domingo, 5 de junho de 2011

ASSUNTOS DA SEMANA - PARTE II

Me interessa muito mais do que o desfecho da patranha em que se meteu o Ministro Chefe da Casa Civil, os desdobramentos da greve dos bombeiros do Rio de Janeiro. Assisti perplexo as imagens pela TV. Me emocionou a cena em que eles, de joelhos, cantavam o hino da corporação enquanto mais de 400 companheiros eram levados em cárcere. O direito à greve, decantado em verso e prosa, ainda não faz parte da realidade deles, amarrados ao estatuto militar nesse caso. Nesse caso, porque quando o assunto é a equiparação salarial, a coisa muda de figura.

Transcrevo uma postagem, extraída de:
http://profflavioborges.blogspot.com/2011/06/revolta-da-chibata-e-os-bombeiros.html

A Revolta da Chibata e os Bombeiros

A Revolta da Chibata foi um movimento social ocorrido, na cidade do Rio de Janeiro, no dia 22 de novembro de 1910. Neste período, os marinheiros brasileiros eram punidos com castigos físicos. No Rio de Janeiro em 2011 os bombeiros são punidos com bombas de gás lacrimogênio, balas de borracha e tiros de fuzil disparados pelo Batalhão de Operações Especiais da polícia militar (BOPE). Em 1910, as faltas graves eram punidas com chibatadas (chicotadas). O que gerou uma intensa revolta entre os marinheiros. No entanto o início da revolta ocorreu quando o marinheiro Marcelino Rodrigues foi castigado com 250 chibatadas, por ter ferido um colega da Marinha com uma navalha, após ter sido delatado por levar uma garrafa de cachaça para dentro do encouraçado Minas Gerais. O navio de guerra estava indo para o Rio de Janeiro e a punição, que ocorreu na presença dos outros marinheiros, desencadeou a revolta de mais de 2.400 marinheiros. Em 2011 os bombeiros negociavam desde março um aumento salarial, e após várias negativas do governador Sérgio Cabral mais de 2.000 manifestantes decidiram ocupar o quartel do comando-geral dos bombeiros na praça da República no centro do Rio. Em 1910 o motim se agravou e os revoltosos chegaram a matar o comandante do navio e mais três oficiais. Já na Baia da Guanabara, os revoltosos conseguiram o apoio dos marinheiros do encouraçado São Paulo. O líder da revolta, João Cândido (conhecido como o Almirante Negro), inclusive homenageado na música de João Bosco e Aldir Blanc ( O mestre-sala dos mares ) redigiu uma carta reivindicando o fim dos castigos físicos, melhorias na alimentação e anistia para todos que participaram da revolta. Caso não fossem cumpridas as reivindicações, os revoltosos ameaçavam bombardear a cidade do Rio de Janeiro. Diante da grave situação, o presidente Hermes da Fonseca resolveu aceitar o ultimato dos revoltosos. Porém, após os marinheiros terem entregues as armas e embarcações, o presidente solicitou a expulsão de alguns revoltosos. A insatisfação retornou e, no começo de dezembro, os marinheiros fizeram outra revolta na Ilha das Cobras. O líder da revolta João Cândido foi expulso da Marinha e internado como louco no Hospital de Alienados. No ano de 1912, foi absolvido das acusações junto com outros marinheiros que participaram da revolta. Já em 2011 os bombeiros que sempre salvaram vidas, agora pedem socorro.

O deputado Brizola Neto, a quem admiro muito, assumiu uma posição mediadora. Ou melhor, quis dar uma de bombeiro para arrefecer os ânimos. Não retira a legitimidade do movimento, mas condena a invasão ao quartel:
http://www.tijolaco.com/bombeiros-tem-razao-mas-nao-em-tomar-o-quartel/

Na mesma linha de argumento se manifestou a OAB seccional RJ (que parece não ser golpista, ao contrário do presidente nacional Ophir Cavalcante):
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/925658-oab-vai-acompanhar-situacao-dos-439-bombeiros-presos-no-rio.shtml

De minha parte, tristeza. Desilusão. Falta de esperança. Será que isso tudo vale a pena?


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