quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Um traquinas incomoda muita gente, dois traquinas incomodam muito mais



A quinta-feira acordou com a notícia de que José Serra telefonou para Gilmas (Dantas) Mendes. Uma pergunta é imediata: o que será que os dois traquinas conversaram? Será que conversaram sobre amenidades da vida cotidiana? Diz a reportagem da Folha de São Paulo que Serra tratou o ministro com um afável "meu presidente". Parece ou não uma daquelas conversas amistosas de mesa de bar? Ah! esses dois traquinas...

Muita gente anda sentindo cheiro de golpe no ar. Seria, sem dúvida, um aggiornamento da "bala de prata,pois, enquanto muitos esperavam algum fato "bombástico" para desestabilizar na reta final a candidatura de Dilma eis que aparece a dupla de traquinas para arrumar um cenário no qual a eleição, muito provavelmente ganha já no primeiro turno pelo PT - é colocada sob suspeita por conta de um imbróglio jurídico qualquer. Será que Serra tem um ministro de prata pra chamar de seu?

Como enrredo é bastante chinfrim, mas pode funcionar muitíssimo bem se não ficarmos com os ouvidos bem atentos aos desdobramentos da cada vez mais confessa inclinação do senhor Gilmar (Dantas) Mendes. Será que o ministro foi chamado às falas pelo candidato da direita golpista? Serra vê sua campanha se esvaziar dia após dia. Seu útimo ato público - como pode ser visto na reportagem do uol : http://eleicoes.uol.com.br/2010/ultimas-noticias/2010/09/29/serra-marca-final-da-campanha-com-ato-esvaziado-em-sao-paulo.jhtm de campanha - aconteceu com um público menor do que o previsto e sem a presença de importantes figuras políticas. Ao que parece os ratos abandonaram o navio e deixaram o carísmatico capitão para trás.

Não é nada, não é nada, mas já é alguma coisa o que informa outra reportagem da uol (disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/poder/806833-exigencia-de-documento-com-foto-para-votar-cria-novo-clientelismo-no-maranhao.shtml) que a exigência exigência de documento com foto para votar esta criando uma nova situação de clientelismo eleitoral no Maranhão. No Maranhão, cabos eleitorais pagam o transporte para jovens de famílias de baixa renda tirarem a carteira de trabalho, e ficarem aptos para a votação. A oferta pressupõe o compromisso de voto nos candidatos que bancam a viagem com recursos provenientes de uma pessoa ligada ao grupo de Roseana Sarney...

Está ou não está parecendo o tipo de denúncia, bastante grave é verdade, que pode ser utilizado para melar a votação e deslocar a decisão do âmbito popular para a sala de um tribunal? Realmente é preciso estar alerta. Essa turma não é de brincadeira.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quem vigia os vigilantes?

Na linha do post anterior sobre o quarto poder, eu me pergunto sobre se ainda há termos de relação amistosa entre o PIG e a futura presidenta Dilma Roussef. O nível da baixaria chegou a níveis alarmantes de torpeza e indecência. O curioso é que nem todos os representantes do andar de cima compraram a ideia do apocalipse anunciado com a eleição da candidata do PT, mas diversos representantes por procuração desse pessoal (notadamente o PIG e alguns figurões do alto escalão)se colocaram a serviço da difamação pura e simples.

Um traço de desfaçatez parece ajudar a azedar a relação : a odiosa falácia da insenção. Não me parece haver nada de errado se o JN ou a Veja ou o editorial da Folha ou qualquer outra porcaria do gênero deixasse claro aos seus consumidores que apoiam o José Serra e elencasse os seus motivos. Sabemos que entre os motivos estão pendores ideológicos, mas em grande medida tem a ver com fluxo de caixa e influência política nos destinos do país. Podemos não concordar com os motivos, mas sem dúvida seria mais honesto.

Existe no ideario político criado no Ocidente pós revoluções liberais do século XVIII XIX um fetiche da liberdade, embora não se saiba muito bem o que é essa tal liberdade. O PIG se coloca como defensor dessa condição. Embora me pareça que eles entendam que o povo deva ter liberdade apenas para consumir os produtos de seus anunciantes e votar de 4 em 4 anos nos seus candidatos, qualquer outra exercício de qualquer outra acepção da palavra é duramente criticado e combatido. Bom, o fato é que o PIG se arvora defensor perpétuo e inconteste dos valores democráticos, se coloca como vigilante. Mas uma pergunta incomoda a alguns: QUEM VIGIA OS VIGILANTES?

Já foi dito em outros blogs progressistas como o Conversa Afiada, por exemplo, que Dilma não é o Lula. Isso significa que Dilma pode não ter a mesma disposição que Lula para a contemporização com os seus detratores- um traço marcante da política brasileira. Ainda é um exercício de imaginação tentar prever como se dará a relação entre o PIG e futura presidenta. Os dois caminhos são possíveis: o PIG abaixar as armas frente uma esmagadora quantidade de votos que se anuncia, o que traduz em amplo apoio popular que pode eventualmente ser mobilizado em defesa de reformas; ou o PIG partirá para o confronto aberto como se deu na Venezuela Ambas as hipóteses guardam desdobramentos impossíveis de precisar agora, mas ambas são plausíveis.
Enquanto aguardamos os próximos acontecimentos: a vitória irretocável de Dilma e o naufrágio da coligação Demo-tucana, precisamos redobrar a atenção com relação aos movimentos do PIG nesses dias que antecedem a eleição.

