quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A DIMENSÃO HISTÓRICA DE EDUARDO CAMPOS

Morreu hoje, aos 49 anos, Eduardo Campos. Ainda estou chocado. E, na falta de melhores adjetivos, estarrecido com a repercussão da tragédia. Tempos de facebook, whatsupp, twitter, que faz o ultrapassado jornalismo marrom parecer pueril, coisa de uma era romântica, que não volta mais.

Não assisto televisão, exceto alguns jogos de futebol. Logo, não estou dando à mínima para as comentadas entrevistas no Jornal Nacional. Pouco me importa como os candidatos estão se saindo perante o Bonner e a Patrícia Poeta, dois péssimos auxiliares para qualquer eleitor.

Mas o fato é que não me incluirei entre os que fazem homenagens fúnebres hipócritas, discursos laudatórios como se a passagem para o mundo espiritual fosse a redenção de todos os deslizes terrenos. Penso que a forma mais sincera de respeito é manter as ideias e moderar as palavras, e o momento requer reflexão e meditação

Muito menos me ajuntarei ao coro de hienas que fazem troça de um drama familiar, como se fosse mais um capítulo do stand-up seguido com fervor. Ou ainda, dos calhordas que estão confabulando em como tirar vantagem política da morte do pernambucano.

Sempre achei péssimo que, no Brasil, a 3.ª via seja uma candidatura de centro. E nas últimas três eleições, esse campo político representa o eleitor que tem vergonha de votar nos tucanos, por tudo que fizeram enquanto mandatários, mas não tem coragem de votar no PT, seja pelo preconceito incutido desde longa data, seja por comprarem fácil o discurso midiático antipetista.

Como figura histórica, Eduardo Campos foi o maior expoente da 3.ª via. Neto de Arraes, herdou algumas bandeiras sociais desde o berço, ainda que flertasse com o mercado. Ouvi dizerem: o socialista que gosta de empresários. Já em termos de estatura política, o coloco no mesmo patamar de Marina Silva e Cristóvão Buarque: costelas estirpadas (por vontade própria) do projeto de país oferecido pelo PT, mal tratados na imprensa enquanto governo, ganharam alguns holofotes depois de bandearam para a oposição, para em seguida hibernarem numa espécie de exílio.

Que descanse em paz.

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