quarta-feira, 21 de agosto de 2013

BIORWELLGRAFIA



Nascido Eric Arthur Blair, em 1903, filho de um alto funcionário da marinha inglesa, estacionado no sudeste asiático, este indiano de origem britânica leu suas primeiras letras na aristocrática Academia de Eton. Desde então, demonstrou seu pensamento originalíssimo, expressando desencanto com a sociedade da qual faz parte, e repudiando todo intelectualismo e seu artificialismo.

Aos 19 anos, entra na Polícia Imperial Britânica, voltando à terra-máter de seus ancestrais. Os cinco anos entre Índia e Birmânia são suficientes para que ele deserte, revoltado com a política colonial e imperialista dos ingleses. Voltando à Europa, renúncia à sua origem burguesa, à fortuna, ao passado (que considerava vergonhoso) e ao próprio nome, adotando o pseudônimo de George Orwell. Primeiro em Paris, como operário, “linha” de fábrica, e depois em Londres, como professor primário, sente, pela primeira vez na carne, o gosto amargo da opressão, da desigualdade.

Nesse contexto, inicia sua produção literária. Um dos primeiros escritos é “O caminho para Wigan Píer” (1937), onde descreve as condições de extrema miséria dos trabalhadores do norte da Inglaterra, em meio aos quais viveu por algum tempo. Antes, já havia produzido “Na Pior em Paris e Londres”, onde ataca ferozmente o posicionamento dos escritores de sua época, revolucionários em tese, burgueses na prática. Já reconhecido seu talento, assume posturas cada vez mais radicais em favor das classes sociais baixas. Ao deflagrar-se a Guerra Civil Espanhola, em 1936, sentiu que era ali o palco onde a história aconteceria. Justificou sua participação em breves palavras: “naquela época, e naquela atmosfera, isso pareceu a única coisa que podia fazer”.

Em 1937 já estava na Catalunha, encerrando fileiras ao lado do P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista), juntamente aos anarquistas socialistas e não nas Brigadas Internacionais, os comunistas ortodoxos. Ferido em combate, regressa a Inglaterra e escreve “Homenagem à Catalunha” (também traduzido como ‘Lutando na Espanha’), em 1938, onde escancara sua amargura e desgosto ante seu ocular testemunho.

Ao mesmo tempo decepcionado com a rígida estrutura dos Partidos Comunistas fiéis aos ditames de Moscou, volta-se para uma espécie de socialismo independente. Assim, se a Guerra o consolidou como socialista revolucionário, também fez dele um anti-stalinista convicto. E é na “Revolução dos Bichos” (1945) que retrata com grande habilidade o totalitarismo e o aburguesamento do regime soviético, que, segundo ele, traiu a revolução de 1917. Na realidade, não é o socialismo em si, mas o totalitarismo (e todos os totalitarismos) que seus ataques pretendem atingir. Isso é mais evidente anda em “1984” (1949) que constitui uma condenação global de um universo maniqueísta, feito de mentiras, traições e terror.

Escritor de uma sinceridade incontestável, George Orwell testemunhou e viveu pessoalmente tudo que retratou em sua obra. Seus melhores momentos baseiam-se na própria experiência. Além de viver como lumpemproletário, ensinou em diversas escolas e chegou a criar galinhas e plantar legumes, enquanto escrevia nas horas de folga. Morreu em 1950, aos 47 anos. Crítico violento do totalitarismo de qualquer espectro, da exploração das massas trabalhadoras, do imperialismo e do colonialismo, pretendeu manter, sobretudo um espírito independente e profundamente ligado à realidade vivida, no que foi coerente até a morte.

4 comentários:

Márcio Scott Teixeira disse...

Precisávamos de mais "Orwells" no mundo!!!

Márcio Scott Teixeira disse...

Só uma correção, Orwell nasceu em junho e faleceu em janeiro, portanto no seu óbito tinha 46 anos.

Márcio Scott Teixeira disse...

Seria George Orwell (Eric Arthur Blair) parente de Tony Blair??? Carece pesquisa...

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Vivemos, ao que parece, em uma espécie de universo orwelliano, não sob controle do Estado, mas da mídia, que faz o papel de Big Brother, tentando controlar nossas mentes. O governo dos E.Unidos, de certo modo, desempenha esse papel em escala mundial, lógico. Bem oportuna a postagem!