Depois da
mais sombria ofensiva do capital midiático, os primeiros
contra-golpes foram desferidos.
Alguns
imaginavam que, de tão ferido, o nocaute ao PT (e claro, a Lula) era
iminente. Que perdera as forças para reagir. Não contavam com o
instinto político do ex-torneiro mecânico, que mais uma vez, quando
a direita já se insuflava, volta ao centro da arena política,
tomando a iniciativa da luta em irresistível recuperação.
Irônica
a expressão “Mar de Lama”: usada e abusada em insignificâncias,
só adquire só real acepção quando grasnada pelos corvos da
imprensa contra os governos de sustentação popular, no caso,
Getúlio e Lula.
As duas
personalidades acima citadas, com a dubiedade peculiar aos grandes
líderes, se puseram a favor das classes trabalhadoras. Concomitante
ao apoio popular que granjearam, tiveram que conviver com a fúria de
uma elite mesquinha, não acostumada a dividir sequer as migalhas, e
com o tacanho ideário da farinha pouca, meu pirão primeiro.
Apesar do espírito amalgamado no povo, a diferença é que o gaúcho
era egresso de linhagem tradicional, conquanto o nordestino encarna
também na pele o sofrido povo que penou na mão dos senhores que
comandaram esse país por 500 anos. Como ele mesmo disse: "Não estou acostumado a ter medo. Durante toda minha vida vivi em crise.
Sou de uma terra em que se até 5 anos de idade você não morreu de fome, é um
milagre".
Primeiro,
li Saul Leblon* descrever uma tática da combater a blitz inimiga: de
um lado, os movimentos
sociais apartados/cooptados despertarem da letargia burocrática em
que se encontram e refletirem sobre a possibilidade – e
proximidade – do golpe; de outro, o governo despir-se do
economicismo exacerbado, bem como do “alucinado menosprezo ao
engajamento político”. Essa contradição no modo petista de
governar o país foi avaliada pelo Azenha como um misto de desesperoe comodismo. Não se completa a inclusão cidadã apenas através do
consumo.
Mas quem
realmente levantou a moral das tropas foi o próprio comandante em
chefe. O ponto de inflexão nos rumos da contenda, o corte
epistemológico dessa espiral denuncista começou lá em Paris: não
comentando as mentiras, Lula deu a entender que retomará ascaravanas da cidadania, travando contato direto com a sua terra e o
seu povo, num recinto onde jamais os barões da imprensa puseram os
pés.
Sem
contar que FHC, recolhido ao ostracismo de sua pequenez política, de
onde destila ressentimento, quase cortou os pulsos ao saber que Lula
estava escrevendo o capítulo mais importante da história do século
XXI: a ruptura do consenso de Washington, o novo rumo da governança
em escala planetária, onde a globalização deixa de servir ao
rentismo e o respeito à autodeterminação dos povos, sem
intermediários, permita a cada país realizar o modelo de sociedade
que escolheu.
Enquanto
o isso, o PIG chafurdava requentando o falso testemunho de um
trambiqueiro rastaquera. Como diria Nassif, um paradoxo da história.
Ao qual sobrevivemos, apesar de tudo.
* tenho certeza que é o alter-ego do Flávio Aguiar
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