domingo, 30 de junho de 2013

DROPS PARA O DOMINGO

1. Essa semana participei de um curso de capacitação profissional chamado Liderança e Resultados Sustentáveis. Noves fora a baboseira das teorias de administração e a hipocrisia de se propor a solução da equação impossível de um capital "humanizado", com as preocupações empresarias divagando e perpassando as dimensões econômica, social e ambiental, determinado aspecto me permitiu um link com a realidade: num momento em que se falava da liderança através do exemplo, foi dito que quem legitima a liderança é a credibilidade do líder. Que as pessoas não aceitam uma mensagem se não confiam no mensageiro. Pois bem, vá às ruas, repartições públicas, casas, escolas, restaurantes e hospitais: todos repetem freneticamente a mensagem de uma específica "mensageira". A Globo é de fato onipresente no Brasil. As pessoas creem com devoção religiosa na Globo. Democracia do controle remoto com a hegemonia da Globo é fascismo.

2. A prudência me aconselha a não explicitar essa ideia. Estamos numa luta ideológica e é fundamental ponderar as opiniões, até para que não se traia pela própria tagarelice. Mas há outras coisas mais importantes que a prudência em jogo. Dia 19 de junho escrevi um texto aqui no Antipig, o "O Caos", e concluía que a onda de marchas acabaria em nada, ou em tudo, que no caso é a completa destituição e subversão da ordem estabelecida. Dia 27 de junho me senti o próprio personagem descrito por Paulo Henrique Amorim: "Como dizia aquele amigo, velho comunista, que não caiu na esparrela do PPS: isso aí não dá em nada, ou derruba o Governo. Acertou."
Hoje, temos os míopes que enxergam no amainar dos ímpetos aquela velha falha de caráter do brasileiro acomodado. Não é o caso. O governo Dilma, tal qual até maio de 2013 não existe mais. O poder está em disputa, pendendo acentuadamente para a direita. O governo tem sido criticado por agir e por não agir, por desonerar produtos industriais e por causa dos altos impostos, pelo consumo e pela inflação, pelo menor desemprego jamais aferido e pelo aumento real dos salários, pela subida do dólar e antes por sua baixa. E não reage, sua voz não ecoa na sociedade envolvida pela Globo. E não tem condições políticas de propor nada além dos cinco pactos, sendo que um deles já foi para saco, o da reforma política através de uma Constituinte. Está acuado. Está se aliando com governadores e prefeitos da oposição que não hesitarão uma vírgula em sabotar o êxito das iniciativas.
Não escrevo isso apenas para orgulhosamente demonstrar meu prognóstico acertado. Quero pensar e agir a partir da certeza de que a esquerda tem uma agenda para oferecer ao Brasil. Que queremos continuar políticas como a inclusão social, a manutenção das garantias trabalhistas e sua ampliação para segmentos antes excluídos, que a política externa continue sendo altaneira e que os juros fiquem em níveis civilizados. Não quero perder essas conquistas tão suadas, que podem virar pó ao ritmo da avalanche direitista que nos assolou em junho.

3. Às vezes, as percepções não conseguem ser verbalizadas, por falta de elementos que a tornem uma ideia plausível. Que os protestos e arruaça dos últimos dias foram controladas à distância, não tínhamos dúvida, devido à ignorância e desinteresse político dos participantes. Mas por quem?
Temos elementos agora para provar que não se tratava de paranoia. O professor Wanderley Guilherme dos Santos explica a receita de como as marchas eram direcionadas - fisicamente - para objetivos específicos. A direita instigou e capturou desde logo a insatisfação da classe média nas redes sociais. Grupelhos profissionais emergiram com nomes palatáveis e endereços desconhecidos, vide o Anonymous Brasil, conquistando jovens autointitulados bem intencionados, pedindo paz e não violência. Esses disciplinados militantes se ajuntavam às passeatas, protegidos na multidão acéfala. Homens formados, vestidos de executivo, incorporavam-se à marcha a distâncias regulares e ditavam a velocidade dos caminhantes, coordenando as ações, a exibição dos cartazes e os alvos, para depois, encaminharem incautos, saqueadores e sociopatas de todas as inclinações, para o conflito aberto. Nenhum foi, até agora, apanhado. Preliminares de 2014.
Eis que a linha temporal dos protestos virtuais foi dissecada aqui. Uma origem metódica, sistemática, secretamente introjetada no caos aparente. Saíram do dia 04 de junho como baderneiros estudantis para dia 22 articularem o golpe de Estado via Orlando, Flórida. Agora, Luiz Carlos Azenha publica um breve historial da cooptação de movimentos inicialmente legítimos que atuaram exatamente como os ditames de Washington. O apoio aos governos direitistas da América, o fomento das guerras nos países em desenvolvimento, as revoluções coloridas do leste europeu. Tudo isso evoluiu para uma forma mais sutil (na aparência) de dominação. Através de uma ampla rede horizontal não hierarquizada (percebem algo nessa linguagem?) de entidades que fomentam um determinado tipo de "democracia" conveniente aos interesses da Casa Branca. Dentre essas, citamos a Open Society, do escroque George Soros.
Sombrio. Percebe-se que o inimigo é muito maior que pensávamos. Como o próprio Azenha descreve: "do ponto de vista estratégico, esse conjunto de ações parece refletir a evolução da preocupação dos Estados Unidos com as mudanças inevitáveis derivadas de uma juventude cujas aspirações não podem nem vão ser atendidas pelo neoliberalismo. Uma tentativa de direcionar a energia da chamada “bomba demográfica”. De incentivar, através das redes sociais e de novas tecnologias, um movimento de jovens que se contraponha a uma saída pela esquerda: em defesa do empreendedorismo, da livre iniciativa, contra a cobrança de impostos, contra o Estado ‘inchado e perdulário’, contra a regulamentação das corporações e do sistema financeiro e assim por diante".