Por fim, gostaria de postar uma livre tradução de um artigo sobre Dilma feito pelo semanário inglês The Independent mostrando um breve perfil seu o que a sua eleição representa para o país nesse momento:

A mulher mais poderosa do mundo será conhecida no próximo fim de semana. Muito vigorosa aos 63 anos, esta antiga líder da resistência a ditadura (que a torturou) se prepara para assumir o posto de presidente do Brasil.
Como chefe de Estado, a presidente Dilma Roussef excederá em importância a chanceler alemã Angela Merkel e a secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton: seu país gigantesco com cerca de 200 milhões de habitantes regozija-se com a descoberta de milionários campos de petróleo. O crescimento econômico do pais rivaliza-e com o da China, algo que a Europa e os Estados Unidos apenas podem invejar.
Sua vitória amplamente predita, na eleição do próximo domingo, será saudada por milhões de eleitores. Marca o último suspiro do "estado de segurança nacional", um arranjo tramado pelos governos conservadores dos Estados Unidos e da Europa com o devido zelo para limitar reformas democráticas. Responsável por um nocivo status quo que manteve grande parte da população em absoluta pobreza enquanto favorecia amplamente a pequena elite ligada aos seus interesses.
A senhora Roussef, filha de um imigrante búlgaro e de uma professora, se aproveitou de fazer parte, como primeira ministra, do governo muito bem avaliado de Luis Inácio Lula da Silva, antigo líder sindical, mas com um histórico de determinação e sucesso (que inclui a aparente cura de um câncer linfático), esta esposa, mãe e avó está prestes a brilhar por ela mesma. As pesquisas demonstram a evolução de uma incontestável liderança nas intenções de voto - de mais de 50% comparado com menos de 30% - em cima de seu rival mais próximo, um desinteressante centrista chamado José Serra. Pouquíssimas pessoas duvidam que ela ocupará o palácio do Alvorada em Janeiro.
Assim como o presidente do vizinho Uruguai, José Mujica, A senhora Roussef não sente vergonha de seu passado como guerrilheira, o que incluiu combater os generais de plantão e cumprir pena como presa política. Quando criança, em Belo Horizonte, sonhava em ser bailarina, bombeiro e trapezista de circo. As freiras, em sua escola, a levaram, em um passeio de escola, a uma das áreas mais pobres de sua cidade para mostrar àquelas crianças a desigualdade existente entre a pequena classe mediam e a vastidão da pobreza. Ela se lembrou de quando um jovem pedinte bateu à porta da casa de sua família e ela rasgou ao meio uma nota e a dividiu com ele, sem saber que a nota deixara de ter valor.
(...)
A senhora Roussef pretende convidar o presidente Mujica do Uruguai para a sua posse. Os presidentes Evo Morales da Bolívia, Hugo Chavez da Venezuela e Fernando Lugo do Paraguai - outros bem sucedidos líderes latino americanos que sofreram, assim como ela, incessantes e impiedosas campanhas denigridoras por parte da mídia - também estarão lá. Será uma celebração da decência política - e do feminismo.

O texto completo pode ser lido em inglês na pagina: http://www.independent.co.uk/news/world/americas/the-former-guerrilla-set-to-be-the-worlds-most-powerful-woman-2089916.html



segunda-feira, 27 de setembro de 2010

QUARTO PODER


A expressão “Quarto Poder” é aplicada geralmente à mídia. No Brasil, através do PIG, resta evidente seu caráter fascista. Um punhado de famílias, agindo em conluio, a la Camorra, determina a agenda política do país, fabricando escândalos, assassinando reputações, tomando partido deliberadamente de candidaturas que representam a elite antipatriótica. Quem se insurge, segundo seus editoriais furiosos, atenta contra a liberdade de imprensa. Balela. Conversa fiada. Ninguém vota no Quarto Poder, ninguém exerce sobre ele o controle e a vigilância ditos republicanos, mas eles continuam tramando contra a democracia.

Mas o termo Quarto Poder, em círculos jurídicos, também faz referência ao Ministério Público. É um órgão público fiscalizador do cumprimento da legislação vigente, dos direitos difusos e coletivos, e como os demais poderes, tem autonomia política e financeira em relação aos demais.

Assim como o Quarto Poder midiático, não se submete ao crivo do voto popular.
Assim como o Quarto Poder midiático, influência o cerne dos acontecimentos políticos da nação.
Assim como o Quarto Poder midiático, quando usado por maus profissionais, se torna sensacionalista, inquisidor e difamatório.
Assim como o Quarto Poder midiático, se arvora defensor das instituições nacionais.
Assim como o Quarto Poder midiático, tem constituição elitizada. No caso, por causa dos mecanismos que regem os concursos públicos: ou se exige dedicação integral dos postulantes, desonerando os candidatos de qualquer outro trabalho que não o preparo para as provas, ou senão caímos na armadilha dos preparatórios, verdadeiros caça-niqueis, que atraem jovens dispostos a pagar fortunas ante a possibilidade de um bom cargo.
Assim como o Quarto Poder midiático, tem honrosas exceções, que nos fazem jamais esquecer de sua importância e necessidade.

Poderia discorrer sobre a teoria da tripartição dos poderes, oriunda da pena do Barão de Montesquieu, cujo título explicita quais interesses defendia. É um dos pilares do modelo político que foi adotado como unânime no Ocidente: a República fundada sob uma Constituição, em que o povo apenas escolhe representantes e não participa diretamente das decisões. Não há hierarquia assumida, mas é nítido que o Legislativo é a fonte das leis, que acabam direcionando a ação do Executivo, e os conflitos entre estes dois poderes, bem como entre particulares, ou entre Estado e indivíduo, são mediados pelo Judiciário, um apêndice tecnicista nesta doutrina. É censitário, afasta do povo a possibilidade de exercer o poder, cuja única alternativa de correção é a escolha de representantes em absoluta sintonia com os cidadãos, o que no mundo real vira letra morta.

