Apesar de seu um assunto datado, cuja colaboração da rede já foi feita, por motivos de força maior, apenas hoje eu consigo postar os meus comentários sobre o assunto. Adianto que nos rincões onde não passa outro canal que não seja a Globo, nem há banda larga, a repercussão foi considerável.
A entrevista com a Dilma foi fartamente comentada na blogosfera. Não assisti, mas li sua transcrição e fiz um exercício interessante depois. "Assisti" ao vídeo disponível no portal G1 com o áudio desligado (sugestão do blogueiro do Óleo do Diabo).
A Globo há muito tempo faz o jornalismo de caras e bocas. O representante mor desse estilo canastrão é William Waack, sempre presente, ali de maneira mais espontânea e descontraída (à vontade, diriam alguns) nas reuniões do Instituto Millenium. Mas ele tem um aprendiz à altura: a linguagem corporal do Bonner é reveladora: o tronco inclinado à frente, o dedo em riste, a exposição dos caninos, tudo isso maquiado pelo tom cordial da segunda voz da bancada, constrangida pelo ataque de fúria do marido.
Assiti ao vivo a entrevista com a Marina. A bancada do JN confunde as coisas. Eles (principalmente o Bonner) interpelam a candidata no meio da resposta. Acham que com isso estão “apertando”, mas na verdade querem direcionar as respostas. E os candidatos não são idiotas, é lógico que escapam.
Essa confusão evidencia, em minha opinião, a falta de conteúdo desses jornalistas, ao investirem em problemas supostamente espinhosos, privam o espectador das questões de fundo, reduzindo um debate que poderia ser rico à abordagem periférica, de temas polêmicos, porém inócuos. É o jornalismo das capas de revista de fofoca.
Parece que a ordem da direção era: “Não deixar o candidato fazer palanque”. Até aí, eu concordo, mas com isso eles inviabilizam o desenvolvimento das idéias, por mais simples que sejam.
A Dilma pagou caro por ser a primeira a se defrontar com esse estilo agressivo de pompom do casal JN. Foi surpreendente, mas ela criou um modelo de como lidar como essa falsa pressão que a bancada impõe. A Marina foi razoalvelmente bem, driblou os cortes que ia tomando. Mais da metade do tempo ficou amarrada nas questões da viabilidade da sua candidatura, sem poder falar de idéias e projetos. Está correta quando diz que a ecologia permeia todas as demais questões, mas mostra que o programa do seu partido não supera o entrave desenvolvimento econômico x sustentabilidade ambiental.
Quem a definiu, de maneira brilhante, foi o Plínio de Arruda Sampaio, no debate da Band: Ela é uma ecocapitalista.
Também presenciei os doze minutos de confraternização com José Serra. O mais interessante foi que ele mentiu impunemente sem os apartes e o tom de interrogatório deu lugar a uma amistosa digressão entre confrades, já que coadunam das mesmas idéias e comungam dos mesmos adversários. Ilustrações da cena: os vários pedidos de desculpa do Bonner e o comentário do candidato a uma pergunta: "Essa é uma ótima pergunta, William".
Porém, nada mais explícito que a mensagem que o Roberto Jefferson deixou no Twitter: "William Bonner e Fátima Bernardes facilitaram para o meu candidato. Foram mais amenos com ele".
Um comentário:
Essa é uma prática comum na Vênus Platinada. Vocês não se lembram da Míriam Leitão tirando a mordedura pra entrevistar os candidatos tucanos de 2002 e 2006?
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