

Suponha que Ali Kamel fosse presidente da república. Fantasie um pouco mais e descubra Miriam Leitão, também eleita, subindo a rampa do Palácio do Planalto. Sob o impulso do mesmo delírio coloque Fátima Bernardes candidata ao Senado Federal. Fátima vai disputar a cadeira que o senador Faustão não deseja mais ocupar. Difícil conceber? É possível. Mas não no Rio Grande do Sul. Ninguém ficaria surpreso. É que este cotidiano sequestrado ao realismo fantástico “naturalizou-se” no território gaúcho. Um exemplo: desde 1994, egressos dos quadros do grupo RBS – a Globo local – disputam todas as eleições para governador naquele que, durante muito tempo, jactou-se de ser o estado mais politizado do Brasil. E, em duas ocasiões, eles venceram. Em 2010, a RBS novamente está no páreo não apenas para o Palácio Piratini, mas também para o Senado, a Assembleia Legislativa e a Câmara dos Deputados.

Com 21 emissoras de TV (18 afiliadas à Globo), 25 rádios, oito jornais diários e quatro portais na internet, a RBS não comanda apenas a mídia, mas boa parte dos corações e mentes no Sul. Em 1994, quando seu ex-diretor de telejornalismo Antonio Britto elegeu-se governador, a força do conglomerado tornou-se ainda mais notória. Nas prévias do PMDB, os dois candidatos em confronto tinham raízes na RBS: Britto e o deputado federal e apresentador de rádio e TV Mendes Ribeiro. Em 1998 e 2002, Britto tentou retornar ao governo. Em 2006, mais uma novidade procedente da RBS chegaria ao Piratini: Yeda Crusius.

Eleita pelo PSDB, Yeda popularizou sua imagem com aparições diárias no telejornal noturno da então TV Gaúcha, onde ocupava um espaço de análise econômica. Dali desabrochou para a política a bordo de uma esquisitice. No governo Itamar Franco, o presidente pediu ao amigo Pedro Simon a indicação de uma mulher para fazer florir seu ministério que considerava demasiadamente carrancudo e atulhado de homens. Simon lembrou-se da professora de economia que aparecia bem na TV. E, como as coisas aconteciam sob Itamar, da noite para o dia, Yeda virou ministra do Planejamento. Durou 70 dias, uma passagem breve e bisonha — foi informada da existência do Plano Real na coletiva de lançamento – mas acarpetou seu trajeto para a Câmara Federal. Em 2010, tenta reeleger-se governadora.

Para o Senado, a jornalista Ana Amélia Lemos é a representante do poder do grupo no pleito de outubro. Após décadas chefiando a sucursal de Brasília, com presença diária no rádio, na televisão e no jornal Zero Hora, ela ingressou na corrida como candidata do PP. Mas, na cabeça do eleitor, não vai estar o partido submerso no escândalo do Detran/RS, que fez evaporar R$ 44 milhões dos cofres estaduais, e sim a figura que diariamente entrava na sua sala para tratardos temas mais candentes do Brasil. E conta com boas chances de sucesso, embora enfrentando dois pesos-pesados: o atual senador Paulo Paim (PT) e o ex-governador Germano Rigotto (PMDB).

Se isto ocorrer, Ana Amélia ocupará a cadeira do senador Sérgio Zambiasi (PTB), apresentador de programas populares na rádio Farroupilha, também da empresa. Aportando no Senado em 2002, após sucessivas eleições como um dos deputados estaduais mais votados do país e presidente da Assembleia Legislativa, Zambiasi absteve-se de concorrer em 2010. Projeta um cargo no executivo em 2012 ou 2014.

Além das eleições majoritárias, os representantes do time da RBS sempre se engajaram na caça às vagas nas proporcionais. Neste ano não será diferente. O ex-vice-presidente institucional do grupo, Afonso Motta, concorre a deputado federal pelo PDT. Um dos parlamentares mais votados do estado em 2006, Paulo Borges elegeu-se com a ajuda do cognome “O Homem do Tempo” – era o encarregado da previsão na RBS TV – e disputa a reeleição pelo DEM.

Como regra quase sem exceções, os candidatos assim forjados não possuem vida partidária pregressa, escalando cargos eletivos por obra da exposição midiática e de sua natureza de personalidades “não-políticas”. Com perfil conservador, alinham-se no espectro que vai do centro à direita. Nesta modalidade de berlusconização delegada, como emergem na condição de criaturas da mídia, dificilmente contrastam os muitos interesses da mesma mídia que os criou.

