segunda-feira, 2 de agosto de 2010

ENQUANTO O ASSUNTO MUDA

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Inverno em Alagoas. Muita chuva, Sol de vez em quando, a água dos rios baixando aos poucos, enquanto Agosto leva na correnteza os turistas. A vida segue o rumo, quase normalmente.

Dessa vez, muita alma interiorana viu a água levar mais do que lembrança e estória. Com ela rodou casa, rua, vida de gente e de bicho. A curva do rio perdeu a queda de braço, e quem ficou na frente foi junto.

Difícil acreditar, mas podia ter sido pior. A briga do Mundaú com as gentes aconteceu debaixo da luz do dia, e ele avisou do ataque. Deu tempo de correr, pelo menos pra maioria. No meio de quem ficou, o dono da mercearia, que disse "daqui não saio" e foi arrastado. Causos do fim do mundo, que esse acabou pra muitos.

A estrada de ferro, sem perna pra sair do meio, aprendeu a dançar forró, e na mexida da enxurrada ficou parecendo saia de moça, dando arranque no vento. O trem, coitado, já não toca mais a zabumba e nem apita. A barragem de Rio Largo ficou pouca e arriou, porque depois do baile a água não quis acordo, e nessa hora quem manda é ela.

Daí sujeito pergunta: "e agora?". Agora é misturar água, gente e política, pôr a massa no forno e ver se dali sai casa, mas essa receita precisa tempo pra fermentar. As cozinheiras vividas falam que em época de eleição demora mais, e o diacho do rio veio achar de fazer isso logo agora.

Na cozinha do desalento também é perigoso continuar usando a mesma fôrma, porque essa foi lavada na enchente, que não deixou bilhete dizendo que não voltava. O danado da estória é que o povo tem fome. Enquanto a receita fermenta, a barriga ronca, e no fim do dia ainda precisa de um lugar pra ir.
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Um comentário:

Marco disse...

Interessante não deixar o assunto morrer. Agora, a pauta de notícias televisivas é (nessa ordem): a advogada que foi morta pelo ex; o caso Elisa Samúdio x Bruno; o vazamento de petróleo no Golfo do México.
A hora em que somem os holofotes é quando as pessoas voltam a agir naturalmente, e nesse angú de água, gente e política, não devemos esquecer dos temperos: fé e esperança, além de mexer muito, pois o trabalho pela frente é colossal.
Esses extremos ambientais têm acontecimento com uma frequência absurda. Enquanto isso, o maior poluente do mundo evita o problema e desvia o foco da discussão, reduzindo o colapso das condições ambientais a mais uma inofensiva teoria da conspiração.
Isso que aconteceu aí não aconteceu, diriam os neocons. É tudo alarde dos ecochatos...