quinta-feira, 27 de junho de 2013

CONTRA A CORRUPÇÃO: MAIS QUE UM SLOGAN

Como é difícil um tirinha sobre corrupção que não ataque o PT
Com a aprovação pelas duas casas do Congresso, em votação simbólica e atendendo ao pedido da presidenta, transformamos em crime hediondo os tipos penais da corrupção ativa e passiva, além da concussão (obter vantagem indevida em razão da função exercida), peculato (funcionário público que se apropria de dinheiro ou bens públicos ou particulares em razão do cargo) e excesso de exação (funcionário público que cobra indevidamente impostos ou serviços oferecidos gratuitamente pelo Estado). Hediondo é um adjetivo imponente, que qualifica ato profundamente repugnante, imundo, horrendo, sórdido, indiscutivelmente nojento, segundo os padrões da moral vigente. Na prática, as consequências jurídicas de um crime se tornar "hediondo" é que fica impedida a concessão de anistia e o livramento mediante o pagamento de fiança, além do regime de pena, que deve ser cumprida inicialmente em regime fechado. A corrupção não começou com o PT, mas a tarefa histórica do partido é combatê-la. Seguimos o processo inverso, ou seja, primeiro atacamos os efeitos da corrupção.

Mas e as causas? Temos duas vertentes. A primeira, instituída em 2003 com a Controladoria Geral da União apresenta alguns resultados no que tange aos servidores públicos pegos com a mão na massa. Segundo o Motta, 4.349 servidores foram punidos com demissão, cassação de aposentadoria, destituição e perda da função pública desde o início dos trabalhos, há 10 dez anos.
A segunda passa obrigatoriamente pela reforma política. Apesar da minha empolgação quanto à proposta de Constituinte setorial para esse fim (para se mensurar minha paixão pelo tema, o artigo científico resultante da minha especialização tinha o título: "Instrumentos da Democracia Direta recepcionados pela CF/88"). Contudo, o projeto refugou, ou como disse Ricardo Kotscho, tiraram o bode da sala. A tal da vontade política, expressão sempre ouvida em tom de lamúria, por sua ausência, e de há muito adormecida foi recentemente espetada pelas adesões genuínas que os protestos receberam, mas parece não ser tão voluntariosa. Ainda assim, aguardemos pela participação substancial do povo, de onde emana o poder.

Doravante não existe corrupção sem corruptor. E nesse debate falta um elemento crucial, qual seja, não se menciona o mal da corrupção que grassa nas empresas e instituições privadas, com efeitos tão deletérios quanto no âmbito público, ou até mais, no sentido de disseminar a cultura da iniquidade. Há várias trilhas a percorrer, mas todas elas passam pelo questionamento do absurdo acúmulo de capital e concentração de renda propiciados pelas estruturas viciadas do país. É imperioso coibir a pornográfica desigualdade econômica e social. De um lado, criando oportunidades para que a miséria seja erradicada, inclusive com a transferência direta de renda, como o bolsa-família e os outros programas federais de inclusão social, para desespero de certa burguesia. De outro, taxando as grandes fortunasEste imposto está previsto na CF/88 - Art. 153, inciso VII, “compete à União instituir impostos sobre: (...) grandes fortunas, nos termos de lei complementar”. O poder financeiro já expõe suas garras e presas. O advogado Rodrigo Chinini Mojica disse: "entendemos que a eventual criação formal do IGF não se adequa ao molde rígido e exaustivo do sistema constitucional-tributário pátrio, sendo de constitucionalidade duvidosa e, por isso, plenamente questionável." em entrevista na Globo News. A única inconstitucionalidade  visível é a não criação da lei complementar - o que faria com que pudéssemos entrar com uma Ação Direita de Inconstitucionalidade por omissão. Como escreveu Rousseau lá no longínquo 1754, "É manifestamente contra a lei da natureza, seja qual for a maneira por qual a definamos, uma criança mandar num velho, um imbecil conduzir um sábio, ou um punhado de pessoas regurgitar superfluidades enquanto à multidão faminta falta o necessário".

É hora de apaziguar. Mas ainda quero ver como os Mauricinhos que protestam com faixas em inglês e alemão (pânico!) na orla do Leblon irão reagir à justíssima proposta de trazer um cisco de equidade e isonomia às relações sociais brasileiras. Depois da vexatória grita contra os direitos trabalhistas extensivos às empregadas domésticas, pouco restará a esse contigente "cheiroso", que se dependura no topo na nossa pirâmide econômica, além de fazer as malas e pedir asilo em Miami. Aos menos, para aprender a conspirar com os anti-cubanos de lá.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

PEC 37 JÁ ERA

O império mafioso que controla a mídia vai ter que arranjar outra bandeira e, quiçá, novos fantoches. Pelo que sairão às ruas agora os teleguiados manifestantes? O Congresso derrubou ontem de forma quase unânime a PEC 37, de autoria do deputado federal e delegado Lourival Mendes (PT do B-MA). A matéria era uma das propostas polêmicas em tramitação no Congresso Nacional que estavam na mira de protestos na vaga de manifestações pelo Brasil. Não só dos protestos, mas da Globo, do Jabor, do Roberto Gurgel, do Demóstenes e, por tabela infalível, do Carlinhos Cachoeira.
No total, foram 430 votos pela contra a PEC, nove favoráveis à proposta e duas abstenções. Com a derrubada, o texto da proposta foi arquivado.
Noutro momento, essa votação passaria despercebida, exceto pelos anseios corporativos que enseja. Assunto de importância secundária ao povo brasileiro, foi elevado à falsa condição de clamor social por aquela direita que manobrou os alienados nas últimas manifestações. Aqui em Goiânia, o nível de despolitização chegou ao cúmulo dos marcheteiros irem até o Paço Municipal, sede da prefeitura, protestar contra os gastos faraônicos do governador Marconi Perillo, do PSDB, na recepção dos treinos da seleção. Ou seja, independente saberem do que reclamam, da justeza da pauta, caminharam 7 km à toa, estorvando as pessoas que saiam do trabalho, bem no horário do rush. Mas deram às caras a "nova bandeira", ou melhor, guarda-chuva que acobertará a inconfessável ideologia dos poderosos que manipulará as marionetes: é o genérico e dispersivo "combate à corrupção".
Faço minhas as palavras do jornalista Carlos Motta, que mostrou rara lucidez nos momentos cruciais do levante golpista:

