Nossos milhões de seguidores devem estar com a pulga atrás da orelha: por que um blog cujo título é uma oposição ao partido da imprensa golpista, o PIG, não toca no assunto do Mensalão e os desdobramentos da AP-470?
Resposta breve: merda, quanto mais mexe, mais fede.
Elaborando melhor: esse blogueiro não tem vocação para mexer em latrinas.
O Anti-PIG tem lado. Na verdade, ele é profundamente influenciado por uma frase que consta no último parágrafo do prefácio do livro O Povo Brasileiro, de Darcy Ribeiro:
"Portanto, não se iluda comigo, leitor. Além de antropólogo, sou homem de fé e de partido. Faço política e faço ciência movido por razões éticas e por um fundo patriotismo. Não procure, aqui, análises isentas. Este é um livro que quer ser participante, que aspira a influir sobre as pessoas, que aspira a ajudar o Brasil a encontrar‐se a si mesmo".
Na história das nossas 220 postagens, há varias críticas ao governo, ao PT, e até mesmo à esquerda em geral (principalmente sua falta de respostas às demandas impostas pelo mundo atual), motivadas por um viés ideológico assumido, socialista e humanista. Logo, sempre achei desnecessário dar qualquer repercussão aos escândalos midiáticos insuflados pelos grandes meios de comunicação. Francamente, se o leitor procura acusações contra o governo petista, aquelas fartamente denunciadas pela mídia fascista, de cunho direitista, não precisa vir aqui.
Também, se tiver interessado no julgamento da AP-470 sob o enfoque que o PIG deu e ao qual vários dos juízes do STF se curvaram, a página da folha da veja, e do globo e logo ali.
Se estiver disposto a sair do casulo criado pelas falsas informações, interpretamos do caso parte das seguintes premissas:
1.º Após 28 anos de carreira, um funcionário de carreira dos Correios, Maurício Marinho, vinculado ao PTB de Roberto Jefferson, que ocupava o cargo em comissão por causa da "cota" do seu partido, é flagrado se sujeitando a um suborno de R$ 3.000,00.
2.º Como soubemos posteriormente, o vídeo do achaque foi encomendado por Carlinhos Cachoeira, que agia em conluio com o araponga Jairo Martins e o jornalista Policarpo Jr., vulgo "caneta", diretor da sucursal da revista Veja em Brasília.
3.º Roberto Jefferson, cujo grupo assumiu posições na administração federal em nome da governabilidade, se sentiu fritado por essa armação e partiu para a retaliação. Em entrevista à Folha de São Paulo, denunciou um suposto esquema de compra de apoio da base do governo no congresso nacional. Daí o nome que o consagrou: "Mensalão", uma espécie de mesada, com repasses operados por Marcos Valério.
4.º José Dirceu, chefe da casa civil à época, não se esforçou em salvar Jefferson, ao contrário. Em termos pragmáticos, era interessante se livrar dessa pústula, pois seu incremento à coligação em número de votos e no parlamento não justificava a aliança. Isso o fez cair em desgraça com o petebista, que imaginou a tramóia da gravação ter sido orquestrada pelo próprio Dirceu.
5.º Na sua defesa, os advogados de Jefferson desmentem a existência do mensalão, exercício de "pura retórica", segundo a petição. Aludem a um acordo para as eleições municipais de 2004, na qual houve repasse legal de verbas do PT para o PTB, em conformidade com resolução do TSE. Em outras palavras, NEGOU a existência de uma pagamento sistemático de sinecuras para deputados da base aliada. Até porque seria paradoxal parlamentares do PT receberam propina para votar a favor do PT!
6.º Para confundir a situação e torná-la palatável como "mar de lama" lacerdista, a grana, apesar de operada por Marcos Valério, teria origem pública, através do Banco do Brasil. Na verdade, essa é uma cortina de fumaça que oculta o óbvio: quem é o agente (privado) corruptor de bancava repasses a deputados. Maior distorção ainda é entender o fundo Visanet, dinheiro de uma multinacional administradora de cartões de crédito, como dinheiro público.
Com essa "base factual" foi urdida a ação penal 470, que não merece pormenores, nem da peça acusatória, que serviu de púlpito para Roberto Gurgel demonstrar sua preferência de classe, nem do julgamento de exceção, que fez corar os juristas mais conservadores. Recordarei apenas da inicial, quando a PGR apresentou denúncia contra 40 indiciados, forçando paralelo com a história de Ali Babá (incluíram o Gushiken para completar o número cabalístico) e das vergonhosas arbitrariedades do julgamento, televisionado em dias e horários adequados ao encaixe na grade e nos interesses da Globo, cujo ápice se deu sexta-feira passada, um 15 de novembro para manchar a história republicana pátria.