Mas não é esse o foco. E sim o alerta ao fato do Ministério Público ser usado como tribuna. Quando duas comadres, no exercício de seus “mandatos” de vigilantes da moral e da ordem, expressam suas opiniões de classe, eivadas de ressentimento. É a velha confusão do interesse público e particular. Quando os dois “Quartos Poderes” se estimulam à mútua conspiraração. A menos de dez dias do primeiro turno, a vice-procuradora-geral eleitoral Sandra Cureau diz que nunca viu uma eleição como a de 2010 e critica a participação de Lula no processo. Leia trechos do amistoso bate-papo:


Eliane Cantanhêde - Qual o balanço que a sra. faz das eleições de 2010?
Sandra Cureau - Foi uma das eleições mais complicadas de que eu participei. Talvez tenha alguma coisa com o fato de eu ser mulher, mas acho que têm acontecido coisas incríveis. Pessoas se negam a dar informações que têm de dar, agressões e verdadeiras baixarias, principalmente em blogs. Fico pensando: será que, se fosse um homem, fariam a mesma coisa, tão à vontade? Há certa desobediência às decisões do TSE, certo desprezo pelo Ministério Público Eleitoral por parte de algumas autoridades.
Eliane Cantanhêde - Qual o papel do presidente da República nisso, já que ele desdenha das multas e se referiu à senhora como "uma procuradora qualquer"?
Sandra Cureau - Quando ele diz que eu sou "uma procuradora qualquer por aí", ele reduz a instituição Ministério Público Eleitoral a alguma coisa qualquer. Por isso, houve reação tão veemente por parte da OAB e das entidades de magistrado e de Ministério Público. A reação foi geral. Aliás, a própria manifestação de São Paulo é consequência do que se está vivendo nesta eleição.
Eliane Cantanhêde - A sra. se refere ao "Manifesto pela Democracia", assinado por dom Paulo Evaristo Arns, ex-ministros da Justiça, outros juristas e intelectuais?
Sandra Cureau - Exatamente
Eliane Cantanhêde - Eles dizem ser "constrangedor o presidente não compreender que o cargo tem de ser exercido na plenitude e não existe o "depois do expediente'". A sra. concorda?
Sandra Cureau - É, e é complicado, porque a gente nunca teve esse tipo de problema antes. Não porque os presidentes não fizessem campanha para seus candidatos, mas eles faziam tendo presente que eram chefes da nação. Era de uma maneira mais republicana, ou mais democrática, não sei que palavra usar.
Eliane Cantanhêde - Como a sra. avalia a participação de Lula nesta eleição?
Sandra Cureau - Eu acho que ele quer, a qualquer custo, fazer a sua sucessora. É por isso que, como dizem no manifesto, ele misturou o homem de partido com o presidente. Aquela coisa de não aceitar a possibilidade de não fazer a sucessora. A impressão que eu tenho é a de que ele faz mais campanha do que a própria candidata. Nunca vi isso, é quase como se fosse uma coisa de vida ou morte para ele.
Eliane Cantanhêde - Como a sra. reage à posição do presidente, que recebe uma multa, duas, três e...
Sandra Cureau - ...não está nem aí. Isso faz parte de todo um quadro, e não é uma multa que vai parar isso, ainda mais que são multas baixas.

...

Eliane Cantanhêde - E a acusação de que há um complô da imprensa a favor de um candidato?
Sandra Cureau - Não vejo, até por uma razão muito simples. Se houvesse um complô a favor de um candidato ou contra o outro, ele estaria lá nas alturas.

domingo, 26 de setembro de 2010

DO PÓ AO PÓ

Fernando Gabeira, ex-guerrilheiro, advogado da legalização das drogas, a favor do casamento gay e do aborto, diz que o Brasil será assaltado por uma “Onda Verde”

Com correspondentes



O maior arauto da chamada “terceira via” brasileira, Fernando, o Gabeira, confia que sua candidata à presidente, Marina Serra, irá ao segundo turno por conta da “Onda Verde”. Segundo o candidato ao Governo do Rio de Janeiro, tal onda se alastra pelos mais distintos rincões do país afora. Gabeira, enrolando alguns cigarrinhos santinhos com a cúpula do seu partido, esbanjou confiança na virada da campanha: “Ninguém, nem Deus, nem Jesus Cristo, nos tira do segundo turno”, disse.

Quem disseminará a onda verde serão as Igrejas Evangélicas. O pastor e amigo íntimo de Gabeira, Silas Malafaia, declarou apoio à candidata do PV. O conferencista mantendo um discurso coerente com seus princípios, pediu votos através de seu twitter. Silas disse mais: “espero que, se Dilma ganhar, vocês que são cristãos não fiquem envergonhados, e não se calem diante de coisas que virão por aí, e que só o tempo poderá nos mostrar. Sinceramente, honestamente, gostaria de estar equivocado em relação às posições do PT. Não ficarei triste se o tempo mostrar que estou equivocado nestas questões, porque no tempo presente, elas são a realidade dos fatos.”

Em meio a uma inexplicável neblina dentro de sua sala de estar, Gabeira, Silas e Marina explicavam: “Não usamos a propagação do medo como cabo eleitoral. Nossa campanha é limpa, clean, light, baseadas em propostas”, disse Gabeira se derretendo em elogios ao fiel público da zona sul carioca. Assim, o Rio de Janeiro assume o papel de vanguarda como estado separatista da União. “Nossa militância é muito aguerrida. Sinta a maresia...”, disse Gabeira que recentemente aposentou sua tanga de chochê.

