Por mais que tentem tapar o sol com a peneira, uma das grandes questões desta eleição é: porque o estado de Minas Gerais, governado por Aécio e seu sucessor nos últimos doze anos o derrotou nas urnas, no 1.º turno?
O próprio candidato, indagado sobre essa situação saiu-se com a seguinte explicação: que os mineiros farão uma "reflexão profunda" no 2.º turno.
Na linha de seu mentor FHC, quis dizer que quem votou contra ele não fez a devida reflexão. Só faltou dizer que são mal informados como os nordestinos que FHC queria matar afogado, mas não pode porque a água em São Paulo acabou.
Resta o consolo de ver, muito em breve, levas de retirantes paulistas indo buscar oportunidades noutras terras, onde a seca não os castigue e os prive do essencial. Muitos deles irão buscar guarida no Nordeste, que apesar dos sistemáticos insultos, ainda os receberá como irmãos da grande pátria brasileira.
Essa é uma diferença crucial que está expressa nas urnas: o voto com amor versus o voto com ódio.
Mas votando à pergunta do título, do porque Minas não votar em Aécio, além do voto mais generoso em quem é a favor das causas de justiça e inclusão social, pesa muito o fato de conhecerem o tucano. Já foi dito que se trata de um playboy diletante, que vive numa espécie de jet-set entre o Leblon e Brasília. Baladas, revistas de fofoca, amizades com globais e personalidades do mundo midiático dão o tom de sua vida. Tudo isso combinado com um estudado ar de desdém ou enfado com a atividade política, bem ao gosto dos que dizem odiar a política. Ou seja, Minas e o povo mineiro estão fora do seu itinerário.
Já se tratou também da questão dos serviços públicos em Minas. Concessões aos compadres, indenizações milionários aos parentes, espaços públicos construídos em terras particulares, com a chave no mão do primo, tudo feito ao arrepio da lei. O salários dos professores estaduais está abaixo do permitido em lei. Isso rendeu até uma alcunha ao partido de Aécio, o PSDB - Piores Salários do Brasil. A situação não é diferente na saúde, onde profissionais clamam por melhores condições de salários em sucessivas greves. Na segurança pública, o descaso se repete, com policiais e delegados tendo de mendigar.
Parece que a única política de estado efetiva em Minas é a de ampliação de aeroportos. Porém em cidades próximas umas das outras, sem serventia à população local, de mais do que questionável justificativa. Principalmente os próximos às terras de propriedade da família do candidato, sem qualquer relevância como bem público. Um desperdício absurdo, pago com o dinheiro do contribuinte, que talvez por isso rejeite ainda mais o ex-governador. Não se trata de debate sobre políticas públicas (que normalmente os eleitores do Aécio têm preguiça de discutir), mas da utilização do contado orçamento do estado para benefício de uma meia dúzia de apaniguados. Mas aí entra sua verdadeira tropa de choque em ação: os amigos da imprensa.
Existem diversos movimentos contra a brutal truculência de Aécio no tratamento a imprensa livre. Sim, porque na Globo e nos outros órgãos do PIG, ele se transforma numa afável figura. O movimento "Minas sem censura" vem denunciando há tempos os desmandos de Aécio, cujos aeroportos de Cláudio e Montezuma, dentro de suas propriedades são apenas a ponta do iceberg. Há denúncias de mau uso das verbas públicas em vários setores, inclusive na construção do novo Centro Administrativo do Estado.
É por essas e outras que o mineiro não se deixa enganar...
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