Quem fez mais mal ao mundo: a religião ou os bancos? Antonio Abujamra quase sempre lança esta pergunta em suas provocações. O que em si já é surpreendente, haja vista o lapso temporal dos bancos ser muito menor que o das religiões. Já Bertold Brecht dizia que melhor que roubar um banco é fundar um. Essas considerações vêm no esteio do texto que o Banco Santander enviou junto com os extratos advertindo aos clientes que a reeleição da presidenta Dilma Rousseff implicará na piora da economia do Brasil.
O sistema financeiro internacional falando mal do governo brasileiro, primeiro com Lula e agora com Dilma, não são uma novidade propriamente dita. Nem mesmo a descarada campanha eleitoral contra os petistas causa espanto. Em 2002, o Goldman Sachs inventou o "lulômetro", um suposto modelo que vinculava a variação cambial do real às pesquisas eleitorais. Lógico que o resultado dizia que a cada vez o Lula subia, o dólar disparava. A escalada apocalíptica acompanhou os últimos 12 anos, criando o difuso clima de pessimismo já mencionado em discursos oficiais, mas que não encontra eco na realidade. Dilma disse na sabatina do UOL que o mesmo pessimismo pré Copa está direcionado agora para a economia, com a agravante de que a economia é feita de expectativas. Apenas em 2014, citemos o Deutsche Bank, que alertou os investidores sobre o "risco" da eleição de Dilma. Depois, representante do Saxo Bank da Dinamarca disse que a situação macroeconômica do Brasil é a pior dos 35 países que ele visitou, por culpa dos brasileiros que votam errado. Ganham espaço no PIG ainda as consultorias a serviço dos abutres de olho nas nossas empresas públicas. A Humaitá investimentos e a Magliano corretora fizeram prognósticos semelhantes: pesquisas que indiquem queda, seja nas intenções de voto ou no índice de aprovação, os papéis das estatais na Bolsa (Petrobrás, Banco do Brasil, Eletrobrás) sobem. Aos desavisados, esse é o trabalho de gente como Armínio Fraga, da Gávea investimentos.
A Empiricus Consultoria é hors concours no segmento de prometer o caos e oferecer o abrigo. O Brasil vai acabar e estamos ferrados, caso a Dilma seja reeleita, na análise de Felipe Miranda, sócio da empresa. Fazer do horror econômico uma arma de vendas é algo muito próximo da vigarice, na reflexão de Paulo Nogueira, do DCM. E diz mais: com a notoriedade alcançada, apesar das fracas analises e da ética duvidosa (ou talvez por isso mesmo), logo Miranda estampará uma coluna no PIG, seja qual for o tentáculo. Basta falar mal do PT.
Bob Fernandes sintetizou bem essa linha de raciocínio: o “mercado” não quer Dilma. E diariamente o PIG dá voz preferencial, quando não única, ao “mercado”, que nada mais é que o
sistema de bancos e demais instituições financeiras. No Brasil, apenas 4 dos bancos tiveram lucro líquido de R$ 50 bilhões
em 2013, maior que o PIB de 83 países no mesmo ano
passado. O resto é conversa mole e disputa pelo
Poder.
Do meu lado, fico encucado com a seguinte situação: por que as pessoas teimam em acreditar nesses arautos do desgraça? A Copa acabou a menos de um mês, e todas as previsões negativas quando à realização do evento deram com os burros n'água. Era para ser um momento de total descrédito dos profetas da catástrofe. Contudo, eles reapareceram na maior cara dura repetindo a mesma ladainha! E, o que mais me espanta, os incautos ainda lhes dão ouvidos!
Só há paralelos - no meu ponto vista - com aquelas previsões de fim dos tempos. Mas aqui estamos falando de uma espécie de "voz religiosa" - e como na pergunta do Abujamra, de novo religião e bancos se confundem. "Há dois mil não chegaríamos" segundo Nostradamus, e eu vivi minha infância e adolescência aterrorizado por causa do futuro que não conheceria. Depois, teve o bug do milênio, a segunda vinda, a grande tribulação, a ruptura pelos terremotos, o Armagedom, o efeito Júpiter, a profecia Maia e continuamos aqui, esperando que um dia o mundo realmente acabe. Aí, eles poderão dizer: tá vendo? Eu avisei!
Mantendo a esperança de um mínimo de objetividade no noticiário político das eleições, recebo com alegria a novidade (para mim) do manchetômetro, um site que acompanhará a eleição de 2014 focado na cobertura que a mídia dará ao evento, principalmente o tripé de jornais do PIG (Folha, Estadão e o Globo), criado e mantido pelo Laboratório de Estudos de Mídia e Esfera Pública da
Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Exclui-se da pesquisa, por enquanto, as coberturas por meio de revistas, rádios e emissoras de televisão.
Os gráficos disponíveis até agora são perturbadores. É o mais próximo que conseguimos chegar dos porquês da onda de pessimismo que percebeu nossa presidenta. Sobre a nossa economia, em 2014 foram 109 manchetes negativas contra apenas 4 positivas. Sobre instituições políticas e governança, o quadro é ainda mais desolador: 116 menções negativas e 2 positivas. Nas séries históricas, são reveladas outras situações antes apenas intuídas, como o fogo cerrado contra Lula e a blindagem a FHC. Há pesquisas da eleição de 2010, onde é possível apurar que pouco ou nada mudou no padrão jornalístico do PIG.
Eles falam para um séquito de escolhidos, o 1%, e não têm medo de se alienar do concreto. Uma vez desmascarados, sem sequer pedir desculpas ou reconhecer seus erros, reiniciam o ciclo de escaramuças contras os forças populares e acobertamento dos interesses da classe que representam. Esse processo só se extinguirá com a criação de um canal de comunicação direto com o povo, que consiga furar o embargo midiático imposto pelo PIG.
Um comentário:
Só coxinha macaco de auditório da Globo pra acreditar em catástrofe, vide Petrobrás:saiu hoje matéria com a maior produção de petróleo da história do país feita em junho com 2.246 barris diários extraidos e com prognósticos de crescimento de extração de mais barris.
...Enquanto isso, rede coxinha em crise,com 150 demissões na sub via RBS,audiências caindo 10% todo mês...Crise na audiência no campeonato brasileiro, F1 as traças indo pro SportCoxinha...E as terras de Montezuma Griladas e com aeroportos de fazer Caçapava ter inveja...quá quá quá quá.rs
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