"Gritar nas ruas 'abaixo a corrupção' não é algo difícil de ser feito. Também não exige muita prática ou conhecimento dar declarações demagógicas sobre o assunto, como costumam fazer os parlamentares que integram a turma do contra. Tudo isso faz parte do que se costuma definir como 'jogar para a plateia'.  Não traz nenhum resultado prático em favor da luta contra esse câncer que corrói o organismo social, a não ser a promoção pessoal do 'indignado'. O combate à corrupção é algo muito mais sério do que esgoelar refrões e slogans batidos, muito mais profundo do que caprichar nas caras e bocas em frente às câmeras de TV.
Exige, quando se pretende realizar um trabalho sério, profundo, que dê resultados, muito dinheiro, investimentos pesados em pessoal e estrutura. A turma que leva esses cartazes anticorrupção de português trôpego aos 'protestos' de rua, tenho certeza, nem sabe ao certo o que é corrupção, nem sabe que muitos de seus integrantes a praticam e a veneram como uma das grandes virtudes do ser humano."

Quando derrubaram Getúlio, e depois Jango, o mote levantado pelos jornais (é bom lembrar que Carlos Lacerda, o corvo, era dono de jornal) foi o malfadado combate à corrupção. É uma estratégia moral que escolhe os adversários: somente a corrupção alheia é motivo de repulsa. Ninguém mais lê jornais, mas a grande desgraça da modernidade é a tal democracia do controle remoto. Não votamos nas empresas e o poder de pressão da audiência em relação à programação é tênue, quase nulo. São dois valores inconciliáveis. Ou se exerce a cidadania, interagindo e decidindo os destinos da coletividade, com o povo sendo a razão e o fim da política, ou se prostra, qual ser vegetativo, à frente do que Stanislaw Ponte Preta chamava de máquina de fazer doido, e de espasmos em espasmos se "indigna contra tudo que está aí", desde que a próxima atração não seja assim tão imperdível. Não é garantido ao homem comum o direito de se abster desse melancólico circo de horrores que invade os lares brasileiros sem qualquer cerimônia, patrocinado pelos mais "filantrópicos" anunciantes.
Apesar do golpe não haver se concretizado na íntegra, os partidos de esquerda saíram chamuscados. O "sem-partido" era claramente direcionado às bandeiras vermelhas. E de pensar que o PT foi conivente com a abjeta democracia do controle remoto, não incentivando sequer alternativas culturais à televisão. A Globo, pelo contrário, embolsou o movimento do passe livre e escondeu bem as ocasionais faixas criticando-a.
Quem agora tem condição política de ir às ruas incluir na pauta de avanços sociais, ao lado da reforma política, do 100% dos royalties do petróleo da educação, da importação de médicos para os grotões mais recônditos do país, desprezados pelos profissionais da medicina brasileira oriundos de famílias abastadas dos grandes centros, a aprovação do marco regulatório das comunicações? Vamos ter que aguardar outro momento, com condições mais favoráveis, e assistir a outro ciclo golpista como esse?

Odeio isso, mas finalizo com mais perguntas que respostas.

segunda-feira, 24 de junho de 2013

RESISTÊNCIA AO GOLPE

Hoje participei de um debate com professores secundaristas, em uma escola estadual exclusivamente destinada ao ensino médio e em período integral, cuja audiência foi formada pelos estudantes de 16/17 anos, dos 2.° e 3° anos. Reforcei minhas convicções acerca de quem compõem o grosso dos protestos: os alunos que se identificaram como partícipes das marchas são providos das famigeradas boas intenções, daquelas das quais o inferno está cheio, são motivados pelo senso de manada e por uma espantosa ignorância política. Passei o vídeo do PC Siqueira diferenciando em termos elementares direita e esquerda, e depois ainda tive que esclarecer que a Globo é de direita! Ninguém realmente sabe o que é a PEC 37, e quando o debate direcionou-se para esse assunto virou uma espécie de aula ampla: disse que se eu fosse a contra a PEC 37 não sairia às ruas para defender esse ponto de vista, pois esse é o ponto de vista da Globo, e agindo assim eu estaria sendo feito de boneco de marionete, igualzinho a Globo pretendia. Na falta de profundidade ideológica, a aversão à Globo serviu-me como tábua de salvação.
Eu não passo um segundo sem me culpar por essa falta de cultura política que assola o país. Não que me sinta o portador de uma mensagem superior, mas tenho a consciência de fazer parte de uma geração que vestiu a carapuça capitalista com ardor e assumiu o cinismo de ignorar/odiar a política como atitude louvável.
Os militantes do facebook, entre outras vicissitudes, são a-históricos. O mundinho deles começou mês passado, e todas as mazelas do Brasil são culpa do atual governo, e no fim das contas, do PT. No vácuo cerebral, os movimentos sociais dos trabalhadores e setores oprimidos são apenas os legitimadores do governo petista. Dá engulhos ver como são suscetíveis às mentiras e hoaxes propalados na internet. Não tem um imbecil que cheque a veracidade dos fatos! São piores que os amentais que formam seus juízos via grande mídia, porque além de não compreenderem lhufas do contexto em que vivem são a versão acabada da maria-vai-com-as outras. Orgulhosos, se julgam os donos de uma nova realidade, que suplanta tudo que foi feito até então, e cria o novo por geração espontânea.
E o mais grave é a falta de discernimento da maioria dos professores. Um professor de história se disse "confuso" e nada mais acrescentou ao debate. Outros criticam a falta de rumo dos protestos mas não esclarecem nenhuma vírgula ao pobres estudantes. Lembrei-me da etimologia de aluno ( do latim a-lumni, o sem luz). Há ainda os que incitam os discentes a irem para os protestos, desde que bem fundamentados. Raros são os pontos fora da curva, que têm acúmulo teórico para orientar com bom senso pessoas em formação sob sua responsabilidade.





À tarde, a presidente falou novamente à nação.





