terça-feira, 6 de agosto de 2013

MASOQUISMO NO LIMITE

Acabei de me colocar na insuportável posição de espectador do Jornal Nacional.

Duas notícias foram dadas de afogadilho, no supetão, encavaladas entre o drama de uma família de PMs assassinada pelo filho e a troca de um comandante da polícia do Rio sem uma imagem, uma análise, uma reportagem:

1.ª A cesta básica caiu em TODAS as capitais pesquisadas;

2.ª A captação de recursos em poupança bateu recorde do mês de julho, quase 10 bilhões de reais.

Não deu tempo nem de curtir as boas-novas, logo cortadas por mais um reclame do Bradesco. Mesmo assim, só isso seria motivo de júbilo, na mesma proporção do catastrofismo com que se anunciou a alta do tomate, ou o deficit na balança comercial.

E uma reflexão: por que, ano após ano, conhecendo a sazonalidade das culturas que dependem do ciclo da terra para produzir, a globo continua fazendo terrorismo alarmista quando algum alimento sobe de preço?*

* O próximo vilão será o leite. Pode apostar.

Depois, a notícia que me tornou expectador do noticioso proxeneta: o propinoduto dos tucanos.

À muito contra gosto mencionaram, também de maneira fugaz, a sigla PSDB. Mas o enfoque foi todo no sentido de incriminar um lobista que supostamente fazia a articulação entre as empresas e o governo tucano paulista. Uma clara tentativa de inocentar Andrea Matarazzo. Protocolarmente, leram os comunicados das assessorias das empresas citadas na reportagem, e novamente deram palanque para Alckmin se fazer de vítima, num "desfocado migué", como diria o filósofo pós contemporâneo Neto.

Ir à justiça para obter os documentos da investigação do CADE quando os mesmos estão à disposição do Ministério Público do Estado, cujo chefe foi nomeado por ele mesmo é um jogo de cena bem mequetrefe para enganar tapado.

Meu ritual de masoquismo só não foi completo, com cilício e tudo, à la Opus Dei, pois os últimos comentários do Merval Pereira (aqui e aqui) se restringem ao jornal que já não serve nem para limpar a ... a Raimunda!


Um comentário:

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Muito bom, Marco. Vi em um blog por aí a seguinte indagação: será que agora Ana Maria Braga vai pendurar um vagão de metrô no pescoço? rsrs