quarta-feira, 2 de junho de 2010

Pesquisa divulgando resultados positivos sobre o sistema de cotas?? Absurdo!! Chamem imediatamente o Dr. Magnoli!!

Mocinha bem nascida, provavelmente matando aula no cursinho, protesta contra cotas na UnB

O PIG realmente não suporta que o Brasil seja uma país para os demais brasileiros. Na noite de terça-feira, o Jornal Nacional lança uma matéria que em princípio pode parecer inocente, apenas repercutindo um estudo feito pela Universidades do Estado do Rio de Janeiro sobre o sistema de cotas. O estudo aponta que os resultados obtidos pela universidade foram positivos - a UERJ foi a primeira universidade a adotar o sistema de cotas -, mas que há discordâncias. O leitor já deve ter percebido onde isso vai dar...
O reitor da universidade faz uma breve explicação sobre o sistema adotado, com 45% das vagas distribuídas entre negros, alunos oriundos de escolas públicas, deficientes físicos, minorias étnicas e filhos de policiais, bombeiros e agentes penitenciários mortos em serviço. O reitor faz questão de salientar que um dos critérios para acesso ao sistema de cotas é que a renda mensal de cada pessoa da família não ultrapasse os R$ 900,00.
O reitor tenta demonstrar que o sistema de cotas, embora deixe vários filhos das classes privilegiadas de fora da universidade gratuita, é um mecanismo que visa a diminuição das desigualdades sociais no país das desigualdades.
Pois bem, quem o JN chama para fazer a defesa dos interesses da elite piamente crente que as vagas das universidades públicas pertencem aos seus diletos filhinhos? Claro, ele, o xodó do William Waack, o expert em todos os assuntos imagináveis: o indefectível Demétrio Magnoli.
O eminente scholar sempre pronto para defender os patrões elabora pérolas do pensamento sociológico para desqualificar o fato que negros pobres se formem médicos ou engenheiros químicos. Realmente, um mundo com médicos, engenheiros, magistrados negros, mulatos, mestiços e com pais pobres deve ser o fim dos tempos.
O que parece incomodar muito o ilustre professor é que a meritocracia competitiva elevada a níveis de paranoia fica em xeque. Não obstante, a classe média fica amendrontadíssima de perder um dos seus mais tradicionais bastiões, tradicionalmente usado para validar a diferença entre as classes. Entende-se, entre outras coisas, o porque do desespero do PIG e de seus seguidores com relação às políticas sociais do atual governo.

Link para a reportagem:

http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2010/06/uerj-divulga-estudo-com-resultado-positivo-sobre-o-sistema-de-cotas.html

8 comentários:

Norma disse...

Eu sou do tempo que o ensino nas esolas públicas era disputadíssimo em todos os níveis, não só na universidade. Então, hoje fico triste ao ver o quanto os professores do ensino fundamental e médio são maltratados pelos seus "patrões". Estou acompanhando de perto a greve dos professores do município de Goiânia, que buscam apenas o cumprimento da lei que prevê um piso salarial. Eles lutam para conseguir o piso salarial que foi determinado pelo governo federal como sendo o, digamos "salário digno" para o cidadão que vai formar a opinião dos nossos jovens, que vai formar o Brasil de amanhã (pouco mais de mil e trezendos reais por 30 horas de trabalho semanal).
Face a intransigência do prefeito, os mestres invadiram a camâra municipal, interrompendo a sessão para expor seus pedidos. A cena mostrada pela televisão foi patética. Vimos vereadores apalermados diante a atitude dos professores. Pensei comigo: deve ser vergonha, pois eles ganham umas 5 vezes mais que o tal piso salarial dos professores para trabalhar tão menos...

Norma disse...

Em tempo, apenas para comparar, a CEF acabou de realizar um concurso de técnico bancário para o qual era exigido o nível médio, com salários de mais de R$ 1.400,00 mais um ticket alimentação de mais de R$ 600,00 para as mesmas 30 horas semanais. Diante disso eu pergunto: quantos jovens perderão o interesse de disputar um vestibular, frequentar por cinco anos uma faculdade para no final, ter que sair às ruas para lutar por um salário menor que o poderia receber apenas se preparando com afinco para uma única prova. Vale pensar nisso...