Já Marina conclamou a força do seu eleitorado cristão. “Vejo pessoas tentando associar fé cristã a conservadorismo. Quem quiser ser dogmático e conservador não use a Bíblia como referência. Quem quiser ser machista ou discriminar, que o faça por sua conta”. Num pequeno arroubo de radicalismo, logo contornado por correligionários, Marina foi além: “Não vou usar o púlpito como palanque e não vou satanizar ninguém. O amor que Deus tem por mim, Ele tem por Dilma, Zé Ladeira e Levy Fidelix.”

Um assessor não identificado, calvo, com olheiras e gengivas pronunciadas fechou o elo do cerco que a democracia sofre no Brasil: “O que vem incomodando essa gente é que a imprensa vem apresentando notícias que mostram abusos, nepotismo e maracutaia com o dinheiro público. Essa imprensa incomoda os donos do poder. E é só isso. Não é nenhuma objeção doutrinária que eles têm. É uma posição de conveniência. Não há país democrático no mundo sem imprensa livre. Aqueles que perseguem hoje a imprensa vão mais tarde perseguir credos religiosos. E essa perseguição não tem fim”.

Rumores dão conta que a Senadora Kátia Abreu, do DEM-TO e Presidenta da Confederação Nacional da Agricultura – CNA, também costura uma aliança ampla em torno do nome de Marina Serra. “É a hora de uma mulher chegar ao poder”, afirmou. Ronaldo Caiado, do DEM-GO e da UDR, também tomará parte no projeto: “Você já se alimentou hoje? Agradeça a um produtor rural”, afirmou, montado em seu cavalo branco.

sábado, 25 de setembro de 2010

ISTOÉ SE DESCOLA DO PIG

Reportagem intitulada "A Onda Vermelha", marca distanciamento da revista Istoé e do seu corpo editorial da campanha raivosa movida contra o Presidente da República e sua sucessora, cuja legitimidade está amparada nos 80% de aprovação popular. Pode ser apenas medo de perder as verbas publicitárias, mas o conteúdo demonstra bem a que ponto o PIG chafurda.

http://www.istoe.com.br/reportagens/paginar/102658_A+ONDA+VERMELHA/10

De cima a baixo no País, o eleitor apoia a continuidade e tende a garantir uma quase inédita maioria governista no Congresso
Octávio Costa e Sérgio Pardellas