O roteiro do golpe continua escancarado: tumultos, turbulência, clima de insegurança entre as pessoas. É óbvio que haverá reflexos econômicos. Pululam denúncia de abuso das forças policiais. Nesse cenário de instabilidade, as brechas jurídicas surgirão. Em condições normais, aplicaria-se o princípio da insignificância jurídica, mas no caos, o procurador-geral oferecerá denúncia e o Supremo votará o impeachment da presidenta. Filme repetido, segue os mesmo passos que vimos em Honduras e no Paraguai.
Para evitar esse desfecho já programado,  a saída republicana foi oferecida hoje: primeiro, um plebiscito autorizativo para convocar uma Constituinte com a finalidade de fazer a reforma política e eleitoral.
Os novos constituintes terão que ser eleitos, por exemplo, segundos as regras da OAB: empresas não poderão financiar políticos e pessoas físicas só poderão contribuir para um candidato até um salário mínimo. Se os constituintes forem eleitos pelas regras atuais, farão uma Constituição como se fossem pilotos de Fórmula 1: chegarão no Congresso cobertos de adesivos de seus patrocinadores. Caso contrário, a maior bancada será a da Globo (de novo). O poder emana do povo e é exercido diretamente por ele, que convoca a Constituinte. Pela fala de hoje, percebemos que é uma Constituinte unicameral: não tem distinção entre Senado e Câmara. A decisão é por maioria absoluta, simplificando o rito, e concluindo seus trabalhos no prazo de um ano, com promulgação legimitada em referendo popular.

domingo, 23 de junho de 2013

DEIXA A POEIRA BAIXAR

Não sou a pitonisa destes dias conturbados, e não tenho essa pretensão. Me interesso - e faço - política muito antes de existir facebook, e mesmo antes da internet ocupar o espaço atual. Mas aprendi intuitivamente logo de início que lutamos por causas. Por ter essa visão de mundo, minha leitura dos tumultos recentes é bastante crítica. Estivemos na iminência de um golpe coxinha, apoiado numa massa de celerados e ensandecidos que queriam (e querem) reclamar, mas não sabem do quê. Reflexo dos tempos atuais, da mentalidade egocêntrica e individualista, cada um achou que passando na Globo suas faixas, iria transformar a realidade que o cerca, mas que não compreende.

É inegável que essa coisa disforme perdeu força. Minha apreensão diminuiu na exata proporção da ausência do televisão nos últimos dois dias. E vejo à distância ao menos quatro fases diferentes  de protestos à medida em que as passeatas iam acontecendo: nas primeiras, contra o aumento das passagens, o foco principal foi São Paulo e a cobertura midiática extremamente adversa. O aparato policial do Estado reagiu com brutalidade e truculência (como sempre), e isso acendeu a fagulha de simpatia das mais distintas pessoas (pensei em escrever setores, mas não foram segmentos organizados da sociedade que reagiram à violência policial e sim indivíduos atomizados típicos de uma sociedade capitalista, do cada um por si). 

O segundo momento, que é o mais difícil de entender foi quando as pessoas saíram às ruas em solidariedade ao MPL, mas cada qual puxando a sardinha para sua brasa e também marcou o ponto de inflexão da imprensa: antes contra, passou a endossar todas as bandeiras que viam (exceto as contra a Globo). Esse momento foi o do Cansei!, versão 2013, e teria morrido por aí se não fosse turbinado pela mídia, que de helicóptero instaurou um clima pré revolucionário no país, apavorando o cidadão médio, que se informa através dos canais de comunicação disponíveis e tradicionais.

O terceiro ato é quando fica claro o viés direitista encampado pelas ruas. De uma micareta patrocinada pela Rede Globo, involuímos a um louvorzão fascista. Tivemos claro que a demência coletiva, se não controlada, terminaria em golpe de Estado. Mas não nos modelos conhecidos, até porque o "movimento" não era do tipo conhecido. Não eram os militares tirando seus pijamas e calçando novamente os coturnos. Até então a direita que faz oposição institucional ao governo federal tinha espasmos orgásticos de prazer. As falhas e o desgaste da administração petista eram explorados até a medula. Porém, quando eles viram os militantes partidários sendo espancados na rua, e queima das bandeiras a la Alemanha hitleriana, a luz de alerta acendeu: eles também tinham perdido o trem da história e seriam esmagados por uma torrente sem direção. Pipocaram na imprensa colunistas e editoriais lembrando a uns, e ensinando a maioria, que quem suprime a possibilidade de um partido se manifestar, de qualquer espectro ideológico, caminha a passos largos para uma ditadura.

Para mim, o que doeu foi ver as flâmulas do MST ardendo em chamas. Um movimento de trabalhadores de verdade, que sempre esteve às margens de qualquer poder constituído, que reúne a escória que o poder econômico despreza, que conta única e exclusivamente com a abnegação dos mais simples e genuínos cidadãos brasileiros, foi colocado no mesmo balaio dos traidores e corruptos da pátria. A ignorância política mostrou que não tem limites. É como disse o socialista Einstein: "duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana". Não adianta nem os chamar de quinta-coluna, que eles não entenderão. Também ironizou outro socialista, Geroge Bernard Shaw: "A única coisa bem distribuída no mundo é a burrice".

Hoje, quarta fase, falamos após uma intervenção pública da presidenta da República. A imprensa, que errou na dose de sensacionalismo, vem dizer que isso foi longe demais. Foi longe porque ficaram com medo de respingar neles também. Mas como a maioria que aderiu foi influenciada pela mídia, a tendência é o refluxo, ânimos amainados e, pela total falta de politização, a volta completa da normalidade com mínimas"mudanças".

E agora? As respostas estão sendo buscadas desesperadamente. Quem estava na rua? O Fantástico já prometeu responder isso à noite, logo após o Faustão. Mas me adianto: a princípio, os jovens do MPL. Depois percebi que o povão mesmo, os esquecidos durante 502 anos e que finalmente no governo Lula tiveram acesso ao mínimo necessário não estavam de reboque. Muitos mauricinhos, bombadões e ratos de acadêmia com cérebro equivalente ao do roedor, mas nada dos maltrapinhos, as classes infames a que Decio Freitas se refere. Acredito que o caminho é a esquerda buscar nas periferias a legimitação de um governo voltado para a inclusão social.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

VOCÊ SABE O QUE SIGNIFICA "SEM PARTIDO"?