Não falta quem diga que é um partido, o PRBS. Não falta quem diga que é o único. Um exagero, deve-se convir. Porém, com os jornais mais influentes, a TV aberta e as rádios AM e FM líderes de audiência, supõe-se até que 90% dos assuntos que freqüentam as conversas dos gaúchos tenham origem na pauta da RBS. Verdade ou não, vale como elemento de reflexão sobre o efeito aberrante da concentração e da propriedade cruzada dos meios de comunicação no jogo eleitoral e na livre manifestação dos eleitores. Vinte e cinco anos após o suspiro final de sua última ditadura, é uma pedra no caminho de um país que ainda constrói penosamente sua democracia.


sexta-feira, 27 de agosto de 2010

NOVA CIDADANIA PELA MILITÂNCIA DIGITAL


Sabe quando você sente saudade de algo que não viveu? É uma sensação difícil de explicar, mas é o que sinto em relação o I Encontro dos Blogueiros Progressistas, ao qual infelizmente não pude comparecer. Mesmo assim, o evento proporcionou algumas reflexões em mim, à distância, e gostaria de compartilhá-las.
Cada vez mais eu me convenço que o espaço para militância é o da comunicação. Vários de nós ainda temos um tipo de emprego formal que está se diluindo nas novas relações de emprego (trabalho é um termo mais amplo; seria incorreto utilizá-lo aqui). Essas novidades não são necessariamente boas, tampouco ruins. Nem digo que com isso acaba a luta de classe, o que seria uma grande bobagem. Ela apenas se transfere de arena. O resultado decorrente das tais novas relações de emprego dependerá do contexto no qual acontecer. As possibilidades que a inclusão digital massiva proporcionam para o exercício de uma cidadania crítica tornam o cenário alvissareiro.
E mais: dando uma de profeta, mesmo que escorado nos que estiveram presentes nos debates, creio que a militância não será algo profissional. Será parte constitutiva do “cidadão”, do homem integral e desalienado, que exercerá um determinado metier, no qual se especializará e do qual retirará seu sustento, mas no fim todos que quiserem poderão se tornar sujeitos políticos ativos. Aqueles que ainda vivem os resquícios do emprego formal, talvez não tenham essa percepção e ainda enxerguem a luta de classes sobre o prisma que a via Marx no século XIX – patrões vs. empregados, donos dos meios de produção vs. trabalhadores, capitalistas vs. proletariado. Essa interpretação do mundo não está errada, mas segmentada, representando a realidade de muito poucos. E os ganhos dessa nova ideologia podem ser enormes: detona não só a comunicação na forma como conhecemos (Azenha e outros a chamam, com propriedade, de “hierárquica”, ou ainda “jornalismo industrial”), mas também a política tradicional, com a imensa distância entre o cidadão representado e o político representante.
Tende a desaparecer (ou ao menos diminuir) essa maldita dicotomia entre estatal e privado, própria do modelo de Estado Moderno, que põe regras em algumas coisas e deixa outras a critério dos particulares. Há inúmeros exemplos disso. Para não ir muito longe, um dos pilares do nosso direito civil é que o contrato é uma “lei entre as partes”.
Finalmente emerge a teorizada e almejada “sociedade civil” (acho que todos os filósofos mais à esquerda falam dessa abstração – até agora), que seria a verdadeira esfera pública, não estatal, mas com conteúdo acessível a todos e que permitiria uma vida coletiva sem intermediação, nem dos barões privados (que vêm desde o senhor feudal até os donos dos monopólios midiáticos), nem do Estado (que é sempre um instrumento, e que quando nas mãos erradas, se transforma num aparelho de repressão).
Com esse caráter utilitário, o Estado perderia autoridade, ficando restrito a funções bem específicas, institucionais e de organização dos espaços coletivos. Já o poder privado pode se tornar bem mais agressivo, haja vista a possibilidade de sua supressão. Acuado, tende a reagir com fúria sobre os antigos dominados. Mais do que nunca, a máxima da marxista faz sentido: “Socialismo ou barbárie”.


O próximo passo da blogosfera: incentivar a militância digital

Luiz Carlos Azenha


A Conceição Oliveira, do Maria Frô, definiu bem: os blogueiros mais velhos devem ensinar aos mais novos como fazer política; e os mais novos devem ensinar tecnologia aos mais velhos. Foi a respeito de um momento que considero simbólico no debate final do Encontro Nacional de Blogueiros, quando aqueles que queriam incluir a palavra “mídia colaborativa” na carta foram derrotados pela grande maioria. Perderam duas vezes, por não terem conseguido explicar o que queriam dizer com isso. Talvez não tenham tido tempo de fazê-lo. Vou tentar explicar esse distanciamento entre as gerações, que ficou evidente.

Quando leio os portais da grande mídia e mesmo quando leio a Carta Maior, a Caros Amigos e a CartaCapital na internet (as três com conteúdo editorial excelente), percebo que todos estão ainda na internet do século 20. Na internet 1.0. Na internet verticalizada , em que os editores decidem e os leitores lêem. Sim, há caixas de comentários. E há espaço para os leitores se manifestarem, enviando fotos e informações, em alguns portais. Mas esses espaços ainda refletem, acima de tudo, a transposição da lógica da velha mídia para o espaço virtual. O leitor está ali, mas ainda é tratado como se fosse hierarquicamente inferior aos jornalistas, aos editores e aos especialistas.

