Nascido Eric Arthur Blair, em
1903, filho de um alto funcionário da marinha inglesa, estacionado no sudeste asiático,
este indiano de origem britânica leu suas primeiras letras na aristocrática
Academia de Eton. Desde então, demonstrou seu pensamento originalíssimo, expressando
desencanto com a sociedade da qual faz parte, e repudiando todo
intelectualismo e seu artificialismo.
Aos 19 anos, entra na Polícia
Imperial Britânica, voltando à terra-máter de seus ancestrais. Os cinco anos
entre Índia e Birmânia são suficientes para que ele deserte, revoltado com a
política colonial e imperialista dos ingleses. Voltando à Europa, renúncia à
sua origem burguesa, à fortuna, ao passado (que considerava vergonhoso) e ao
próprio nome, adotando o pseudônimo de George Orwell. Primeiro em Paris, como
operário, “linha” de fábrica, e depois em Londres, como professor primário,
sente, pela primeira vez na carne, o gosto amargo da opressão, da desigualdade.
Nesse contexto, inicia sua
produção literária. Um dos primeiros escritos é “O caminho para Wigan Píer”
(1937), onde descreve as condições de extrema miséria dos trabalhadores do
norte da Inglaterra, em meio aos quais viveu por algum tempo. Antes, já havia
produzido “Na Pior em Paris e Londres”, onde ataca ferozmente o posicionamento
dos escritores de sua época, revolucionários em tese, burgueses na prática. Já
reconhecido seu talento, assume posturas cada vez mais radicais em favor das
classes sociais baixas. Ao deflagrar-se a Guerra Civil Espanhola, em 1936,
sentiu que era ali o palco onde a história aconteceria. Justificou sua
participação em breves palavras: “naquela época, e naquela atmosfera, isso
pareceu a única coisa que podia fazer”.
Em 1937 já estava na Catalunha,
encerrando fileiras ao lado do P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista), juntamente aos anarquistas socialistas e não nas Brigadas Internacionais, os comunistas
ortodoxos. Ferido em combate, regressa a Inglaterra e escreve “Homenagem à
Catalunha” (também traduzido como ‘Lutando na Espanha’), em 1938, onde escancara
sua amargura e desgosto ante seu ocular testemunho.
Ao mesmo tempo decepcionado com a
rígida estrutura dos Partidos Comunistas fiéis aos ditames de Moscou, volta-se
para uma espécie de socialismo independente. Assim, se a Guerra o consolidou
como socialista revolucionário, também fez dele um anti-stalinista convicto. E
é na “Revolução dos Bichos” (1945) que retrata com grande habilidade o
totalitarismo e o aburguesamento do regime soviético, que, segundo ele, traiu a
revolução de 1917. Na realidade, não é o socialismo em si, mas o totalitarismo
(e todos os totalitarismos) que seus ataques pretendem atingir. Isso é mais
evidente anda em “1984”
(1949) que constitui uma condenação global de um universo maniqueísta, feito de
mentiras, traições e terror.
Escritor de uma sinceridade
incontestável, George Orwell testemunhou e viveu pessoalmente tudo que retratou
em sua obra. Seus melhores momentos baseiam-se na própria experiência. Além de
viver como lumpemproletário, ensinou em diversas escolas e chegou a criar galinhas e
plantar legumes, enquanto escrevia nas horas de folga. Morreu em 1950, aos 47
anos. Crítico violento do totalitarismo de qualquer espectro, da exploração das
massas trabalhadoras, do imperialismo e do colonialismo, pretendeu manter,
sobretudo um espírito independente e profundamente ligado à realidade vivida,
no que foi coerente até a morte.
4 comentários:
Precisávamos de mais "Orwells" no mundo!!!
Só uma correção, Orwell nasceu em junho e faleceu em janeiro, portanto no seu óbito tinha 46 anos.
Seria George Orwell (Eric Arthur Blair) parente de Tony Blair??? Carece pesquisa...
Vivemos, ao que parece, em uma espécie de universo orwelliano, não sob controle do Estado, mas da mídia, que faz o papel de Big Brother, tentando controlar nossas mentes. O governo dos E.Unidos, de certo modo, desempenha esse papel em escala mundial, lógico. Bem oportuna a postagem!
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