 Da Primavera Árabe ao Inverno Brasileiro

Espero que as linhas abaixo inspirem um pouco de sabedoria.


A virada da opinião pública se deu no momento em que a mídia convencional percebeu anteontem que podia faturar em cima do Movimento Passe Livre. Com palavras de ordem de apresentadores de programas populares à tarde e uma extensa cobertura telejornalística à noite, o telespectador perplexo começou a achar que o mundo estava acabando.

Fatos isolados tornaram-se "emblemáticos" e teses fascistas ganharam corações e mentes. Neste novo caldo de cultura, as reivindicações iniciais foram dissolvidas. A questão do transporte, a concentração hegemônica e perigosa da mídia nas mãos de poucos grupos, a falência do modelo político atual como agente intermediador das demandas públicas, tudo foi esquecido.

Em 24h o discurso passou a ser contra a corrupção, contra o Executivo e o Legislativo, poupando-se apenas - e por enquanto - o Judiciário, o mais fechado de todos os poderes e não menos corrupto, porque todos são o espelho da nossa sociedade, em que a exploração e o lucro são considerados valores meritórios e de status social. Vale mais quem, na prática, não vale nada.

Mas finalmente vozes de bom senso começam a se levantar e apontar para os riscos da dissolução do sistema, o que seria péssimo. Onde impera a barbárie, reina o vale tudo. Perde-se o juízo. Todos ficam cegos. Relembremos as cenas finais do filme Ensaio sobre a Cegueira (Blind), de Fernando Meirelles, quando todos saqueiam e disputam a tapas e pontapés o pouco do que resta.

Uma metáfora semelhante aO Alienista, de Machado de Assis, quando a "loucura" passa a ser a "razão" e a "razão", ora, foda-se a razão! A cegueira coletiva, alimentada pela elite - que em última instância é quem se beneficia do caos ao impor seu modelo à força - é a pior das armas de protesto coletivo.

Somos um país socialmente desorganizado e profundamente desigual. Portanto, nós do povo, da periferia, dos que lutam honestamente pela ascensão, sem nunca nos esquecermos de onde viemos, não podemos permitir que sejamos transformados em massa de manobra. E é exatamente isso o que está acontecendo.

Vamos dar lugar aos radicais. Deixemos as ruas para eles por enquanto. Desliguemos a TV e façamos um silêncio pacífico e misericordioso. "Eles passarão, nós passarinho."

"Um viva a você que acordou, mas por favor, respeite a quem nunca dormiu! " Adilson Filho

quinta-feira, 20 de junho de 2013

É URGENTE DEFENDER O PAÍS DO GOLPE!

O GOLPE está em marcha.
Qual é a pauta que está na rua?
Pelo que estão invadindo o Itamaraty? A prefeitura de Belém?

É o GOLPE!

Vamos para ruas defender o Brasil!

Ontem eu disse que a discussão sobre a destituição era assunto para outra postagem. Aqui vai: O GOLPE É UMA DESGRAÇA! O golpe é a vitória de um inimigo que sugou nosso sangue por 500 anos! É o fim dos sonhos, das esperanças, da liberdade, de um país que poderia ser mais feliz. E vai se enterrar sob o manto das ideias mais retrógradas e fascistas que permeiam nossa sociedade.

O companheiro Swamy, de Vitória-ES, sintetizou o que se passa: "O que está acontecendo é também uma arregimentação psicológica dos "neoclassemédia", por parte da mídia golpista que sempre quis o atraso e a ignorância política.

Essa exposição demasiada das notícias sobre os protestos, faz com que o "povão", que não tira os olhos da tv Globo, sinta-se inseguro com a situação e acredite que estamos vivendo um pré-caos, graças ao governo do PT.

Essa massa despolitizada é facilmente manobrada pala ultradireita reacionária, porque passou a se sentir confortável com os ganhos obtidos desde que Lula foi levado ao poder. Esse mar de tranquilidade deixou letárgicos muitos daqueles que nos ajudaram nessa vitória contra essas velhas oligarquias. (...)

Agora, pelo que tenho visto, a horda de mauricinhos, patricinhas, dondocas e burguesinhos de todas as ordens, anda assanhada e já falando em "Fora Dilma, fora PT". E o pior, com a simpatia de alguns que passavam fome até 2002. (...)"

O Conversa Afiada nos dá a notícia que a CUT tentou colocar pautas na manifestação como:
Reforma Política
Fim do monopólio da Globo
Contra a terceirização
Pela Reforma Agrária

Foram enxotados como caẽs sarnentos, aos gritos: Ditadura Já! Trabalhadores espancados por Mauricinhos.

É o GOLPE!

Conclamo aos cidadãos de bem que saiamos em defesa da pátria!

quarta-feira, 19 de junho de 2013

ENTENDENDO

O português é uma língua fascinante. Esse tempo verbal, no qual as coisas estão em processo de acontecimento, o que é diferente do ato instantâneo do presente, é uma preciosidade. Tão massacrado pelo mal uso, o gerúndio merecia um destino mais glorioso que os scripts dos call centers.

Ontem à noite estava tateando sobre quais seriam as consequências dos protestos. Rascunhei uma série de paragráfos sem conexão necessária entre si e garimpei algumas fotos por aí. Sem usar o termo, é óbvio que os ânimos exaltados deixavam poucas opções para o desfecho das mobilizações: ou o nada, tragado pelo dispersão atávica que os tumultos demonstravam, ou o tudo, que nesse caso era uma sublevação completa da ordem. Apesar das contradições, é o PT quem capitanea o status quo vigente. A insurreição é para derrubar o governo do PT. Se isso é bom ou ruim, é matéria para outras reflexões. Por fim, com qualquer resultado, essa centelha de cidadania se apaga e reflui o anseio por debater os problemas políticos urgentes.

