quarta-feira, 19 de maio de 2010

PIG SE DELEITA COM TRUCULÊNCIA ESTADUNIDENSE

A direita surtou! No momento atual, beira às raias da insanidade. A cobertura midiática regojizou-se ontem (18) ante ao pronunciamento de Hillary Clinton. Bonner, Waack, Jabour, et caterva – todos eles travestidos de Prof. Hariovaldo martelavam na cabeça dos espectadores o “fracasso” da missão brasileira. A virada de mesa ianque era motivo de júbilo dos nossos colonistas(*), os mesmos que, pouco antes haviam noticiado a contragosto os elogios e apoio da China, Rússia e França ao acordo, agora açulavam nas mentes perplexas o retorno do complexo de vira-latas.

Os EUA e seus fiéis cães de guarda têm costume de demonizar oponentes em sua propaganda, como no eloquente “Eixo do Mal”. É o país mais intervencionista do mundo – destino manifesto, doutrina Monroe, big stick, etc – por medo, oriundo de uma suposta conspiração contra eles. Foi essa a desculpa contra México, Cuba, Vietnã, Nicarágua, Afeganistão, Iraque e agora, o Irã. Três fatos escaparam à “atenção” da nossa imprensa: o pronunciamento da Ms. Clinton foi EM NOME das outras nações, ou seja, parece que eles detêm procuração sobre a soberania alheia. Mais: a diplomacia americana (ou a falta dela) havia sofrido a maior derrota dos últimos tempos. Por fim, apenas três países do mundo têm urânio e tecnologia capaz de beneficiá-lo: EUA, Rússia e Brasil.

Portanto, não era apenas solidariedade internacional que estava em debate. Os interesses do Brasil estavam sendo defendidos. Até porque o Irã, país soberano, tem pleno direito de usar energia atômica pacificamente, e mesmo se defender se necessário, pois Israel, seu inimigo declarado, possui armas de destruição em massa mais contundentes sob as bênçãos dos EUA. Alguém fala em sanções contra Israel, que vive a massacrar civis na Palestina?

Como os EUA que desrespeitam sistematicamente as resoluções internacionais (para não ir muito longe, os protocolos ambientais), que possuem um arsenal nuclear que dá para acabar com vários mundos, se arvoram juízes do mundo? Da onde advém essa suposta supremacia moral deles? O único país que soltou bombas atômicas sobre humanos, e duas, matando milhares de pessoas, agora quer recriminar que o Irã use o urânio, em nome de uma suposta ameaça à paz mundial? Como já foi feito em relação à farsa das armas químicas que não existiam no Iraque? O perigo para o mundo não é o Irã, são os EUA.

A guerra é o negócio mais lucrativo da América, já demonstrou Michael Moore. A defesa da “paz mundial” é artifício retórico para a venda de armamentos. Fomentar guerras é business, ainda mais quando sua economia interna enfrenta severa recessão. Mas isso não aparece noticiado pelo PIG. Além da oportunidade de lamber as botas dos patrões do norte, eles estão em tamanho êxtase diante de um possível retrocesso brasileiro, que todos os seus esforços estão concentrados na tentativa de diminuir a relevância que o Brasil adquiriu na comunidade internacional.

Essa campanha difamatória lesa-pátria ainda tem dupla função, pois é um bom motivo para se lançar a cortina de fumaça nas notícias nacionais, ignorando o “empate técnico” das últimas pesquisas eleitorais, além da propaganda política do DEM, ocupada integralmente pelo Serra, apregoando a união entre ricos e pobres. Logo eles, que quando se aboletaram no Planalto, logo no discurso de posse, disseram que “não haveria lugar para todos”.

(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.

Com inspiração no http://sakuxeio.blogspot.com/

Em tempo: um tijolaço do Brizola Neto, mostra como se comporta uma mídia que não é imparcial, mas é honesta: http://www.tijolaco.com/?p=14998 E também, as repercussões no site do The New York Times sobre a lambança de sua chancelaria http://www.tijolaco.com/?p=15034



4 comentários:

patrick disse...

