sexta-feira, 23 de julho de 2010

DILAPIDANDO O PATRIMÔNIO

Assunto tabu nas entrevistas do candidato José Serra, as privatizações são a marca maior do fracasso do Governo FHC. Patrimônio público torrado tal qual notas de dólares enrolando charutos dos barões. Para tornar o quadro mais dramático, com financiamento público do BNDES.
Lula atropelou Alckmin quando conseguiu impor essa pauta na última campanha. Mas, ao invés da auto-crítica, de uma nova formulação, os tucanos oferecem apenas mais do mesmo, numa receita amarga e que já foi rejeitada pelo povo.
Na verdade, as pessoas que compõem o corpo editorial desse blog acreditam que os processos de privatização tocados na surdina deveriam ser revistos, numa ampla auditoria pública, para mensurar o tamanho do prejuízo que tomamos, limpar de uma vez por todas a sujeira que ficou escondida debaixo do tapete e, se for o caso, reverter o quadro com a estatização das empresas que nos foram garfadas.

Para Serra, bancos estaduais devem ser privatizados

O candidato tucano José Serra afirmou na segunda-feira (21), em sabatina realizada pelo jornal “Folha de S. Paulo” e pelo portal “UOL”, que “os Estados não devem possuir bancos comerciais”. A declaração foi feita para tentar se explicar sobre o fato do estado de São Paulo ter se desfeito do banco estadual Nossa Caixa. O banco paulista só não foi privatizado porque o Banco do Brasil e o governo federal não deixaram e acabaram adquirindo a instituição.
Com essa declaração de Serra, fica a pergunta. Se os estados não podem possuir bancos comerciais, por que Serra, se eleito, manteria os bancos comerciais Caixa Econômica Federal e Banco do Brasil nas mãos do poder público? Quando ele esteve no governo, como ministro de FHC (Planejamento e depois Saúde), foram privatizadas mais de uma centena de empresas públicas, entre elas, vários bancos públicos estaduais.
Serra, que foi presidente do comitê de privatização de Fernando Henrique, disse na sabatina que “a idéia das privatizações não está fechada”, apesar de dizer que neste momento não há espaço para falar em privatizações. Apesar disso, no programa “Roda Viva”, da TV Cultura, o candidato tucano disse que, se eleito, vai privatizar aeroporto, rodovias federais e cobrar mais pedágios.
Só em São Paulo, os tucanos entregaram de mão beijada o Banespa para o espanhol Santander, a Eletropaulo para a americana AES, a CTEEP ao grupo colombiano ISA, a Congás para British Petroleum e Shell, a Telesp para a Telefônica de Espanha, etc. Em 2008, Serra colocou a Cesp para privatização, que acabou fracassada pela resistência que gerou.

SÉRGIO CRUZ

( Publicado no HORA DO POVO, edição 2874, 23 de Junho de 2010 )

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