Porém, já questionava o caráter ideológico do "movimento" (entre aspas, por que de movimento em sentido tradicional pouco há). Há várias nuances esquerdistas, como a crítica dos gastos públicos com a realização da Copa do Mundo (aí vem o Haddad falar que se congelar a tarifa, o subsídio da prefeitura sobre de R$ 1,2 bi para R$ 2,7 bi, por ano. O estádio em Brasília custou R$ 1,4 bi) mas no geral não enxergava um rumo de esquerda, como a Cynara Menezes, o Leonardo Sakamoto, o Menon e outros que saudavam o povo na rua, o país que acordava de uma suposta letargia (que asneira: nunca se trabalhou tanto!), os filhos deste solo que não fogem à luta. Hoje, resta evidente: é de direita.

Os exemplos pipocam, amiúde. Desde a catequese do Rodrigo Vianna e o do Sakamoto (de novo), diretamente aos manifestantes, até ao já alertado desfile de beldades globais, tanto com a cara pintada no ensaio fotográfico em homenagem à mártir das passeatas, a repórter da folha, jornal que exultou a violência policial, quanto com os cartazes artesanais: "Ou para a roubalheira ou paramos o Brasil".

Desde que foi cooptado pelo maior partido de direita do Brasil, o PIG, cuja derrota é o objetivo precípuo e final deste blog, os protestos se voltaram para o golpismo puro e simples. É o grande risco da organização social dita horizontal: manter o norte quando há tantos tubarões nadando nos mares da hipocrisia chamada neutralidade. E também era a bomba relógio do lulismo: inclusão social sem a contrapartida em politização das agendas públicas. Ou, na linguagem dos manifestantes, falta de instrumentos da democracia direta.

Vários blogueiros, companheiros de viagem perceberam isso, alguns mais rápido que outros. Carlos Motta, Paulo Henrique Amorim, Secco e David (que escrevem no blog do Azenha) e os que comentam as notícias se deram conta que é irreversível o processo de abdução da pauta de redução dos R$ 0,20 da passagem de ônibus para o golpe antipetista, reacionário, burgês, recheado de todos os recalques e sentimentos mesquinhos que movem a patota que não se conforma em ter que largar o osso e não admitem um governo de caráter trabalhista, apesar dos defeitos.


Lula e o PT sacaram que o subproletariado quer o Estado protetor, mas sem ruptura, instabilidade política ou greves, pois é a classe mais desprotegida politicamente. Eles não têm sindicato, não tem em que se apoiar diante de uma instabilidade política aguda.

Desde então, se adota uma política de "reformismo fraco" e "desmobilizador". Isso explica por que se andou mais rápido no aumento da renda dos pobres e mais devagar na redução da desigualdade de renda entre os ricos e os pobres. Lula polarizou o embate político entre "ricos" e "pobres", o que não se prende às categorias clássicas de "direita" e "esquerda".



No meio da multidão não se viam "pobres", muito pelo contrário.


O CAOS


* O Movimento do Passe Livre (MPL) surgiu em 2004, no rescaldo da “revolta da catraca”. As cidades de Salvador e Florianópolis (principalmente) foram os focos de onde emergiu a demanda pelo transporte público gratuito, que honestamente não fazia parte da agenda política nacional, e viram a reversão de um aumento nas passagens de ônibus após violentos confrontos dos estudantes com a polícia.






* Até uns 15 dias atrás, o MPL era um asterisco na dinâmica social brasileira. Ignorado pela esquerda (vá lá, a esquerda institucionalizada, aquela que disputa eleições. Mas, mesmo assim, eles sempre rejeitaram a aproximação - entrismo - do PSOL, PSTU, PCO) e hostilizado pela direita (que sempre os rotulou como baderneiros, bandidos, arruaceiros), jamais teve acesso a mais que alguns segundos na grande mídia. Mesmo na imprensa alternativa, eram pra lá de coadjuvantes.




* É lógico que o que está à baila é muito mais do que os R$ 0,20. A rejeição ao aumento das passagens foi um estopim. Porém, no início, a mídia, falando em nome da classe que representa, tratou de tachar todos de punks, anarquistas e/ou rebeldes sem causa e a PM desceu o cassetete (e balas de borracha também). Não só a mídia, mas, em uníssono, os poderes constituídos. Até o desprezível ministro da justiça endossou a tática de baixar o cacete nos manifestantes.
 



* Num segundo momento, alguns setores (não necessariamente os entristas do PSOL, PSTU e PCO) expuseram cartazes com outras pautas, uma completa geleia geral, mas, entre elas, questionamentos sobre a realização da copa e cobranças ou ataques ao governo federal. A mídia percebeu que se desse uma “empurrãozinho” nesse samba do criolo doido a coisa poderia gerar boas manchetes de acordo com seus interesses. No Rio, artistas globais foram convocados para engrossar fileiras e empunhar cartazes contra a “corrupção e a roubalheira”.


* Houve refração à cobertura da globo, com o manjado slogan do povo, que não é bobo. Será que não? Será que não houve pautas mais relevantes para que saíssem às ruas os inconformados de hoje? Ou é inconciliável exercer a cidadania durante a temporada do Big Brother? Será que a galera que se informa através dos memes do facebook é realmente mais consciente do que os perpétuos alienados pelo padrão global? Queimaram o carro da record, mas tiram fotos com os astros de novela da Vênus platinada.





 * Superando meu comentário, o fato é que a globo foi expulsa do evento. Adotou algumas estratégias, como a cobertura dos acontecimentos à distância, por helicópteros, microfones sem o cubo identificador da emissora, escalação de repórteres desconhecidos em São Paulo, leitura de editoriais em nome do compromisso com a informação, apesar da parcialidade costumeira, e até um suspeitíssimo pedido de desculpas do Arnaldo Jabor.





 * Como já se disse, se o Jabor está posando de revolucionário, temos que ficar de olho. Começou dizendoque os manifestantes não valiam nem os 20 centavos, mas mudou o tom. Hoje ele é a personificação da cúpula global, e sempre tenta desqualificar os movimentos sociais - ataques rasteiros e rancorosos ao MST, ao sindicalismo, à esquerda. Ademais, é assíduo frequentador do Instituto Milleniun, o antro dos barões da mídia e dos ricaços, onde se porta como cabo eleitoral da oposição demotucana.



