No blog tentamos manter a autoria dos textos como princípio. Não somos imparciais, e fazemos questão de deixar isso bem claro. Entendemos que é necessário atuar no sentido de equilibrar e se contrapor às notícias amplamente veiculadas no PIG, que por razões escusas esconde sua parcialidade. Nós não.
Há alguns anos, tive a oportunidade de ler "O Povo Brasileiro", de Darcy Ribeiro, e a frase final do prefácio é uma espécie de guia que orienta nossas posições, já tendo inclusive sido citada em outra postagem:
"Portanto, não se iluda comigo, leitor. Além de antropólogo, sou homem de fé e de partido. Faço política e faço ciência movido por razões éticas e por um fundo patriotismo. Não procure, aqui, análises isentas. Este é um livro que quer ser participante, que aspira a influir sobre as pessoas, que aspira a ajudar o Brasil a encontrar‐se a si mesmo".
Contudo, um texto publicado hoje, no jornal GGN, do Luis Nassif, traduz uma reportagem que saiu na rede norte-americana Bloomberg semana passada. Mais do que insinuar o caráter entreguista do projeto de poder tucano, ele demonstra como os abutres estão assanhados, como os corvos estão de olhos vidrados em se apropriar da nossa maior riqueza. Que não é o pré-sal em si, pois sondagens da próprias Petrobrás já indicaram a presença da mesma camada no litoral de Angola, na Costa da África. A riqueza é que a Petrobras é a única empresa do mundo capaz de prospectar e retirar esse óleo das profundezas marinhas. Editei alguns trechos, mas no link há a tradução completa, em português:
Shell e Halliburton ganharão com vitória de Neves no Brasil
A perspectiva de uma mudança de regime no Brasil está fazendo da Petrobras o estoque mais valioso de petróleo do mundo. E também está abrindo as portas para empresas estrangeiras explorarem mais as grandes riquezas energéticas do país. Políticas da estatal Petrobras para com projetos no exterior frearam empresas como a Shell e a Halliburton de se expandirem no país.
A perspectiva de uma mudança de regime no Brasil está fazendo da Petrobras o estoque mais valioso de petróleo do mundo. E também está abrindo as portas para empresas estrangeiras explorarem mais as grandes riquezas energéticas do país. Políticas da estatal Petrobras para com projetos no exterior frearam empresas como a Shell e a Halliburton de se expandirem no país.
O candidato da oposição Aécio Neves promete leiloar licenças de exploração com mais frequência, aumentar os preços dos combustíveis e facilitar o processo legal e burocrático para as petroleiras estrangeiras. Neves, cujo partido PSDB abriu o petróleo brasileiro para as petroleiras estrangeiras no final dos anos 90, surpreendeu aos analistas ao ficar em segundo lugar no primeiro turno e forçar um segundo turno eleitoral. A frustração das petroleiras e seus investidores com a presidenta Dilma Rousseff tem crescido desde que assumiu o cargo. No mês passado, um grupo de lobby do petróleo disse que a indústria enfrenta dificuldades e alguns fornecedores da Petrobras podem deixar o Brasil.
Neves
ataca a administração de Dilma e contratou um consultor da indústria e
um funcionário envolvido nas privatizações na década de 1990, para
redigir o seu programa de energia.
"Se Neves ganhar, ele vai abrir aos investidores estrangeiros", disse Robbert van Batenburg, diretor de estratégia de mercado na corretora Newedge EUA LLC, em entrevista por telefone de Nova Iorque: "Essas restrições às importações e barreiras comerciais não nos ajudam. Se ele ganhar, ele vai reverter todas as restrições"
Aécio Neves se comprometeu a fazer mais leilões de direitos
de exploração. Ele também está pensando em mudar a legislação que obriga
a Petrobras, a maior produtora em águas mais profundas do mundo,
a manter um mínimo de 30 por cento em todos os projetos na região
chamada de pré-sal (...) A exigência de que a Petrobras seja a operadora
em cada nova descoberta no pré-sal, uma formação sob uma camada de sal
no subsolo marinho, devem ser revistos para estimular a concorrência,
Elena Landau, que aconselha Neves em matéria de energia, disse em uma
entrevista ontem no Rio de Janeiro, que mudanças precisam da aprovação
do Congresso.
"Quando você tem a Petrobras
como operadora única, você está limitando a capacidade", disse Landau,
que foi apelidada de "Dama de Ferro das Privatizações" pela imprensa
brasileira depois de seu envolvimento nas privatizações de empresas
públicas durante a década de 1990 no governo do ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso: "Isso restringe a concorrência".
"As empresas estrangeiras não são
muito valorizados por este governo, como se elas fossem irrelevantes",
disse Elena Landau. Dilma aponta que durante a sua administração mais de 500.000
barris por dia na área do pré-sal já estão sendo produzidos, e disse ter
protegido os preços de combustível aos consumidores da volatilidade dos
mercados internacionais de petróleo. Ela prevê grande lucro que
proporcionará o financiamento de programas sociais para reduzir a
pobreza na nação mais populosa da América Latina. A eliminação dos
subsídios aos combustíveis que custaram Petrobras pelo menos 60 bilhões
de reais no primeiro mandato de Dilma Rousseff aumentariam o lucro da
empresa e sua capacidade de comprar bens e serviços de fornecedores como
a Halliburton, de acordo com o Instituto Brasileiro de Petróleo, ou
IBP, um grupo que faz lobby para a indústria.
FHC quebrou o monopólio da Petrobras na exploração e
produção de petróleo em 1997 e criou os primeiros leilões de
exploração a serem leiloados sob um modelo de concessão em 1999. O Brasil realizava leilões todo ano, até o ano de 2008. O ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva declarou que os depósitos maciços eram prova
de que "Deus é brasileiro" e decidiu que a Petrobras seria responsável
por todos os projetos futuros na região.
Lula suspendeu licenças
offshore para manter reservas de petróleo recém-descobertas do Brasil
sob o controle do governo por meio da Petrobras, e o Brasil ficou sem
oferecer nenhum leilão aberto na área no pré-sal até 2013 .Em 2007, Lula e
Dilma, ministra da Energia e depois chefe de gabinete, começou a
planejar a legislação para permitir que o governo, por meio da
Petrobras, mantivesse o controle do ritmo de desenvolvimento. Sabendo
que custaria centenas de bilhões de dólares para desenvolver a região do
pré-sal, eles ainda queriam empresas estrangeiras para ajudar a
produção de finanças como sócios minoritários, mas sem entregar à eles o
poder de definir orçamentos ou decidir onde perfurar.
A legislação resultante foi algo nunca antes visto na indústria. As empresas petrolíferas são livres para formar consórcios e lances contra a Petrobras. Se eles vencerem, eles precisam convidar a ex-rival para se juntar ao grupo, com uma participação de 30 por cento e conceder-lhe o controle sobre as decisões do dia-a-dia. Nenhuma empresa entrou no leilão contra a Petrobras, quando o Brasil colocou o modelo à prova. Ela leiloou os direitos para produzir a Libra, um campo com valor equivalente as atuais reservas provadas brasileiras, e apenas um grupo liderado pela Petrobras colocou uma oferta. "O Monopólio" do produtor estatal sobre o pré-sal precisa ser revisto, Adriano Pires, o consultor e co-autor do plano de Petróleo de Aécio Neves, disse em uma entrevista por telefone do Rio. "A Petrobras não pode ser um instrumento de uso político", disse Pires. "Muita coisa vai ter que mudar."
Nenhum comentário:
Postar um comentário