Na esteira da candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, uma onda vermelha está tomando conta do País. No início da corrida eleitoral, essa imagem foi cunhada pelos estrategistas da campanha do PT para motivar a militância. Mas, agora, tornou-se realidade. As pesquisas de opinião revelam a supremacia dos candidatos governistas na maioria dos Estados, o que poderá garantir a um eventual governo Dilma ampla maioria na Câmara e no Senado. Surfando numa maré mais favorável do que aquela que levou o ex-metalúrgico Lula ao Palácio do Planalto em 2002, os candidatos da base aliada aos governos estaduais lideram as eleições em 19 das 27 unidades da Federação. Na disputa pelas cadeiras do Senado, a onda vermelha é tão volumosa que deverá eleger 58 dos 81 representantes e deixar sem mandato quadros históricos da oposição. Na Câmara, os partidos governistas devem conquistar 401 dos 513 assentos. “Acho que vamos assistir a uma vitória esmagadora dos partidos da coalizão do governo”, prevê o presidente do Instituto Brasileiro de Pesquisa Social, Geraldo Monteiro.
Não bastasse a liderança em 21 Estados, Dilma está na frente de José Serra (PSDB) em locais em que Lula foi derrotado pela oposição em 2006. Apesar da oscilação registrada na última semana, a ex-ministra está perto da vitória em antigos redutos oposicionistas como São Paulo, Santa Catarina e Paraná. Na maioria dos Estados em que ela lidera as pesquisas, os candidatos que apoia também estão na dianteira. Bons exemplos são o Rio de Janeiro e a Bahia, onde os governadores Sérgio Cabral (PMDB) e Jaques Wagner (PT) são favoritos para se reeleger no primeiro turno. Como exceções aparecem Minas Gerais, com Antonio Anastasia (PSDB) na liderança, e São Paulo, onde Geraldo Alckmin (PSDB) supera Aloizio Mercadante (PT). No Paraná, a onda vermelha já proporcionou uma grande virada. As últimas pesquisas mostram que o tucano Beto Richa, antes favorito ao governo, perdeu o primeiro lugar para Osmar Dias (PDT). Reviravoltas também têm ocorrido na disputa para o Senado. Até então cotado para uma das vagas do Rio, Cesar Maia (DEM) foi ultrapassado pelo ex-prefeito de Nova Iguaçu Lindberg Farias (PT). No Amazonas, Arthur Virgílio perdeu o segundo lugar para Vanessa Grazziotin (PCdoB). Em Pernambuco, Marco Maciel (DEM), segundo colocado atrás de Humberto Costa (PT), foi ultrapassado por Armando Monteiro Neto (PTB).
A inédita sintonia fina entre Executivo e Legislativo, a partir de 2011, trará benefícios para o Brasil. Caso se confirme a sólida maioria no Congresso do possível futuro governo Dilma Rousseff, o Brasil terá finalmente a chance de aprovar as mudanças estruturais que se fazem necessárias há anos, como as reformas política e tributária. “A agenda congressual a partir do ano que vem exigirá a votação das reformas. Com maioria no Legislativo e vontade política, será possível avançar nessas questões”, afirma David Fleischer, cientista político da UnB. Outro aspecto importante é a possibilidade da formação de uma concertação política, composta por partidos aliados chancelados pelo desejo popular. Desde a redemocratização do País, os governos construíram suas maiorias pelas artes do fisiologismo e das políticas do toma-lá-dá-cá, numa espécie de balcão de negócios em pleno Congresso. Nesse novo cenário, queiram ou não, deputados e senadores serão levados a participar de uma ação conjunta, na qual é de esperar que os objetivos políticos se sobreponham à visão patrimonialista do mandato.
Há quem afirme que a concentração de poder nas mãos do Executivo, com o Legislativo dócil à vontade do Planalto, pode permitir uma recaída autoritária. O temor não se justifica. Não há ambiente no Brasil para esse tipo de surto. As instituições são sólidas e democráticas, e não há espaço para mudanças constitucionais em benefício de um partido, como aconteceu na história do México, onde o PRI controlou a vida política por 71 anos, graças ao domínio da máquina pública. “O que aconteceu no México foi muito diferente. O PRI chegou ao poder quando a economia mexicana, a sociedade e os políticos eram muito rudimentares e eles forjaram instituições para guiar o desenvolvimento em todas as áreas. Já o PT emergiu no momento em que a economia e as instituições já estavam consolidadas”, compara o brasilianista Peter Hakim, presidente do Interamerican Dialog.
Contrariando todas as evidências, intelectuais e setores da elite, em São Paulo divulgaram, na semana passada, um manifesto em defesa da democracia e da liberdade de expressão. Um dia depois, o Clube Militar, no Rio de Janeiro, instituição marcada pelo apoio ao antigo regime de exceção que infernizou o País por 20 anos, promovia um inusitado painel de debates para discutir também supostos riscos à democracia no País. Tanto o documento do grupo de intelectuais quanto os debates dos militares ficaram a um passo de questionar a própria legitimidade da eleição de Dilma, em razão da participação do presidente Lula na campanha. Ambos não levaram em conta que a legitimidade brota das urnas. Embora o eleitor manifeste maciçamente sua intenção de votar pela continuidade das políticas oficiais, a opinião pública não vem sendo espelhada na ação de alguns agentes do processo político. O que parece ter sido esquecido no manifesto oposicionista de tendências golpistas é que a democracia é exercida pelo voto.
O temor de uma vaga autoritária por parte do governo é deslocado da realidade. Não reflete o momento que o Brasil vive. Não há sinais concretos de que o presidente Lula tenha atentado contra a liberdade de imprensa. Ele vem fazendo apenas críticas pontuais, direito que não pode ser negado a qualquer cidadão, muito menos ao presidente. De resto, desde a luta contra a ditadura, Lula mostrou-se defensor intransigente das liberdades democráticas. “É incrível como as pessoas ficam empurrando o Lula para o chavismo, quando ele tem permanentemente se recusado a cruzar essa fronteira”, rebate o ex-ministro Delfim Netto, com a ironia de sempre. Delfim tem razão. A não ser que o observador da cena nacional, assustado com a onda vermelha, queira ver chifre em cabeça de cavalo.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

SETEMBRO SÓRDIDO

Os últimos 23 dias, segundo a Folha de São Paulo

Tudo começou com uma quebra de sigilo...



Nesse momento surgiu a denúncia da Carta Capital, envolvendo a filha de Serra com a irmã de Daniel Dantas. A Folha foi obrigada a mudar de assunto:

A forçada de barra da Folha gerou uma resposta imediata no Twitter -- o movimento #DilmaFactsByFolha, com pérolas do tipo: "Erro de Dilma causou a inclinação da Torre di Pisa" ou "Dilma falou para o comandante do Titanic: 'vai que dá!'".
A Folha ficou sem assunto durante uma semana, até a publicação da capa da Veja, com denúncias contra Erenice Guerra. Logicamente, o assunto foi para a capa, sem qualquer tipo de verificação. (Com relação à matéria de capa da Carta Capital, a Folha está "apurando" até hoje.)

Dias depois, a Folha estampa em sua capa a declaração de um ex-presidiário, ex-falsário, ex-receptador de mercadoria roubada, ex-filiado do PSDB, que ela chama de "consultor":

A soma das acusações atingiu seu objetivo, e o jornal não deixa de associar o escândalo à Dilma:

No dia seguinte o "respeitável" jornal "abusa" das "aspas" para manter Erenice na capa:

Novo dia, nova tentativa de associar Dilma ao escândalo envolvendo o filho da ex-acessora:

Na falta de escândalos, vai isso mesmo:

Nova pesquisa do Datafolha, manchete sob encomenda para a campanha do Serra:


Comentários finais

Muitas das capas publicadas eram sobre coisas que -- revelaram-se depois -- eram fatos pequenos, transformados em escândalos. Por exemplo a quebra de sigilo da filha do Serra, ou as filmagens das falas do Lula nos comícios.
Até hoje a Folha não publicou nada sobre as denúncias da Carta Capital contra Veronica Serra; já as denúncias de Veja, são publicadas imediatamente.
Aliás, se você olhar as capas dos últimos 23 dias, não encontrará nada contra Serra ou contra o Governo de São Paulo
Alguma dúvida sobre a razão pela qual Lula afirma que a imprensa deveria assumir que tem candidato?