* Ele até tentou “politizar” a baderna, dizendo ser mais digno lutar contra a PEC 37. Mas depois do que o promotor Zagallo falou, acho pouco provável que angarie qualquer simpatia. Isso dá um indício de como o custus legis está distante dos supostamente defendidos direitos difusos e coletivos, e, indo além, como os órgãos do Estado são alheios à sociedade a qual prestam serviços.


* Impossível dissociar os fatos da cobertura midiática. Para quem não está pulsando ao calor dos fatos, é a versão (única) disponível. E a dicotomia que eles propõem é a seguinte: se a manifestação é pacífica, então é legítima; se há confrontos e violência, perde a razão, vira coisa de desocupados. Literalmente, foda-se o conteúdo dos protestos, desde que a forma dele seja aquela prevista e disponível dentro dos estreitos limites do ordenamento jurídico.




* Imagina na Copa? Uma demanda que estava reprimida (aliás, em Brasília e Belo Horizonte este é o principal mote dos protestos), desde que a FIFA surrupiou a nossa soberania, diante da covarde subserviência do governo federal. O raciocínio é do o embaixador da copa, empresáriode jogadores da seleção e comentarista da globo, Ronaldo: “Está se gastando dinheiro com segurança, saúde, mas sem estádio não se faz Copa. Não se faz Copa com hospital. Tenho certeza que o governo está dividindo os investimentos”.


* O problema é que prometeram uma festa para o povo, mas é mentira. O povo não vai chegar perto dos estádios nem para vender churrasquinho e camisas de time. É um evento ultra elitizado, uma farra que consumiu 30 bilhões de reais para o convescote dos turistas e de uma elite absolutamente insensível ao contexto em que falta o essencial. Acho brilhante a sacada das escolas e hospitais com “padrão FIFA”.





* Outra lenda que cai por terra, na opinião deste escriba, é o dos movimentos “apartidários”. Quando a “minoria radical” promove quebra-quebra, saques e depredações, ninguém assume a paternidade do movimento. Quando é para aparecer na TV, velhas raposas oportunistas da oposição se arvoram a capacidade de “entender a linguagem das ruas”. Isso é balela. Ou você toma partido, e explica o que quer (é só os R$ 0,20 mesmo?) ou a diarreia mental provoca a confusão que certamente agrada determinados partidos. Para vários interesses escusos, quanto pior, melhor.
Mais imbecil ainda é a ideia do apolítico. O que eles fazem? Esporte? Terapia?



* Por fim, eu gostaria de enxergar a pauta esquerdista que viu a Cynara Menezes, diferenciando estes atos do Cansei! e semelhantes. Quando o Haddad assume que é possível rever o reajuste, fica claro que o aumento foi enfiado goela abaixo, em clara defesa do lucro dos empresários do ramo. O PT perdeu contato com a realidade, com a sua própria realidade de partido que representa (ou deveria) os trabalhadores. O projeto da tarifa zero, diga-se de passagem, era da gestão petista de Erundina.
Essa indistinção, bem ao estilo dos porcos com os homens do epílogo da Revolução dos Bichos, de George Orwell, é a causa de uma parte do amorfismo dos protestos, mas que pode conduzir a desfechos completamente díspares: tudo ou nada. Ao fim e ao cabo, nos dois extremos, jazem a cidadania e a política.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

DEPORTAÇÃO

Nesse dias de protestos, há que se separar o joio do trigo. Apesar de não compreender os meandros do "movimento", me alegro em perceber que saímos do maniqueísmo na questão do transporte público. Pauta do governo petista quando da gestão Erundina, com o avanço do poder econômico, a gratuidade da locomoção foi relegada à utopia pelo próprio Fernando Haddad. Tristes tempos, mas ainda tempo de luta.
Não misturando alhos com bugalhos, não poderia deixar de homenagear o estúpido abaixo. E sugerir a imediata deportação do boçal.



Por Davis Sena Filho
13/06/2013, às 08:22

Depois de ler a revista Veja, a Folha de S. Paulo e O Globo no decorrer de toda sua vida e ter assistido ao Jornal Nacional, a partir da hora que nasceu, o imbecil completo, alvo constante de lavagem cerebral da mídia entreguista e colonizada, resolveu sair de casa para fazer o seu "protesto" durante as manifestações estudantis em São Paulo, sem qualquer noção de ridículo e um pouco de sabedoria.
O recente movimento de estudantes acontecido em São Paulo, como todo mundo sabe, foi infiltrado por grupos oportunistas e fascistas, que efetivam suas atividades historicamente em terras bandeirantes e paulistanas, o que acarretou em mais violência da polícia tucana e oportunismo da imprensa conservadora para criticar eloquentemente os protestos dos estudantes contra o aumento no preço das passagens dos ônibus.
O idiota da foto é mais do que um completo beócio, neófito ou um bestalhão colonizado e despido de quaisquer noção da realidade e sentimento de brasilidade. Ele não passa de um pulha, o exemplo fidedigno da classe média lacerdista, egoísta, individualista, violenta e racista, que, para a desgraça dela, nunca vai ser rica e sempre vai ser barrada na porta do baile dos ricos, apesar de imitá-los, ridiculamente, em seus valores e princípios.
Verme asqueroso
Esse paspalho é tão panaca e mentalmente obtuso que ele mesmo não sabe que tem uma visão colonizada do mundo, que para o "protestante" deve se resumir a Miami e Orlando. Culturalmente servil e portador de um incomensurável e inenarrável complexo de vira-lata, o mentecapto representa, exemplarmente, o reacionário moderno e "mauricinho", que odeia e despreza o Brasil e o grande povo brasileiro — o maior responsável por este poderoso País ter abraçado o seu destino e futuro, bem como luta, incessantemente, por sua autonomia e independência.
Tal troglodita de direita entregaria, se necessário, a sua própria mãe e os seus amigos em prol de causas alienígenas ou externas. Bobalhão e ignaro por essência, além de ser imbecil por opção, o energúmeno demonstra a sua "revolta" de butique da forma mais alienada e mequetrefe possível, mas, porém, contudo, todavia, e, entretanto, tal persona não passa de um ser desprezível, ignorante e babaca, que, por via das dúvidas, preferiu esconder o rosto, pois direitista covarde enfiou a cara em um capuz. É isso aí.

domingo, 16 de junho de 2013

DUAS MANEIRAS

Há infinitos modos de apresentar um argumento. Sempre quis escrever algo sobre este assunto, mas me faltava inspiração. Agora, de uma tacada, duas visões privilegiadas sobre o tema que envolve hipocrisia, teleologia estatal (para que o Estado serve), ideologia, luta de classes, retórica... enfim, é um prato cheio para discussão.