Para não cometer uma injustiça, noto o excelente blog do Emir, do professor Emir Sader, que foi ao encontro dos blogueiros; e as mudanças que Celso Marcondes fez, melhorando muito o site da CartaCapital.

Noto, também, que a lógica da velha mídia é reproduzida por muitos blogueiros. Aliás, ela fazia sentido quando a internet começou a se transformar em um espaço para furar o bloqueio dos barões da mídia. Muitos blogueiros se tornaram, eles próprios, micro-barões da mídia, com poder de veto sobre os comentários e a condução da linha editorial do espaço. Fazia sentido, quando não existiam ainda as ferramentas da internet 2.0, da chamada mídia colaborativa ou horizontalizada.

Quais são essas ferramentas? O twitter e o formspring, os microblogs que permitem a você trocar informações com outros internautas; as redes sociais como o facebook e o orkut, em que você se integra a uma comunidade de internautas; e ferramentas como o twitpic, a twitcam e o ustream, que permitem a você enviar e receber imagens de internautas e transmitir vídeo ao vivo enquanto interage com os leitores. Há dezenas de outras, essas são apenas as mais conhecidas.

O que significam essas ferramentas? Basicamente, interação.

Qual a consequência do uso delas por um blogueiro, seja jornalista ou não? Fica implícito que ele desce do pedestal, se iguala aos leitores, passa a ser apenas o coordenador do espaço, que na verdade é tocado pelos interesses dos leitores e comentaristas.

A longo prazo, seria o fim do jornalismo industrial. Seria, não, será. Talvez eu não viva para testemunhar isso, mas o papel tradicional da mídia, assim chamada por pretender fazer a mediação entre os diversos atores sociais, receberá um estaca no coração cravada pela “mídia colaborativa”.

As razões para isso residem no fato de que há uma infinidade de leitores muito mais qualificados do que eu ou qualquer blogueiro para escrever sobre engenharia, medicina e informática. Para fazer humor ou opinar sobre política. Para tratar de questões éticas ou legais. E essas pessoas começam a participar da blogosfera, criando seus próprios espaços ou comentando nos já existentes.

Como demonstrei no Encontro Nacional de Blogueiros, onde apresentei a minha “mala de ferramentas” (câmeras, gravadores, cabos de conexão etc.), quando quero carrego comigo uma emissora de rádio, de TV e um jornal. Quanto Assis Chateaubriand gastou para formar seu império? E o Roberto Marinho? Guardadas as devidas proporções, as novas tecnologias de informação permitem a um blogueiro ter seu mini-império informativo com um investimento total de menos de 5 mil reais.

Qual é a diferença essencial entre ele, blogueiro, e o jornalista que trabalha em uma corporação? A liberdade para falar e escrever o que quiser, desde que se submeta de maneira elegante à chuva de críticas de seus próprios leitores, quando for o caso. Sim, porque os leitores deixam de ser apenas receptores de informação. Eles opinam, criticam, acrescentam e anunciam na caixa de comentários. Funcionam como abelhas em um processo de polinização. Trazem sugestões de textos, insights e informações que muitas vezes se transformam em posts, ou seja, os leitores se tornam co-responsáveis pelo espaço.

É justamente por isso que, como notou o Rodrigo Vianna, do Escrevinhador, talvez o foco do Segundo Encontro Nacional de Blogueiros deva ser na troca de informações entre os blogueiros sobre essas novas tecnologias. Fizemos alguns painéis que tiraram o fôlego do público, tantas eram as novidades sobre as quais falamos.

Já antevejo o passo seguinte: esses blogueiros, futuramente, poderão ser os professores dessas tecnologias em seus bairros, em escolas técnicas ou junto aos movimentos sociais.

Essas tecnologias, obviamente, são politicamente neutras, mas devem ser apropriadas para que um número cada vez maior de brasileiros possa produzir conteúdo informativo e participar direta e ativamente do trabalho de aprofundamento de nossa nascente democracia.