Tive o prazer de conhecer o PT por dentro. Aprendi que não é um partido homogêneo nem centralista. É formado por tendências, que são ao mesmo tempo o que me encantam e me repelem. Me agradam porque o tornam o partido um organismo vivo, suscetível a mudanças, ao embate democrático, a correlação de forças representativas dos vários segmentos sociais que abraçam e depuram o sectarismo. E me afastam porque, como simpatizo com as correntes mais à esquerda, entraria no partido para fazer oposição a ele, o que considero uma esquizofrenia. No PED 2013, teria votado ou em Paulo Teixeira ou em Valter Pomar. Com isso, também deixo claro que Dirceu e Genoíno, mártires esquartejados na praça pública televisiva não são das tendências que eu mais aprecio.
José Dirceu foi o cérebro que fez Lula vencer a eleição para presidência, após três derrotas. É prático, e consegue resultados que assustam o poder constituído. Por isso é tão odiado. Paulo Nogueira apresentou uma tese que explica o fenômeno: ele tinha tudo para dar certo nas regras estabelecidas, mas preferiu lutar para mudar as coisas. Seu linchamento público tem o condão de apavorar futuros idealistas de classe média: nada de se meter com subversão; caso contrário, cadeia!
José Genoíno, já na curva descendente da carreira política e da existência, só foi preso porque, fortuitamente era o presidente do PT em 2005. O encarcerado seria Berzoini, José Eduardo Dutra, Rui Falcão, ou qualquer outro que estivesse no cargo. Agora, passa pelo constrangimento de provar que seu problema cardíaco não é um atestado forjado de aluno que cabulou aulas.
Henrique Pizolatto assinou um documento no qual haviam outras cinco assinaturas, mas só ele foi indiciado, e teve o mandato de prisão expedido exclusivamente por ser do PT. A justiça italiana pode expor o STF, que no caso se converteu em tribunal da inquisição, a uma humilhação internacional.
Por essas e outras, o "maior escândalo da história brasileira" se tornou uma salada indigesta. E as alternativas são excludentes. Ou se vomita essa pataquada e se repudia a farsa, ou se engole o prato do jeito que foi servido, o processa e o transforma no esterco que o PIG mexe e remexe.
Também, se tiver interessado no julgamento da AP-470 sob o enfoque que o PIG deu e ao qual vários dos juízes do STF se curvaram, a página da folha da veja, e do globo e logo ali.
Se estiver disposto a sair do casulo criado pelas falsas informações, interpretamos do caso parte das seguintes premissas:
1.º Após 28 anos de carreira, um funcionário de carreira dos Correios, Maurício Marinho, vinculado ao PTB de Roberto Jefferson, que ocupava o cargo em comissão por causa da "cota" do seu partido, é flagrado se sujeitando a um suborno de R$ 3.000,00.
2.º Como soubemos posteriormente, o vídeo do achaque foi encomendado por Carlinhos Cachoeira, que agia em conluio com o araponga Jairo Martins e o jornalista Policarpo Jr., vulgo "caneta", diretor da sucursal da revista Veja em Brasília.
3.º Roberto Jefferson, cujo grupo assumiu posições na administração federal em nome da governabilidade, se sentiu fritado por essa armação e partiu para a retaliação. Em entrevista à Folha de São Paulo, denunciou um suposto esquema de compra de apoio da base do governo no congresso nacional. Daí o nome que o consagrou: "Mensalão", uma espécie de mesada, com repasses operados por Marcos Valério.
4.º José Dirceu, chefe da casa civil à época, não se esforçou em salvar Jefferson, ao contrário. Em termos pragmáticos, era interessante se livrar dessa pústula, pois seu incremento à coligação em número de votos e no parlamento não justificava a aliança. Isso o fez cair em desgraça com o petebista, que imaginou a tramóia da gravação ter sido orquestrada pelo próprio Dirceu.
5.º Na sua defesa, os advogados de Jefferson desmentem a existência do mensalão, exercício de "pura retórica", segundo a petição. Aludem a um acordo para as eleições municipais de 2004, na qual houve repasse legal de verbas do PT para o PTB, em conformidade com resolução do TSE. Em outras palavras, NEGOU a existência de uma pagamento sistemático de sinecuras para deputados da base aliada. Até porque seria paradoxal parlamentares do PT receberam propina para votar a favor do PT!
6.º Para confundir a situação e torná-la palatável como "mar de lama" lacerdista, a grana, apesar de operada por Marcos Valério, teria origem pública, através do Banco do Brasil. Na verdade, essa é uma cortina de fumaça que oculta o óbvio: quem é o agente (privado) corruptor de bancava repasses a deputados. Maior distorção ainda é entender o fundo Visanet, dinheiro de uma multinacional administradora de cartões de crédito, como dinheiro público.