Comecemos, pois, com o Tijolaço, agora capitaneado pelo jornalista Fernando Brito, cuja epígrafe é sensacional: "A política, sem polêmicas, é a arma das elites"
Duas maneiras de poluir a atmosfera




A RICO, INCENTIVO; A POBRE, POPULISMO


Quando o caro amigo ou a cara amiga ler ou ouvir a palavra populismo, cuidado.
Em geral, é um adjetivo usado para desqualificar o que é bom para o povo.
Hoje, em editorial, o Estadão diz que o crédito facilitado para que os beneficiários do programa “Minha Casa, Minha Vida” comprem móveis e eletrodomésticos é “um ato populista”.
Porque “o Tesouro terá de subsidiar o novo programa de estímulo ao consumo”.
Curioso é que esse argumento não vale quando quem é estimulado é o capital, não o consumo.
Não há preocupação com quanto sai do Tesouro para bancar a elevação da taxa de juros. Nem com quanto deixa de entrar com o fim do IOF sobre investimentos estrangeiros.
Exigem superávits cada vez maiores, a qualquer preço, no Brasil. Mas os europeus, os EUA, o Japão, todos eles têm déficits astronômicos e ninguém os chama de populistas.
Quando Lula, em 2009, tirou o IPI de uma série de produtos para enfrentar a crise européia também não faltaram críticas deste tipo: populista, irresponsável, eleitoreiro.
E, se não fosse isso, a marolinha teria sido mesmo um tsunami.
O financiamento oferecido ao público do Minha Casa, Minha Vida, além do benefício imensurável que traz à vida doméstica de milhões de brasileiros de baixa renda, tem outros méritos.
Inclusive no combate à inflação.
Ao fixar valores máximos para os produtos elegíveis para a compra, a linha de crédito contribuirá para segurar os preços de várias linhas de consumo. Que empresa desejará, por alguns reais, deixar seus produtos fora dos limites do que pode ser financiado? Além disso, com a alta do dólar, o que é produzido aqui, com custos em real, será mais competitivo, certamente.
A roda da economia vai girar e é isso o que mantém a bicicleta equilibrada.
A finalidade das políticas econômicas é produzir bem estar, não superávits a qualquer custo social.
Isso não é populismo. Isso é considerar a economia um bem de todo o povo, não a economia para os bens de uns poucos.

Duas maneiras de ter vizinhos inconvenientes


Clap, clap, clap. Agora, uma outra versão do mesmo tema. Mais sucinta e, me atrevo a dizer, espirituosa. O autor da frase é o finado George Carlin.

Uma maneira de ser sarcástico. E honesto.



"Os conservadores dizem que se você não der aos ricos mais dinheiro, eles vão perder o incentivo para investir. Quanto ao pobre, eles nos dizem que perderam todo incentivo, porque nós lhes demos muito dinheiro. "

 

sábado, 15 de junho de 2013

CHUPA DATENA!


Tentou manipular telespectador e se deu mal

A expectativa da resposta, pelo perfil do programa, não comportava o resultado apresentado. A imagem diz tudo: uma pergunta totalmente despropositada e a resposta de quem se sentiu ofendido pela desonestidade. 

Datena enche as burras com jornalismo marrom, explorando a violência e a barbárie. É entusiasta das ações truculentas da polícia. Baba colorido em favor da redução da idade penal, como se fosse a panaceia. E coloca a questão da segurança como única na agenda social, resumindo a política a mera intervenção policial no cotidiano das pessoas. Ontem, porém, ele se deu mal: após mostrar cenas dramáticas de confrontos em São Paulo, ele exibiu uma enquete: "Você é a favor deste tipo de protesto?". O "sim" disparou na frente.


Primeira pergunta, cuja resposta contrariou o apresentador
De imediato, ele pediu a sua equipe para alterar a pergunta: "Você é a favor de protesto com baderna?". Para seu desespero, o "sim" aumentou a vantagem (2.179 votos a favor, 915 contra) em apoio à manifestação dos jovens. A cada três espectadores, dois reagiram a um jornalismo que escolhe o lado antes que a história comece. Quando a derrota se mostrou flagrante, apesar dos apelos do apresentador, a Bandeirantes tirou a questão do ar.
Chupa!
A enquete fez com que o apresentador mudasse de ideia. Datena vinha apresentando um discurso defendendo as ações da PM. De repente, passou a pregar a paz entre autoridades e manifestantes. "Fazia muito tempo que não via uma manifestação democrática e pacífica assim. É o povo. O povo está descontente. Eu falei que ninguém queria aumento. Entre bandido e polícia, prefiro a polícia. Entre povo e polícia, prefiro o povo". 
O apresentador sensacionalista mudou de ideia ou ficou com medo da repercussão negativa da sua visível manipulação? Segundo o sítio de entretenimento da Folha, F5, a picaretagem de Datena rapidamente foi parar nos nos trending topics, a lista dos assuntos mais comentados do Twitter, em São Paulo. Ele foi alvo de duras críticas dos internautas, recheadas de muitas chacotas. Chupa Datena!

Fontes:

sexta-feira, 14 de junho de 2013

RESSUCITANDO O ANTIPIG

A volta dos que não foram
Oi.
Alguém ainda vem aqui?

Sem desculpas, quero informar que superamos as dificuldades técnicas e agora o blog pode voltar.

Perdemos muitas notícias. Principalmente as da sessão "obituário". Muita gente boa morreu, além de alguns trastes miseráveis.

Recomeçaremos as postagens, menos autorais, ainda que focadas em coisas absurdas, que não deveriam acontecer nas cntp*. Mas acontecem. E o mundo continua a girar.

Espero que gostem.
Boa leitura.
Se possível, deixe comentários.

* Condições Normais de Temperatura e Pressão