quinta-feira, 16 de junho de 2011

Negociações salariais não serão ameaça inflacionária, diz Ipea

As negociações salariais de diversas categorias, que devem ocorrer no segundo semestre do ano, não representam uma "ameaça inflacionária" ao país. A avaliação é do coordenador do Grupo de Análises e Previsões do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea), Roberto Messemberg, que apresentou nesta quarta-feira (15) o boletim Conjuntura em Foco.

De acordo com o economista, por causa da elevada taxa de inflação acumulada nos últimos 12 meses, as negociações de dissídios tendem a ser duras. Para ele, patrões e empregados precisarão levar em conta, no entanto, que o índice deverá cair nos próximos meses, refletindo a diminuição de preços dos alimentos in natura, de matérias-primas agrícolas, além do etanol.

"As negociações serão duras, mas acho que as empresas não terão muito espaço para repassar [os possíveis reajustes] para preços porque as companhias que tentarem fazer isso serão punidas pela demanda em desaceleração [redução no ritmo de crescimento da economia]", disse Mesemberg. "Mas esses processos de negociação são normais e não vão emperrar o país. Tampouco levar a um estouro incontrolável da inflação", completou.

Segundo o boletim do Ipea, o mês de maio foi marcado pela queda de preços das commodities no mercado internacional. No Brasil, o movimento foi sentido mais rapidamente pelo setor atacadista, mas a tendência é que a redução seja repassada para o varejo nos próximos meses, influenciando uma diminuição da inflação. "A trajetória de alta da inflação encontrará uma inflexão", diz o documento.

O boletim também aponta para uma estabilidade da taxa de desemprego no país, devido ao ritmo menor de crescimento da indústria. Com isso, o Ipea estima uma migração de trabalhadores para o terceiro setor, fazendo com que a taxa de desemprego de 2011 fique próxima à de 2010 (5,7%). "Teremos um cenário com uma taxa menos volátil nos próximos meses", afirmou Messemberg.

Um comentário:

Marco disse...

Inobstante a greve enquanto direito (vou mais longe: é um dever dos trabalhadores organizados), no modelo lulista de desenvolvimento, onde a distribuição de renda acontece ao mesmo tempo em que há expansão do consumo, e conseqüente aumento dos lucros, só um patrão tapado deixa que ela aconteça.
Eu chiei quando o mínimo foi aumentado tão pouco, de 510 para 545. Acontece que há uma regra pré-acordada que leva em conta o crescimento do país e a inflação nos anos anteriores. Para 2012, já está garantido o valor de 616.
Quando o patrão é o governo, aí coisa fica absurda. Os chefetes querer ser mais realistas que o rei. Mas, na verdade, apenas jogam lenha num dos assuntos favoritos do PIG: a precariedade dos serviços públicos.