terça-feira, 24 de agosto de 2010

CIRCO DE HORRORES

Pouco tempo atrás, cismei que iria estudar filosofia. Não deu, por uma série de circunstâncias. Um dos produtos finais do meu mestrado inconcluso foi esse pequeno desabafo publicado no blog do Márcio, que anda às moscas.
Se serviu para alguma coisa, os dois anos de submissão ao método asfixiante com que os herméticos acadêmicos filósofos supliciam suas vítimas, foi para me aproximar de uma delas. Talvez a maior vítima da academia burguesa.
Rousseau foi enxovalhado de todas as maneiras possíveis e imagináveis. Só isso daria assunto para um blog inteiro: "As Injustiças Cometidas Contra Rousseau". Uma internet inteira. Mas como o nosso blog aqui prefere malhar um adversário ainda vivo (o PIG continua guinchando alto) do que ressuscitar um aliado ultrajado, esse não é o nosso enfoque. Trouxe Rousseau à baila apenas para citá-lo:
"A soberania não pode ser representada pela mesma razão porque não pode ser alienada, consiste essencialmente na vontade geral e a vontade absolutamente não se representa. É ela mesma ou é outra, não há meio-termo. Os deputados do povo não são, nem podem ser, seus representantes; não passam de comissários seus, nada podendo concluir definitivamente. É nula toda lei que povo diretamente não ratificar; em absoluto, não é lei. O povo inglês pensa ser livre e muito se engana, pois só o é durante a eleição durante as eleições dos membros do parlamento; uma vez estes eleitos, ele é escravo, não é nada. Durante os breves momentos de sua liberdade, o uso que dela faz, mostra que merece perdê-la". (Contrato Social, Livro Terceiro, Capítulo XV).
O fundamento intelectual é preciso: não se pode querer por terceiros. No máximo, pode-se exprimir a vontade de outrem, desde que esteja conclusa e explícita. Logo, o legislador não pode "representar" o povo, mas apenas enunciar a uma vontade alheia já firmada e formulada.
O rígido argumento de Rousseau nesse ponto tornou-se fonte de lancinantes disputas, motivando até guerras e execuções. Na Assembléia revolucionária, o tema provocaria violentos debates, não se furtando Robespierre em afirmar que cada lei, para exprimir a vontade soberana do povo, deveria ser submetida ao "plebiscito" (Robespierre generaliza plebiscito como consulta popular. Na moderna terminologia jurídica, usamos referendo, quando uma lei aprovada pelo congresso é submetida ao crivo popular, e plebiscito para resoluções populares que depois são ratificadas pelo legislativo).
Contrapondo-se a Robespierre, Siéyès faria a defesa do sistema representativo, que foi o adotado, integrando-se na estrutura constitucional da França, posteriormente copiado pelos Estados Unidos e demais democracias representativas.
E eis que na atual eleição nos deparamos com verdadeiras aberrações que advogam o direito de serem representantes dos anseios populares. Faltam-me adjetivos para desqualificar tamanho oportunismo. Pessoas que, no afã de se manterem em evidência, amealhando seus patrimônios às custas da alienação do cidadão comum, buscam agora expandir sua atividade econômica para dentro do Estado. O privado invadindo o público, numa confusão bem afeita à corrupção de massa.
Inobstante o despreparo evidente dos tais candidatos, salta aos olhos a repentina preocupação com as coisas públicas. Até outro dia, a única importância que davam para isso residia na possibilidade de abrirem suas casas para fotos da revista Caras.
Mas, depois de verem Clodovil, Frank Aguiar e outros se elegerem, vários perceberam que a boquinha pode ser ainda maior. Creio que é papel da blogosfera denunciar esse tipo de manobra, ilusória aos corações mais simples e boicotar esses "artistas".
Se já os ignorava pela baixa qualidade musical/humorística/esportiva, agora passo a desprezá-los também pelo desdém com que exercem sua cidadania.




