Pesquisa e estômago do Capitão Óbvio
http://capitao-obvio.blogspot.com/2010/09/os-ultimos-23-dias-segundo-folha-de-sao.html

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

BALA DE PRATA

Sem levar em conta a possibilidade (real) de golpe midiático, a eleição brasileira caminha para ser resolvida no 1.º turno, com a vitória da continuidade do Governo Lula, através de sua sucessora, Dilma Roussef. Um projeto que mostra saldo bastante favorável. Não que seja o melhor dos cenários imagináveis, mas é um governo que investe muito mais que qualquer outro na área social e que mantém a economia em alta, como mostram os índices de crescimento. Tudo isso sem contrair empréstimos junto ao FMI ou outros países, pelo contrário: o Brasil de hoje é credor na praça.


A candidatura de oposição do PSDB/DEM, pouco acostumada a ser oposição, continua sem rumo. Num primeiro instante, Serra tentou passar a imagem de “amigo” do Lula. Não colou, principalmente porque foi desmentido pelo próprio Presidente. Além disso, Serra é cria de FHC, o que ele tenta esconder a todo custo, por ser um ex-presidente impopular, que vendeu o patrimônio público a preço de banana para seus compadres, deixando o país quebrado, no arrocho e no desemprego.


Uma série de outros equívocos pontua a campanha serrista. Antipático por natureza, Serra tenta parecer um político carismático, próximo ao povo, coisa que não é nem está no seu perfil. Além de estranho, ficou ridículo ser chamado nos comerciais e jingles de “Zé”, bem como a favela cenográfica, nada a ver com a realidade.


Agora, como é tradição nessas campanhas políticas, começou a apelação. Não tendo nem argumentos, nem projeto para o país, Serra e os marqueteiros da sua campanha começam a espalhar boatos. Com esses boatos tentam incutir o medo nas pessoas, a ameaça, o terror. Nessa estratégia de marketing os grandes meios de comunicação (Globo, Revista Veja e Editora Abril, alguns jornais paulistas) ficam reproduzindo o material que será usado na campanha do Serra.


Foi assim na história do sigilo fiscal. Foi assim na história da propina na Casa Civil. Tentaram incriminar pessoalmente a Dilma (como já fizeram antes com o próprio Lula). O acesso ao sigilo fiscal da patotinha do PSDB foi em 2009, quando Serra nem era candidato, estava envolvido numa guerra suja com Aécio Neves para ver quem seria o candidato do PSDB. Serra e seus aliados da grande imprensa tentaram assassinar a reputação do Aécio, acusando-o de viciado em cocaína e até de bater em mulher. Esse é o método do Serra. Na caso da suposta propina, aparece na Veja um tal de Fábio Bacarat que faz lobby para uma MTA. A empresa nega qualquer contato com Fábio, que pessoalmente desmente o conteúdo da “reporcagem”. Depois, aparece na Folha e na Globo o estelionatário Rubens Quícoli em nome da ERBS, que também, de chofre, nega contato com o falsário. A história está todinha desmontada no Blog do Nassif.


Voltando ao caso de sigilo, as verdadeiras perguntas não foram feitas: Qual o benefício da candidatura apoiada por Lula, com 80% de popularidade na suposta “espionagem”? Se fosse o caso de “espionagem” porque não acessar os dados direto na fonte, e sim numa delegacia da receita federal de uma cidade da Grande São Paulo? Em que a divulgação desses dados prejudica a candidatura tucana? Para que existe o sigilo bancário e fiscal? Como isso funciona em outros países? É do interesse público o acesso à contabilidade das empresas e dos empresários e mais recentemente, dos políticos?


Recebi esse arquivo em anexo. É mais uma tentativa covarde de desqualificar a Dilma, com se ela fosse a vilã na história e o soldado que defendia a ditadura uma vítima! É como se a história mostrasse os soldados nazistas bonzinhos, com suas famílias, entre flores e violões, sendo atacados pelos malvados aliados. Inverteram os papéis, pois o único lado da justiça, de uma pessoa de bem naqueles tempos, era lutar pela democracia. A Ditadura militar no Brasil fez muitas vítimas (muito mais na sociedade do que dentro dos quartéis), mas a maior de todas foi o povo brasileiro, que viveu sufocado na repressão durante 21 anos.


Reflitam a respeito e repassem para que mais pessoas possam ter consciência de que novamente querem dar um golpe no povo brasileiro.





Quando tirarem as minhas pernas andarei com as pernas do povo.

Se eles tirarem os meus braços, gesticularei com o braço do povo.
Se tirarem meu coração, amarei com o coração do povo.
Se tirarem minha cabeça, pensarei com a cabeça de vocês.
Porque não adianta esquartejar e salgar a carne como fizeram com Tiradentes.
A carne você mata...
Mas as idéias sobrevivem.” (LULA)

domingo, 19 de setembro de 2010

10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA

O linguista Noam Chomsky elaborou a lista das “10 Estratégias de Manipulação” através da mídia



1. A Estratégia da Distração

O elemento primordial de controle social é a estratégia da distração, que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e mudanças determinadas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundação de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir o público de se interessar pelos conhecimentos essenciais na áreas da ciência, economia, psicologia, neurobiologia e cibernética.
“Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja, como os outros animais (citação do texto “Armas silenciosas para Guerras tranquilas”).

2. Criar problemas e depois oferecer soluções

Esse método também é chamado “problema-reação-solução”. Se cria um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, afim de que este seja o solicitante das medidas que se deseja fazê-lo aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar ataques sangrentos, afim de que o público demande por leis de segurança e políticas de restrição da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para para se fazer aceita com um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.

3. A Estratégia da graduar

Para fazer que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradualmente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É desta maneira que condições sócio-econômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que não garantiam rendimentos decentes, tantas mudanças que provocariam uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.

