É preciso reconhecer a falta de atitude da campanha do PT em face da candidatura da moda. Acostumados à polarização contra o PSDB (que, derrotado, vive seu ocaso), o PT permanece inerte diante dos novos movimentos ocorridos no tabuleiro político.
Pode ser ausência de iniciativa ou excesso de confiança. Ou uma conjunção dos dois fatores, em escala variada. Há relatos das pesquisas internas do PT que desmentem os levantamentos do ibope ou do datafolha. Contudo, mesmo na cúpula do partido já existe a certeza do 2.° turno.
Na verdade, não é isso que interessa para o povo. Também é picuinha a discussão sobre a interferência religiosa no programa apresentado pelo PSB. Posições anticientíficas, união homoafetiva, e demais exigências dos pastores da comitiva marineira têm sua importância para um nicho de pessoas específicas, mas numa escala nacional, três temas são essenciais nesta eleição:
PRÉ-SAL
O Globo anunciou em primeira página que a candidata do PSB,
Marina Silva, planeja reduzir a importância do pré-sal na produção de
combustíveis. Num encontro com produtores de etanol, na Feira
Internacional de Teconologia Sucroenergética (Fenasucro), em
Sertãozinho, Marina, para foi ovacionada quando disse: “temos que sair
da idade do petróleo”. E também quando prometeu disse vai revigorar o
álcool, dando incentivo para os produtores do setor.
O governo estima que em dez anos o Brasil extrairá US$ 112,5 bilhões
em recursos para a área de saúde e educação com o pré-sal. E que em
pouco tempo o país se tornará um exportador de petróleo.
Isso significará não apenas a nossa auto-suficiência energética, mas o
Brasil também se tornará um país mais importante do ponto de vista
geopolítico.
É isso que está em jogo e que incomoda profundamente os falcões
americanos. Eles não querem o desenvolvimento do Brasil e muito menos o
nosso fortalecimento internacional. Um Brasil forte não interessa aos EUA. Desde sempre.
E por isso, sempre houve pressão para que a extração nas camadas de
pré-sal fosse entregue a grandes empresas privadas, se possível
americanas. E não fosse realizada pela Petrobras. Os gringos querem o pré-sal para eles.
BANCOS PRIVADOS
Com
Marina, os bancos privados ganharão mercado, hoje dominados pelos
bancos públicos. O programa de governo de Marina Silva (PSB) à
Presidência defenderá
mudança na política de crédito do governo federal, criando mecanismos
para que os bancos privados possam aumentar sua participação em relação
aos bancos públicos, como Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.
Os principais pontos do programa foram antecipados por Maria Alice Setúbal, a Neca, herdeira do Itaú, e Mauricio Rands, ambos responsáveis pela coordenação do plano de governo de Marina. "Queremos ampliar o mercado de crédito criando mecanismos para que os bancos privados possam participar mais percentualmente", afirmou Rands, no comitê de campanha de Marina, em São Paulo.
Os principais pontos do programa foram antecipados por Maria Alice Setúbal, a Neca, herdeira do Itaú, e Mauricio Rands, ambos responsáveis pela coordenação do plano de governo de Marina. "Queremos ampliar o mercado de crédito criando mecanismos para que os bancos privados possam participar mais percentualmente", afirmou Rands, no comitê de campanha de Marina, em São Paulo.
BANCO CENTRAL
Atualmente, o Banco Central não tem autonomia formal, já que seu
gestor é escolhido pelo presidente da República, autoridade máxima do
país, eleito democraticamente pelo povo. Por extensão, podemos dizer,
então, que o gerente do Banco Central representa as necessidades do povo
e atua em consonância com o governo eleito por ele e que, por sua vez,
luta por políticas (dentre elas a econômica) que beneficiem a população
que o elegeu. O BC tem, hoje, autonomia operacional para atingir as
metas determinadas pelo governo. Dar ao Banco Central autonomia formal
seria dar independência aos diretores do banco, que passariam a ter
mandatos soberanos. Essa independência se daria em relação às
autoridades que expressam a soberania popular.
A autonomia do Banco Central é uma medida fundamentalmente
neoliberal. Os adeptos dessa teoria acreditam que o salário e o emprego
se mantêm estáveis pela autorregulação do mercado, portanto é
desnecessária (e eles acreditam ser prejudicial) a interferência do
Estado nas questões econômicas. A crise econômica por que passou – e
ainda passa – grande parte das nações, que sofrem com os efeitos
devastadores de uma política neoliberal que causou o desemprego de 60
milhões de pessoas por todo o mundo é a prova de que o neoliberalismo
econômico é nocivo, mesmo em um sistema capitalista.
Em um artigo publicado recentemente no Financial Times, sugestivamente
intitulado “A era dos bancos centrais independentes está chegando ao
fim”, o economista chefe do HSBC, Stephen King, aponta nesta direção ao
dizer que “não se pode seguir falando de independência dos bancos porque
eles criam ganhadores e perdedores”.
King não é uma exceção. O ex-assessor da Reserva Federal de Nova York, Zoltan Pozsar, e o economista que cunhou o termo “banca nas sombras”, Paul Mc Culley, sugeriram em um artigo sobre a emissão de dinheiro eletrônico ou aceleração quantitativa, que os bancos centrais devem trabalhar seguindo as ordens dos ministérios de finanças para coordenar medidas fiscais e monetárias que ajudem a lidar com a crise atual.
O Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, arrematou este debate dizendo que, na verdade, tratava-se de um equívoco, uma ilusão ou um engano deliberado. “Não há realmente instituições independentes. Todas têm que prestar contas. A questão é para quem”, disse Stiglitz em uma conferência na Índia neste mês de janeiro.
King não é uma exceção. O ex-assessor da Reserva Federal de Nova York, Zoltan Pozsar, e o economista que cunhou o termo “banca nas sombras”, Paul Mc Culley, sugeriram em um artigo sobre a emissão de dinheiro eletrônico ou aceleração quantitativa, que os bancos centrais devem trabalhar seguindo as ordens dos ministérios de finanças para coordenar medidas fiscais e monetárias que ajudem a lidar com a crise atual.
O Prêmio Nobel de Economia, Joseph Stiglitz, arrematou este debate dizendo que, na verdade, tratava-se de um equívoco, uma ilusão ou um engano deliberado. “Não há realmente instituições independentes. Todas têm que prestar contas. A questão é para quem”, disse Stiglitz em uma conferência na Índia neste mês de janeiro.