domingo, 15 de agosto de 2010

REMEXENDO ESQUELETOS

Novamente as Organizações Globo, agora com a Revista Época, fustigam o passado da candidata Dilma Roussef, suposta "terrorista".
Assim como o governo dos EUA, o PIG se apropria do termo terrorista, uma espécie de condenado por existir, sem tipificação penal prevista, ou seja, sem qualquer conotação jurídica, para classificar os inimigos. Como Bush e o seu indefectível "Eixo do Mal", todo mundo que é contra o que os barões de Cosme Velho querem, pode ser taxado de "terrorista".
Não se toca no assunto, mas há vários tucanos que participaram da luta armada. Gabeira (ou o ex-Gabeira), Aloysio Nunes Ferreira e José Aníbal (que inclusive militava no mesmo grupo que a Dilma), entre outros menos proeminentes.
A questão é: esses caras já renegaram seu passado de luta contra a ditadura. Como diz o Farol de Alexandria, ou o Príncipe dos Sociólogos, esqueçam o que escrevi. São palatáveis para os interesses do capital, deglutíveis pela a classe média conservadora.
Dilma não. Ainda tem que passar a ficha do que ela pretende: romper com o passado, fazer um governo de coalizão com as forças reacionárias ou ampliar e agudizar as reformas iniciadas no Governo Lula.
O grande medo da direita, da elite abjeta, representada pelo PIG, é que o país supere os ranços do atraso do poder enclausurado nas mãos de meia-dúzia de iluminados. O Estado de São Paulo ilustra isso: apenas 3 coronéis detiveram o poder no Estado nos últimos 16 anos. Todos do mesmo partido, e um seguidor do outro.
A pauta determinada por Ali Kamel, da Globo, escancara o pavor de que tenhamos uma redução drástica das desigualdades. O discurso do candidato Serra passa pelos preconceitos mais inconfessáveis, escondidos nos recônditos de uma mentalidade que insiste em qualificar as pessoas pelo que elas têm, e não pelo que elas são. Como Lacerda e a TPF, ele continua se postando contra a "República de Sindicalistas".
Nessa campanha, diante de ataques tão pérfidos, o novo governo democrático terá a possibilidade de dar um basta, pelo menos nessa linha editorial: um canal de televisão com a mesma capilaridade da Globo, alcançando as mesmas pessoas bombardeadas por essa ideologia do atraso, 100% público, sem comerciais, capitaneado pelos jornalistas que romperam com o padrão global.
Lutar contra ditadura era o único comportamento aceitável para pessoas decentes com o mínimo de informação. A opção pelas armas estava na ordem do dia. Foi pelas armas que o golpe se realizou; nada mais jsto que considerar uma oposição do mesmo feitio. Desconsiderar isso, descontextualizar o drama do país e da época é uma canalhice. Para Dilma, resta demonstrar se ela foi domesticada pelo sistema, ou se ela apenas trocou os fuzis pela diplomacia, mantendo seus ideais.
Espero que seja a segunda opção.

http://blogdobourdoukan.blogspot.com/search?q=dilma+ditadura

E eles foram perdoados...

Peço licença aos leitores para publicar uma frase que me emociona até hoje. E serve como resposta à decisão do STF que ontem ignorou o clamor da opinião publica contrária ao perdão para os torturadores.

A frase em questão foi dita pela ex-ministra Dilma Roussef.

Foi uma resposta ao senador Agripino Maia que havia dito que Dilma mentira aos seus “interrogadores” durante a ditadura militar.

Somente quem foi preso durante a ditadura pode entender o seu significado.

"Menti sim, senhor senador. Menti, mesmo sob tortura, para salvar a vida de outras pessoas que também lutavam contra os covardes".

UMA IMPRESSÃO


Depois dessa semana, que foi protagonizada pelas entrevistas dos candidatos ao Jornal Nacional, o sumiço do Serra rumo aos EUA e a "revelação" do DataFolha, se readaptando à realidade, surgiu uma suposição: O PIG desistiu da sua candidatura.
As forças populares formam uma aliança inquebrantável com Lula e o seu modo de governar. O sentimento é que o Brasil já fez o mais difícil, que era rodar pela primeira vez o dínamo da economia; que num efeito de continuidade, agora sim as coisas acontecerão, as oportunidade surgirão, e o país prosperará.
Seria muito oneroso manter a candidatura Serra. Oneroso economicamente, haja vista a previsão de gastos. Mas fundamentalmente oneroso pelo desgaste que o PIG sofre em termos de credibilidade. O mais caro capital político, que não pode ser desperdiçado em escaramuças inúteis.
Por forças das circunstâncias, a mídia impressa vem perdendo espaço numa velocidade galopante. Os que sobrarão, na minha opinião, serão os segmentos fiéis a um determinado conteúdo. Os "generalistas" como os grandes jornais, e as revistas de variedades são têm a oferecer sua suposta isenção editorial, ou sua parcialidade honestamente assumida. Do contrário, vala comum do restolho da história.
Com a pesquisa que o Datafolha publicou, o que sobra à República de Higienópolis é manter o poder na Paulicéia Desvariada. Cada vez mais louca, após de 16 anos de jestão tucana e caminhando bovinamente para mais um mandato do picolé de chuchu, tal qual gado marchando pacificamente rumo ao abatedouro.
A destruição do Estado de São Paulo pelo PSDB foi demonstrada no blog do companheiro Douglas Yamagata.
http://douglasyamagata.blogspot.com/2010/08/sao-paulo-verdade-que-os-tucanos.html
O problema é que os paulistas elegeram como ícone da boa política o finado Mário Covas. Covas, se vivo, estaria sendo considerado um peso negativo na campanha, como é FHC. Só que a morte o beatificou. As imagens dele enfrentando professores que protestavam por um salário no mesmo patamar dos faxineiros, ficaram gravadas, graças ao PIG, como as de um mártir acossado por usurpadores. Fazem questão de esquecer, por exemplo, a carta que ele mandou aos empregados do Banespa prometendo que não iria privatizar o banco. Como já dissemos, é uma questão de método dos tucanos, e Covas foi um dos professores desse modelo perpetuado com Serra e Alckmin.
Já é hora de passar a limpo essa história.