4. A estratégia de adiar

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é apresentá-la como “dolorosa e necessária”, obtendo a complacência pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro porque o esforço não é exigido imediatamente. Depois, porque o público, a massa, tem sempre a tendência de esperar ingenuamente que “tudo irá melhor amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isso dá mais tempo para o público se acostumar com a idéia da mudança e aceitá-la com resignação quando chegue o momento.

5. Dirigir-se ao público como se fossem crianças

A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximo da debilidade, como se o espectador fosse uma criatura de pouca idade ou um deficiente mental. Quanto mais se pretende enganar ao espectador, mais se tende a adotar o tom infantil. Por que? “Se se dirige a uma pessoa como se ela tivesse 12 anos ou menos, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de senso crítico, típica de uma pessoa dessa faixa etária”. (ver “Armas silenciosas para Guerras tranquilas”)

6. Utilizar o aspecto emocional muito mais que a reflexão

Fazer uso das emoções é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim, no senso crítico dos indivíduos. Por outro lado, a utilização dos registros emocionais permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou injetar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou ainda induzir comportamentos....

7. Manter o público na ignorância e na mediocridade

Fazer com que o público seja incapaz de compreender as técnicas e métodos usados para seu controle e escravidão. “A qualidade da educação dada às classes inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que que a diferença de conhecimento que paira entre as classes inferiores e superiores seja e permaneça impossível de ser alcançada pelos indivíduos das classes inferiores”. (ver “Armas silenciosas para Guerras tranquilas”)

8. Estimular o público a ser tolerante com a mediocridade

Propagar no público a crença de que é moda ser estúpido, vulgar e inculto...

9. Reforçar a auto penitência (flagelo)
Fazer o indivíduo crer que somente ele é culpado por sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de sua capacidade ou de seus esforços. Assim, ao invés de se rebelar contra o sistema econômico, o indivíduo se penitencia e se culpa, o que gera um estado depressivo, cujo efeito é a inibição de sua ação; E sem ação, não há revolução!

10. Conhecer aos indivíduos melhor que eles mesmos se conhecem

No transcurso dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado um crescente hiato entre os conhecimentos do público e aqueles possuídos e utilizados pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” desfruta de um conhecimento avançado do ser humano, tanto do seu corpo quanto psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo se conhece. Isso significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos, maior que o que os indivíduos são capazes de exercer.

Tradução do AntiPIG do texto publicado em:
http://gramscimania.blogspot.com/2010/09/noam-chomsky-y-las-10-estrategias-de.html

Depois de toda trabalheira, achei o mesmo texto já traduzido desde 2007:
http://vidadecachorro.wordpress.com/2007/12/05/estrategias-de-manipulacao/

sábado, 18 de setembro de 2010

MOMENTO DE REFLEXÃO

Sei que os ânimos estão exaltados nessa reta final da eleição. Ante a possibilidade do campo democrático e popular "extirpar" a corja do DEM, e de roldão o PSDB, unido até a médula ao primeiro, as forças do atraso colocaram toda artilharia a pleno funcionamento. A baixaria, a torpeza, o assassinato de reputações corre solto.
Mesmo assim, convido os leitores a um momento de reflexão. Assistam esse pequeno vídeo. Na verdade, basta o áudio.
É interessante responder a indagação proposta: nos "anos de chumbo", quem eram os "terroristas"? Ou que se insurgiram contra a ditadura militar ou os próprios militares, que se apossaram do Estado e do seu aparato repressor?

Adianto que o termo "terrorista" tem uma acepção vaga, imprecisa. Passou a ser utilizado com frequência por George Bush e seus asseclas, para se referir a qualquer opositor ao regime expansionista norte-americano. Juridicamente, apesar do caráter reacionário dos doutrinadores e membros do poder judiciário, esse termo não tem definição.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

PROMESSAS DESESPERADAS

Nos raros momentos de trégua na campanha infame que move contra sua adversária, virtualmente eleita, Serra tem sido recorrente na promessa de aumentar o salário mínimo para R$ 600,00. O que um candidato desesperado não faz? Ainda mais esse candidato, o que não tem escrúpulos e é capaz de passar um trator sobre a mãe, segundo Ciro Gomes*.

Entre 2003 e 2010, o Governo Lula elevou o salário mínimo de R$ 200,00 para R$ 510,00, um aumento de 255%. Em abril de 2003, o mínimo correspondia a US$ 63,88, abaixo do que foi implantado no plano real, em 1994 (US$ 64,79). Em 2011, o salário mínimo superará US$ 312,00, no câmbio atual, quintuplicando seu real poder de compra.

Transcrição da fala de Serra:
“O aumento da própria receita acontecerá com o aumento do salário mínimo porque aumenta o recolhimento das empresas. É preciso também cuidar de recursos que estão sendo mal utilizados e desperdiçados e dos subsídios de crédito oferecidos pelo BNDES. Eu não vou dar subsídios que não estejam no orçamento. Enfim, isso partirá de rearrumação geral das contas e de cortes de desperdícios, de cortes de gordura e com isso poderemos colocar o mínimo de R$ 600 que também servirá para ativar a economia”.

Por que nos oito anos de governo PSDB eles não pensaram nenhuma vez nisso? Por que o dinheiro do BNDES foi usado para financiar o PROER naquela época (2,5% do total do PIB. Em 2005, valor o valor atualizado era de R$ 44,23 bilhões)**? Por que o BNDES financiou as privatizações, prejuízo incalculável em termos econômicos, estratégicos, de soberania nacional e qualidade nos serviços prestados à população?