Marco, o PIG se re refestela quando a secretaria de Estado da Casa Branca anuncia que o Irã apenas enganou a diplomacia de um pobre país emergente porque não consegue suportar uma política externa altiva e independente, que, aliás, quase sempre foi uma marca do Itamaraty. Existe uma verdadeira guerra política dentro desse ministério travada entre aqueles que acreditam que o Brasil deve, sim, assumir uma posição independete que pode, no futuro, sinalisar que outros países podem assumir sua autotutela na arena política internacional e aqueles que advogam o alinhamento incondicional com a potência americana. Desde que Lula assumiu a presidência a corrente nacionalista capitaneada pelo embaixador Samuel Guimarães tem conseguido feitos que os capachos de Washington jamais imaginariam em seus pesadelos mais tenebrosos. O Brasil ao dar vez ao diálogo multilateral tira o Irã do canto onde se encontrava e cria embaraços aos falcões que ansiavam por mais uma guerra para poderem,inclusive, fazer girar a economia estadunidense que sempre se valeu de guerras para se capitalizar e fugir de crises estruturais. No Brasil, o PIG sempre pode contar com os sabujos de plantão: os ex-embaixadores do país em Washington, notadamante os famigerados Roberto Abdenur, Marcos Azambuja, Rubens Barbosa entre outros. Estes estão sempre dispostos a endossarem a opinião do PIG na pessoa do William Waake e reafirmarem que a devido papel brasileiro é o de mero lacaio dos países centrais.

Marco disse...

No começo do seu comentário, você afirma que o Itamaraty sempre se pautou por uma política altiva e independente. Esse "sempre" se refere aos últimos oito anos, período em que Celso Amorim foi o ministro das Relações Exteriores, eu digo. Até porque, na época de Lampréia e Celso Lafer, esse o atual presidente da FAPESP, discípulo de Hannah Arendt, a pauta era o ALCA e a conduta era tirar os sapatos ao entrar nos EUA.
A notícia da carta de Obama a Lula, afirmando que a assinatura do bendito acordo traria confiança ao resto do mundo, reforça a tese de miopia do PIG quanto a um fato: é a maior derrota da diplomacia estadunidense. Os falcoões foram rejeitados na mesa de negociação, e truculência se responde com truculência. Veja esse link:
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4443134-EI7896,00-Acordo+com+Ira+criaria+confianca+disse+Obama+a+Lula+em+carta.html
Abstraindo o calor do momento e tentando analisar em perspectiva histórica, esse é o marco da perda de força dos EUA, que para manter o controle que exerce sobre os país mais pobres terá que recorrer à força com maior frequência. Até então, bastavam as ameaças.
O papel do Brasil, nesse novo contexto, não é o novo Império, muito longe disso, nem o de "polícia do mundo", mas sim o de país soberano, que RESPEITA a soberania alheia, e que tem como princípio o diálogo e a autodeteminação dos povos.

patrick disse...

Concordo com o seu comentário, Marco. Gostaria apenas de esclarecer um ponto: Tomando-se uma visão geral da atuação do Itamaraty, dentro do período histórico republicano, há sim um comprometimento com uma política ora altiva, ora independete, ora as duas coisas ao mesmo tempo. Talvez, o uso da palavra "sempre" tenha sido um pouco de exagero, mas vejamos: as relações exteriores do Brasil, muitas vezes, foi a pasta onde o país pôde exercitar, em alguma medida, seus músculos ao longo dos anos, contrapondo, por vezes, as políticas conservadoras internas, como no caso da administração de Jânio Quadros ou JK, por exemplo. Este último idalizou a política pananericana. No período militar, principalmente com o general de plantão da ocasião, Geisel, o Itamaraty chegou às raias da insolência, no ponto de vista de Washington, com o seu pragmatismo multipolar; ou no caso de Costa e Silva com o seu "latino-americanismo". Na época de Vargas, o Itamaraty tornou-se, por vezes, o bastião dos interesses nacionais em detrimento dos entreguistas. Mesmo na época da república velha, o Itamaraty, se não guardava a independência, guardava uma política altiva com as negociações empreendidas pelo barão do Rio Branco ao declinar do arbitramento de outras nações no caso das negociações das fronteiras do país ou ainda na difícil situação da Fruits Sindicate no Acre.
De modo que, como dito antes, mesmo governos autoritários e/ou conservadores exerceram a autonomia política do país através do Itamaraty e de seus quadros autamente bem preparados. A grande exceção fica, como vc bem disse, para os anos FHC e sua subserviência enojante na pessoa do Laffer e do Lampreia, aquele inclusive tendo se sujeitado a tirar os sapatos no aeroporto de Washington para passar pela humilhante avaliação de uma autoridade aeroportuária!!!

patrick disse...

Mudando de assunto, o que vocês acham de colocarmos no blog a logomarca lançada pelo tijolaço do Brizola Neto em nome da legalidade, que parece ser ameaçada pelos sabujos da elite nativa com a ameaça-até agora velada- de um golpe branco no STE. A logo diz que eleição se ganha no voto.
Vejam:
http://www.conversaafiada.com.br/politica/2010/05/26/brizola-relanca-campanha-da-legalidade-eleicao-se-ganha-no-voto/