AINDA SOBRE AS ENTREVISTAS


Apesar de seu um assunto datado, cuja colaboração da rede já foi feita, por motivos de força maior, apenas hoje eu consigo postar os meus comentários sobre o assunto. Adianto que nos rincões onde não passa outro canal que não seja a Globo, nem há banda larga, a repercussão foi considerável.

A entrevista com a Dilma foi fartamente comentada na blogosfera. Não assisti, mas li sua transcrição e fiz um exercício interessante depois. "Assisti" ao vídeo disponível no portal G1 com o áudio desligado (sugestão do blogueiro do Óleo do Diabo).
A Globo há muito tempo faz o jornalismo de caras e bocas. O representante mor desse estilo canastrão é William Waack, sempre presente, ali de maneira mais espontânea e descontraída (à vontade, diriam alguns) nas reuniões do Instituto Millenium. Mas ele tem um aprendiz à altura: a linguagem corporal do Bonner é reveladora: o tronco inclinado à frente, o dedo em riste, a exposição dos caninos, tudo isso maquiado pelo tom cordial da segunda voz da bancada, constrangida pelo ataque de fúria do marido.
Assiti ao vivo a entrevista com a Marina. A bancada do JN confunde as coisas. Eles (principalmente o Bonner) interpelam a candidata no meio da resposta. Acham que com isso estão “apertando”, mas na verdade querem direcionar as respostas. E os candidatos não são idiotas, é lógico que escapam.
Essa confusão evidencia, em minha opinião, a falta de conteúdo desses jornalistas, ao investirem em problemas supostamente espinhosos, privam o espectador das questões de fundo, reduzindo um debate que poderia ser rico à abordagem periférica, de temas polêmicos, porém inócuos. É o jornalismo das capas de revista de fofoca.
Parece que a ordem da direção era: “Não deixar o candidato fazer palanque”. Até aí, eu concordo, mas com isso eles inviabilizam o desenvolvimento das idéias, por mais simples que sejam.
A Dilma pagou caro por ser a primeira a se defrontar com esse estilo agressivo de pompom do casal JN. Foi surpreendente, mas ela criou um modelo de como lidar como essa falsa pressão que a bancada impõe. A Marina foi razoalvelmente bem, driblou os cortes que ia tomando. Mais da metade do tempo ficou amarrada nas questões da viabilidade da sua candidatura, sem poder falar de idéias e projetos. Está correta quando diz que a ecologia permeia todas as demais questões, mas mostra que o programa do seu partido não supera o entrave desenvolvimento econômico x sustentabilidade ambiental.

Quem a definiu, de maneira brilhante, foi o Plínio de Arruda Sampaio, no debate da Band: Ela é uma ecocapitalista.
Também presenciei os doze minutos de confraternização com José Serra. O mais interessante foi que ele mentiu impunemente sem os apartes e o tom de interrogatório deu lugar a uma amistosa digressão entre confrades, já que coadunam das mesmas idéias e comungam dos mesmos adversários. Ilustrações da cena: os vários pedidos de desculpa do Bonner e o comentário do candidato a uma pergunta: "Essa é uma ótima pergunta, William".
Porém, nada mais explícito que a mensagem que o Roberto Jefferson deixou no Twitter: "William Bonner e Fátima Bernardes facilitaram para o meu candidato. Foram mais amenos com ele".

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

TEORIA DA CONSPIRAÇÃO


Fui apanhado por uma grave crise de urolitíase, que para os felizardos não habituados com o termo, é o nome científico da popular pedra nos rins. Dor aguda e insuportável. É a terceira vez que passo por essa situação, meu organismo têm a maldita predisposição de produzir as tais pedras em quantidade considerável. Mas foi a primeira vez que passei por essa situação morando no interior, a 100 km de um hospital decente. É um tempo que, após a sedação, permite alguma reflexão. A absurda concentração dos serviços de saúde nos grandes centros interessa a quem? O pessoal do interior, quando vem para a capital na semana, é para vir ao médico; no final de semana, o destino é o shopping. Ironias da vida, minha dor apareceu sábado de manhã... Há alguma teoria da conspiração por trás do segmento medicinal-hospitalar? Lembro-me de um documentário do final dos anos 80 sobre o comércio do sangue e dos derivados de hemácia que rendia milhões de dólares às indústrias farmacêuticas. Precisava lembrar o nome, mas é contemporâneo do famoso "Ilha das Flores". Mas como um assunto puxa outro, segue um texto sobre as teorias da conspiração, para levantar a bola para o debate... Até a próxima, espero que sem estar sob o efeito de buscopan.

Algumas lógicas da política são realmente perversas.

