Alguns entendem que ela atingiu seu objetivo, qual seja, de romper a polarização entre PT e PSDB. O que, na minha opinião, foi salutar, pois deixou claro qual era a polarização existente no cenário político: a que se verifica entre simpatizantes do projeto petista e entre antipetistas empedernidos, servindo qualquer um que se prestasse a esse papel, de acordo com as palavras do próprio FHC. A dos jatinhos ilícitos pousou sobre o do aeroporto ilícito sem qualquer cerimônia.
Outros imaginam ser Marina o produto emergente das passeatas de junho de 2013. Discordo, haja vista não ter conseguido sequer as 500 mil assinaturas que justificassem a criação de seu partido. Na verdade, os 20% de intenção de voto com que Marina “surgiu” no dia seguinte à
queda do avião de Campos representavam seu eleitorado garantido entre evangélicos e demais nichos. O que se agregou a essa parcela são advindos da fatia conservadora da sociedade que nunca marcheteou, aquela parcela despolitizada e altamente
sugestionável pela mídia. Que por seu caráter volúvel, começa a refluir.
O fato é que, enquanto Marina conseguiu sustentar uma imagem light, mesclando discurso ambientalista e um liberalismo agradável aos setores rentistas, sem abrir a boca, pintou como a possibilidade real de apear o PT do governo. Contudo, a máscara caiu na medida em que deixou de ser um ícone midiático e expôs suas idas e vindas, a falta de clareza de posturas, a ambiguidade entre a defesa do meio ambiente e a adesão ao agronegócio, a rendição aos pastores arrecadadores e a renegação de seu passado causou mais temor do que expectativas com a possibilidade de sua vitória. Ela não se comprometeu com nada, exceto com banqueiros, exigindo do mandato uma carta branca que até faz sentido no fundamentalismo religioso, mas não diz respeito a uma democracia.
Minha opinião é que enquanto o PIG traduziu seu discurso, foi possível vender Marina como alternativa viável. Porém, quando a candidata teve que se apresentar sem filtros, a aparência imaculada ruiu: o povo não entende nada do que ela fala. Não que seja muito complexo, porque para os iniciados também está claro que se trata de um palavratório oco e artificial.
Ou você entende que é preciso preservar a cópula dos bagres, em detrimento da construção das usinas hidrelétricas?
Um comentário:
Alguém pode lembrar a ela que tortura e eliminação física de adversários políticos, com ocultamento de cadáveres, não prescreve?
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