Marco disse...

Assisti essa reporcagem ontem à noite e na hora fiquei me perguntando qual a validade da opinião de um "especialista" numa notícia desta, que já vem balizada por um estudo da própria Universidade?
Esse ranço decorre do jornalismo da área de economia, que para tratar como complexos temas relativamente simples e que fazem parte da vida cotidiana de todos nós, precisa dourar a pílula do capital na sua relação desigual com o trabalho. O artifício mais evidente para isso é complicar a linguagem.
Foi o que o limitado Magnoli fez: para demonstrar seu biquinho (e sua discordância ideológica com o processo de aproximação das desigualdades sociais) levou o tema para o campo dos méritos.
Para ter mérito é necessário um parâmetro, e o único parâmetro que os ideólogos do capital conhecem é a competição. Ainda assim, os argumentos de Magnoli são inconsistentes, senão vejamos: que competição é essa em que os competidores partem cada um de um ponto diferente? Como aferir o "mérito" de cada um?
O pensamento conservador vai se tornando grotesco com o passar do tempo, e daqui alguns dias eles reivindicarão cotas para que as famílias mais tradicionais não percam o trem da história, ficando de fora da Universidade Pública.

Marco disse...

Outra reflexão que me veio à mente foi sobre o alcance da Rede Globo. Estou morando numa cidade onde esse é o único canal aberto. Como ela, são milhares de grotões que se "informam" com exclusividade através do plim plim. Esse tipo de "opinião", assim como as do Jabor, Sardenberg, etc, causam mais estragos que podemos imaginar...

Marco disse...

Um exemplo banal disso foi a chamada do jogo da seleção contra o Zimbábue. Que é um país miserável, desgraçado, etc, etc, etc, presidido por um "ditador". Oras, Robert Mugabe foi companheiro de armas de Nelson Mandela. Teve mais sucesso que Mandela num primeiro momento, pois fez a revolução da independência convocou eleições, conseguiu fazer a reforma agrária, o que lá implicou num conflito racial sangrento e foi isolado de todas as formas pela violência do império.
Mas será que eles terão coragem de falar mal do Mandela, nas reportagens sobre a Africa do Sul?

patrick disse...

Pois é meu caro Marco,o professor Demétrio segue a mesma cartilha do Ali Kamel que diz com todas as letras, para o espanto de muita gente,que não existe racismo no Brasil. O scholar em questão diz que existe uma racialização do país por parte da esquerda. Essa não é uma tese nova, Gilberto Freire já pensara uma tese semelhante gestada em seu "Casa Grande e Senzala". Segundo esses ilustres pensadores, o que existiria no Brasil seria apenas desigualdade social e não um racismo profundamente arraigado na cultura tupiniquim. Como se séculos de escravidão não houvesse marcado indelevelmente o modo de ver os negros e indígenas.
Acho que você vai em um ponto essencial caro aos liberais que é a falaciosa idéia de igualdade de condições que pretensamente existiria na matriz do pensamento liberal. É o mesmo argumento que ampara teses importantes da filosofia política de liberais como John Rawls. O grande problema é que simplesmente não existe e não há como existir igualdade no ponto de partida no que diz respeito às oportunidades de brancos por um lado e negros e indígenas por outro.As regras do jogo já são balizadas para que a elite branca tenha inúmeras vantagens políticas, sociais e econômicas. O circo pega fogo quando se fala em mexer em instituições que sempre existiram para dar substancialidade a essas vantagens: a universidade pública. Provavelmente Magnoli e Kamel leram Rawls, mas o outro lado da moeda da estorinha da carochinha liberal eles jamais comentarão.

Roberto Ilia disse...

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Relton Leandro disse...

Realmente a garota da foto é uma palhaça por atacar com tanta furia uma politica que comprovadamente diminui o abismo social virgente.