O cidadão comum custa a acreditar que elas sejam reais. 'É demais", pensam alguns.
Nos anos 60 um livrinho desses da esquerda (banidos pela ditadura) dizia que quando a vacina contra a polio foi inventada (aquela que é usada atualmente), seu inventor, Albert Sabin ofereceu gratuitamente ao governo americano para que aplicasse nas pessoas. Ocorre que a vacina de Sabin não tinha efeitos colaterais, muito ao contrário da anterior, desenvolvida por Jonas Salk. Assim, seria melhor utilizar a nova invenção. Diz o livro que o governo americano rejeitou o uso da vacina de Sabin porque já havia milhões de dólares em contratos firmados com farmaceuticas, que não poderiam ser desfeitos. O cidadão ia ter que se virar com os efeitos colaterais (graves).
Então, diz a lenda que Sabin ofereceu ao então governo soviético. Dessa forma, nos conta a história que a União Soviética foi o primeiro país a utilizar em larga escala a vacina de Sabin, de forma gratuita em seus cidadãos. Uma vacina que não trazia consequência malévolas.
Eu, ordinário brasileiro vivente nos anos 2010, não tenho como saber se isso foi integralmente uma verdade. Especialmente o fato de que o governo da América recusou a invenção por causa dos contratos assinados e que não poderiam ser desperdiçados. Mas não duvido.
Em 1995, em lembrança aos 50 da jogada da bomba atômica sobre o Japão, a revista Veja (pasmen!) publicou uma bela edição sobre o assunto. Entre tantas coisas, contava que corria nos bastidores que um dos motivos que incentivou a largada dos explosivos foi o fato de que "eles já estavam prontos" e custaram milhões de dólares. Além do mais, era necessário ensinar uma lição aos japoneses. Por isso inclusive a escolha cirúrica das duas cidades, de Hiroshima e Nagasaki. Se jogassem em Tóquio, uma cidade muito grande, haveria danos à cultura japonesa e à economia (que a América pretendia anexar, posteriormente). As cidades bombardeadas eram rodeadas por montanhas, o que faria que o efeito cruel da explosão ficasse restrito aos limites do lugar. E pior, funcionaria mesmo como um fabuloso forno de microondas.
O tempo passou e a Veja escancarou para a direita. Hoje ela seguramente não publicaria nada disso e seguramente também, nega que o tenha feito. Mas eu fui testemunha ocular do fato. A Abril um dia criticou os EUA. Também testemunhei o fato de que a América anexou a economia japonesa.
Também sei de outra coisa incontestavel. Quando as bombas foram jogadas, a Segunda Guerra já havia oficialmente terminado. Então, havia motivos mesmo para lançá-las?
Há muitos exemplos que poderiam levar um dia inteiro sendo discutidos. Alguns podem ser verdadeiros, outros apenas exagerados. Temos a tendência natural em não acreditar neles porque como já tido, soa "demais" até mesmo para políticos inescrupulosos. Matar seus próprios cidadãos?
Mas quando vemos o que Hitler fez, quando vemos o que Stalin fez, quando vemos o que o Nixon fez na guerra do Vietnã (ele venceu as eleições dizendo que ia acabar com ela, mas em verdade, a financiava clandestinamente para que não terminasse, pois do contrário, sua bandeira eleitoral sumiria); começamos a achar menos absurda a maldade humana.
E o tal 11 de setembro (que entrou para a história por 2001 e não por 1973 quando a América financiou o assassinato de Allende e a instalação da ditadura no Chile)? Foi Bush ou não foi ele (e seus comparsas, claro) que orquestraram os ataques? Verdade ou mentira, todas as empresas ligadas ao fato, desde a exploração de petróleo no Iraque até a indústria de armas, tiveram lucros gigantescos. Curiosamente, só as empresas de seu grupo de relacionamento e investimento se deram bem. Outras foram à bancarrota com as consequências dos atentados. A do turismo, igualmente gigante, foi um exemplo. Os amigos e as famílias de Bush e Cheney, que ocuparam a Casa Branca, sairam 3 vezes mais trilionários do que já eram.
Esta manhã contei para um colega, que um ex-Prefeito me disse pessoalmente certa feita, que não tinha o menor interesse em consertar os buracos nas ruas da cidade, de forma que eles pudessem não aparecer mais. Um bom asfalto e uma engenharia mediana dariam conta do caso. Porém, se os buracos não aparecessem mais, haveria motivo pra ter as empreiteiras na folha de pagamento? Especialmente depois de períodos de chuva, onde se pode inclusive dispensar a licitação por causa da suposta emergência?
Esse mesmo honesto e probo administrador fez uma coisa monumental. Inventou (aqui nessas bandas) a indústria do congestionamento. Trechos vão sendo esganados para pipocarem os engarrafamentos e extinguir com a paciência do cidadão comum (e alienado). Semáforos vão sendo plantados em cada quarteirão, ruas vão sendo estreitadas e radares vão surgindo a cada quilômetro.
Congestionamentos gigantes justificam obras gigantes (para "acabar" com os congestionamentos).
Os amigos e financiadores agradecem.