Com essa "base factual" foi urdida a ação penal 470, que não merece pormenores, nem da peça acusatória, que serviu de púlpito para Roberto Gurgel demonstrar sua preferência de classe, nem do julgamento de exceção, que fez corar os juristas mais conservadores. Recordarei apenas da inicial, quando a PGR apresentou denúncia contra 40 indiciados, forçando paralelo com a história de Ali Babá (incluíram o Gushiken para completar o número cabalístico) e das vergonhosas arbitrariedades do julgamento, televisionado em dias e horários adequados ao encaixe na grade e nos interesses da Globo, cujo ápice se deu sexta-feira passada, um 15 de novembro para manchar a história republicana pátria.
Tive o prazer de conhecer o PT por dentro. Aprendi que não é um partido homogêneo nem centralista. É formado por tendências, que são ao mesmo tempo o que me encantam e me repelem. Me agradam porque o tornam o partido um organismo vivo, suscetível a mudanças, ao embate democrático, a correlação de forças representativas dos vários segmentos sociais que abraçam e depuram o sectarismo. E me afastam porque, como simpatizo com as correntes mais à esquerda, entraria no partido para fazer oposição a ele, o que considero uma esquizofrenia. No PED 2013, teria votado ou em Paulo Teixeira ou em Valter Pomar. Com isso, também deixo claro que Dirceu e Genoíno, mártires esquartejados na praça pública televisiva não são das tendências que eu mais aprecio.
José Dirceu foi o cérebro que fez Lula vencer a eleição para presidência, após três derrotas. É prático, e consegue resultados que assustam o poder constituído. Por isso é tão odiado. Paulo Nogueira apresentou uma tese que explica o fenômeno: ele tinha tudo para dar certo nas regras estabelecidas, mas preferiu lutar para mudar as coisas. Seu linchamento público tem o condão de apavorar futuros idealistas de classe média: nada de se meter com subversão; caso contrário, cadeia!
José Genoíno, já na curva descendente da carreira política e da existência, só foi preso porque, fortuitamente era o presidente do PT em 2005. O encarcerado seria Berzoini, José Eduardo Dutra, Rui Falcão, ou qualquer outro que estivesse no cargo. Agora, passa pelo constrangimento de provar que seu problema cardíaco não é um atestado forjado de aluno que cabulou aulas.
Henrique Pizolatto assinou um documento no qual haviam outras cinco assinaturas, mas só ele foi indiciado, e teve o mandato de prisão expedido exclusivamente por ser do PT. A justiça italiana pode expor o STF, que no caso se converteu em tribunal da inquisição, a uma humilhação internacional.
Por essas e outras, o "maior escândalo da história brasileira" se tornou uma salada indigesta. E as alternativas são excludentes. Ou se vomita essa pataquada e se repudia a farsa, ou se engole o prato do jeito que foi servido, o processa e o transforma no esterco que o PIG mexe e remexe.
2 comentários:
Pra variar, excelente! Pontua dados concisos que deixam evidente que tudo isso é uma farsa mal urdida, mas fácil de ser apresentada como verdade. Quem entende de marketing é mestre em apresentar ao público o que ele desejaria ver: punições a corruptos, políticos na berlinda, etc. Só que mataram o bode errado. Acho legal sua independência também: só me filiei ao PT agora, por raiva da injustiça desse julgamento falso.
São tantas minúcias e artimanhas que não adianta querer explicar ao povão que assiste Golbo: esse quer vingança, que algum político seja preso, que a "justiça seja feita", pouco importando se essa é a justiça mais justa. Por isso eu me nego a ficar falando da AP-470: gera mais e mais confusão...
No fim das contas, o golpe que tinha por escopo enfraquecer o PT saiu pela culatra: Dilma é favoritíssima. Padilha em SP, Lindberg no RJ e Pimentel em MG (ainda que essa não seja um petista de cores bem marcadas; é um vermelho opaco, quiçá um rosa) são candidatos fortíssimos, nem tanto por si mesmos, mas pelo desgastes dos coronéis locais. J. Barbosa, que tão bem serviu aos patrões, tal qual um capitão do mato, começa a ser largado à beira do caminho, à própria sorte, e lhe será imputada toda carga contra as arbitrariedades do julgamento. Pagará o pato sozinho, quando a justiça italiana verificar o caso Pizzolato. Ainda se sujeitará ao vexame mundial quando a corte interamericana de direitos humanos examinar os detalhes da ação.
Em suma, noves fora o drama pessoal da saúde de Genoíno, o PT se agigantou com esse episódio.
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