BOLSA-FAMÍLIA
Fernando Rodrigues, outrora vivaz repórter que descortinou a compra dos votos para a reeleição de FHC, hoje escreve ao gosto do patrão, a Folha: "Até quando o Bolsa Família será vital nas eleições presidenciais no Brasil?"
A pergunta retórica é para destilar seu repertório anti-petista: "Se depender do PT, para sempre." Depois de algumas rasas ponderações sobre a disputa eleitoral, salteada pelo inexorável refluxo da economia, finaliza: "interessa a Dilma e ao PT manter o programa bem vivo na mente dos eleitores mais pobres".
Penso que na verdade seria melhor que os eleitores mais pobres se lembrassem das falas que receitam o aumento do desemprego e redução dos salários. Que se lembrassem como era a vida durante o governo FHC. Aí sim, as massas ignaras votariam conscientes, nos senhores que melhor empunham o chicote. Parece o Prof. Hariovaldo, mas é o repórter da Folha que nos conduz a esse raciocínio.
Melhor que eu, o próprio Lula pode responder até quando a elite terá que aturar "essa gente":
"É mais difícil vencer o preconceito que a fome.
Chamam de “Bolsa Vagabundagem”, mas 70% dos adultos do Bolsa trabalham.
Eles têm preconceito: acham que se é pobre por indolência.
Para a mãe, o dinheiro do Bolsa não é esmola: é um direito !
O eleitor não precisa mais trocar o voto por um prato de feijão, por uma cuia de farinha.
Essa Sociologia que ataca o Bolsa está acostumada a servir à elite.
O Bolsa tem 10 anos e a injustiça vem de 5 séculos."
Chamam de “Bolsa Vagabundagem”, mas 70% dos adultos do Bolsa trabalham.
Eles têm preconceito: acham que se é pobre por indolência.
Para a mãe, o dinheiro do Bolsa não é esmola: é um direito !
O eleitor não precisa mais trocar o voto por um prato de feijão, por uma cuia de farinha.
Essa Sociologia que ataca o Bolsa está acostumada a servir à elite.
O Bolsa tem 10 anos e a injustiça vem de 5 séculos."
Fernando Rodrigues não explicita, mas claramente prefere a época onde os votos eram vendidos a troco de botinas, de um saco de arroz, ou até mesmo em troca do transporte até a urna. Os 500 anos de opressão não o amolam tanto quanto a importância que o governo do PT dá a essa programa de transferência de renda.
Mas voltemos ao "cara". Em outra parte de seu discurso hoje, por ocasião da comemoração dos 10 anos do bolsa-família, Lula, também ataca o arrocho pleiteado pela oposição:
"Se desemprego e arrocho salarial resolvessem, não existiriam os problemas que a gente tinha quando o PT chegou ao poder.
Se arrocho e desemprego resolvessem, a Europa já teria resolvido seu problema."
Se arrocho e desemprego resolvessem, a Europa já teria resolvido seu problema."
O PIG faz incessante campanha contra qualquer bolsa (aliás, contra qualquer política do governo federal, exceto o aumento de juros). Todo dia na TV e nos jornais temos exemplos de uma minoria que faz mal uso da bolsa, como se fosse mais importante que a maioria que se beneficia. Uma das coisas que mais incomoda às elites é que o Bolsa-Família entrega o dinheiro direto ao cidadão, e depende dele fazer bom uso. Para quem conhece as pequenas cidades do interior do país, isso detona o clientelismo, o escravismo a que o povo era submetido com cestas básicas e outras coisinhas. Além de lhes permitir recusar salários abaixo do mínimo...
Além de reconhecer os direitos trabalhistas das empregadas domésticas...
Essa dor de cotovelo não sara nunca!
PROCURADOR ESQUECIDO
O Procurador Federal de São Paulo, Rodrigo de Grandis, é protagonista de
um dos episódios mais estarrecedores da História do Ministério Público: ele se esqueceu de atender a pedido da Justiça da Suíça que, inevitavelmente, levaria à
punição de uma revoada de tucanos de São Paulo, envolvidos até medula do propinoduto.
Logo ele, que deveria procurar as coisas, as esqueceu dentro de uma gaveta.
Em 2011.
E desde então, nenhuma vez, teve a curiosidade despertada!
Fico pensando naquela legião de bocós açulados pelo PIG, marcheteando contra a PEC-37 como se essa fosse uma causa de comoção nacional. Numa palestra para secundaristas, da qual fui debatedor, ouvi um professor afirmar aos alunos, ainda que com a voz trêmula, que a PEC-37 era uma censura ao MP. Que falta faz essa censura hoje, hein? Um amigo, promotor de justiça, ainda com um pingo de sensatez, me disse que era um temor deixar todo poder investigatório nas mãos da polícia, de histórico repressivo contra pobres e subserviência com o poderosos.
Lindo, mas será que Rodrigo de Grandis se travestiu de delegado? Logo ele, que todo faceiro, bradava por punição aos condenados no Mensalão? Segue os passos de Roberto Gurgel que obstruiu e retardou a investigação sobre Carlinhos Cachoeira que respingaria no seu par, Demóstenes Torres. Todos os perigos aos quais fomos alertados contra a PEC-37, na maior mobilização corporativista da nossa história, estão acontecendo: favorecimento aos criminosos do colarinho branco, anuência com a corrupção, impunidade... Alivio, é claro, para o PSDB!
Mas há salvação. Como alertou Paulo Moreira Leite, o Procurador tem que ser enquadrado no crime de prevaricação, previsto no art. 319, do CP: Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou
praticá-lo contra disposição expressa de lei, para satisfazer interesse
ou sentimento pessoal.
Só não há cura para a cara de tacho dos que creram na farsa que mobilizou o país. Os que acreditaram na fúria do Jabor contra a PEC 37. Quem rompeu o bloqueio da Globo e está sabendo do fato, deve estar com vergonha. Ou se sentido usado. Ou os dois.
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