Extraído dos ANAIS POLÍTICOS
http://anaispoliticos.blogspot.com/2010/08/teoria-da-conspiracao.html

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ENQUANTO O ASSUNTO MUDA

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Inverno em Alagoas. Muita chuva, Sol de vez em quando, a água dos rios baixando aos poucos, enquanto Agosto leva na correnteza os turistas. A vida segue o rumo, quase normalmente.

Dessa vez, muita alma interiorana viu a água levar mais do que lembrança e estória. Com ela rodou casa, rua, vida de gente e de bicho. A curva do rio perdeu a queda de braço, e quem ficou na frente foi junto.

Difícil acreditar, mas podia ter sido pior. A briga do Mundaú com as gentes aconteceu debaixo da luz do dia, e ele avisou do ataque. Deu tempo de correr, pelo menos pra maioria. No meio de quem ficou, o dono da mercearia, que disse "daqui não saio" e foi arrastado. Causos do fim do mundo, que esse acabou pra muitos.

A estrada de ferro, sem perna pra sair do meio, aprendeu a dançar forró, e na mexida da enxurrada ficou parecendo saia de moça, dando arranque no vento. O trem, coitado, já não toca mais a zabumba e nem apita. A barragem de Rio Largo ficou pouca e arriou, porque depois do baile a água não quis acordo, e nessa hora quem manda é ela.

Daí sujeito pergunta: "e agora?". Agora é misturar água, gente e política, pôr a massa no forno e ver se dali sai casa, mas essa receita precisa tempo pra fermentar. As cozinheiras vividas falam que em época de eleição demora mais, e o diacho do rio veio achar de fazer isso logo agora.

Na cozinha do desalento também é perigoso continuar usando a mesma fôrma, porque essa foi lavada na enchente, que não deixou bilhete dizendo que não voltava. O danado da estória é que o povo tem fome. Enquanto a receita fermenta, a barriga ronca, e no fim do dia ainda precisa de um lugar pra ir.
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domingo, 1 de agosto de 2010

QUESTÃO DE MÉTODO

Muitos criticam J. Serra por ter prometido que cumpriria, se eleito, seu mandato integralmente, na prefeitura de São Paulo. Para refrescar a memória, o vídeo da promessa:

Não, não fique chocado, leitor. Isso é uma questão de método. O método do PSDB de persuadir eleitores, nem que para isso precisem incorrer na fraude descarada.
Abaixo, documento histórico do mentor de Serra, Covas, afirmando que não privatizaria o Banespa:

É por essas e outras que o Estado de São Paulo, que já foi considerado a locomotiva que puxava o Brasil, símbolo do progresso e das oportunidades, patina a olhos nus em termos de desenvolvimento social.
O Governo Federal promove políticas de desconcentração de renda em duas frentes: uma horizontal, com a transferência direta de benefícios (as bolsas, aumento real do salário mínimo, formalização das relações de trabalho - a carteira assinada) e a outra horizontal com a descentralização dos recursos da União. Assim, enquanto estados como Pernambuco e Bahia apresentam forte tendência de crescimento e aumento da renda per capita, São Paulo continua estagnado, refém maior do PIG, sediado na capital paulista e dos governos por ele patrocinados.
Governos que a cada dia perdem legitimidade. Talvez hoje, a grande força política estadual seja o PCC. Senão vejamos:
"Não são nada boas as notícias referentes a violência e criminalidade em São Paulo, seja na capital ou interior. De triste lembrança, o episódio de ataques do ano de 2006, quando o crime organizado aterrorizou o Estado, deixando uma marca perto de 600 mortos, muitos deles, policiais e guardas, caçados e executados. Agora, além dos assaltos que a TV mostra com frequência, acontece um atentado contra o Comandante da ROTA, a "temida" tropa de elite da PM paulista, além de um ataque a sua sede (batalhão).

Ao mesmo tempo, vários automóveis foram incendiados, em ataques em que criminosos utilizaram o chamado "coquetel molotov", levando pânico ao cidadão paulista. O que se espera é uma ação firme e equilibrada das autoridades, impedindo que fatos assim tenham continuidade. Espera-se ainda que, não ocorra exploração política-eleitoral de tais fatos. A preocupação é pertinente, pois, tendo um indio desequilibrado como ocupante do cargo de vice na chapa de Serra, pode-se a qualquer momento ver postado no twitter, acusações levianas como as já feitas.

Nesse momento, onde estamos no auge do período eleitoral, de uma disputa acirrada e por vezes pouco leal e ética, convém agir com bom senso e responsabilidade."

Fonte: http://007bondeblog.blogspot.com/2010/08/sao-paulo-na-rota-do-pcc-violencia-e.html
Enquanto isso, para blindar seus candidatos, o PIG omite a informação dos cidadãos.