No governo FHC, o valor do Salário Mínimo nunca ultrapassou os US$ 110,00, alcançando seu pico com US$ 108,89 em maio de 1998, de afogadilho e na véspera da reeleição. Neste triste período de oito tenebrosos anos, o salário mínimo indexado em dólares regrediu, pois em 1995 atingiu US$ 104,82, e em abril de 2002, no apagar das luzes, caiu para US$ 73,71.

Mas a patacoada não pára por aí:
“Eu anunciei que, no ano que vem, o salário mínimo será R$ 600 e não R$ 538, como o governo anunciou. Eu fiz todo um estudo econômico a esse respeito e tenho certeza que dá para implantar um salário mínimo desse valor. Isso vai acontecer, eu tenho conhecimento em economia”.

Ele fez estudo? Ele tem conhecimento em economia? Por que então o governo do qual fez parte (inclusive como Ministro do Planejamento) foi uma tragédia econômica? Por que eles dilapidaram o patrimônio público? Por que eles explodiram a carga tributária, o que hoje covardemente imputam ao atual governo***? Por que, na época, ele não botou seus dois neurônios para pensarem?

O Brasil de hoje dispensa os “estudos” desse “jênio”. No governo Lula, o salário mínimo é superior à US$ 200,00, desde março de 2008. O seu crescimento é gradativo, o aumento é real, constante, fazendo parte da política governamental, independente de eleições. Alguns ainda se incomodam: as dondocas estão tendo que suar, ou para pagar o mínimo para as domésticas, ou para elas mesmas realizarem as tarefas do lar.



P.S.: Nem tudo são flores. Em comparação com salário necessário segundo o DIEESE, estamos com pouco mais de um quarto do necessário. Há progressos (no governo FHC mal passava de 15%), mas eles não podem parar por aqui. O Brasil deve seguir mudando.


* A afirmação do Ciro Gomes está aqui: http://www.conversaafiada.com.br/antigo/?p=23100
** Sobre o preço que o Brasil pagou pelo PROER: http://pt.wikipedia.org/wiki/Programa_de_Est%C3%ADmulo_%C3%A0_Reestrutura%C3%A7%C3%A3o_e_ao_Fortalecimento_do_Sistema_Financeiro_Nacional
*** Evolução da Carga Tributária: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carga_tribut%C3%A1ria
As frases do Serra foram extraídas daqui: http://www.vitrinedocariri.com.br/index.php?option=com_content&task=view&id=32803&Itemid=15
Tabelas e indexação do Salário Mínimo: http://pt.wikipedia.org/wiki/Sal%C3%A1rio_m%C3%ADnimo




quarta-feira, 15 de setembro de 2010

PIG: Mais do mesmo

É fato que o PIG e os seus diletos empregados não conseguem engolir o fato de que Dilma leva essa eleição no primeiro turno de braçada. O desespero é tão grande que vale qualquer coisa, qualquer coisa mesmo desde ataques levianos como os que Serra nos brinda todos os dias em sua fatia do horário gratuito (impressionante como ele simplesmente não tem outro assunto e não consegue apresentar provas das coisas que diz) até as previsões tiradas da cartola feitas pela mulambada empregada pelo PIG. Os tais jornalistas têm se esforçado bastante e com muita diligência - a verdade seja dita - para conseguir arrancar algum eleitor de Dilma e arrastá-lo para as hostes demo-tucana. Não faltam exemplos, todos os dias, do esforço, de fidelidade canina, que os PIG boys praticam no intuito de desconstruir a candidata do PT e o próprio Partido dos Trabalhadores.
É bem verdade que o PT não é mais o partido que foi sonhado pelos seus fundadores e que, segundo o Mino Carta, mais se aproximou, no Brasil, do que seria um Partido político genuíno dentro de uma visão de tipos ideais weberiano, mas certamente o PT ainda guarda uma boa distância de partidos como o DEM ou o PSDB. Um exemplo dessa diferença pode ser exemplificada pelo comentário feito por Josette Sheeran, diretora do Programa Mundial de Alimentação da ONU. Segundo a diretora: "O Brasil está batendo a fome e nenhum outro país do mundo fez igual. Arremata ainda notando que programas como o Bolsa Família têm evitado que famílias vulneráveis voltem a cair no ciclo de fomos geradas pelas crises e que "graças a programas como esses, o Brasil conseguiu evitar que a crise dos alimentos nos anos 2007 e 2008 tivesse um impacto negativo". É bom lembrar que essas crises são endêmicas do capitalismo e são ainda mais virulentas quando vêm acompanhadas pela desrregularização dos mercados - que anda fora de moda, mas que é e sempre será a eterna paixão dos liberais e que aqui foi tentada pela coligação demo-tucana em seus oito famigerados anos de governo.
Esse pequeno exemplo atesta a gigantesca diferença constitutiva entre o PT e os demais partidos da oposição brasileira, mas a mulambada do PIG todo dia se esforça e muito para fazer a diferença nessa campanha. Hoje me deparei com a coluna de uma senhora chamada Eliane Cantanhêde, diligentíssima funcionária da folha (he he he) escrevendo sobre o lado obscuro do PT e deixando de forma subreptícia entendido que um reino de terror e trevas se aproxima com a continuação do governo do PT.
Acompanhem a brilhante linha de pensamento da funcionária da folha:

15/09/2010 - 11h26

"A declaração de que o PT terá mais poder com Dilma do que com Lula, feita pelo ex-ministro José Dirceu, eterno presidente de fato do partido, é motivo para reflexões, avaliações e projeções muito sérias. Até porque - ou principalmente porque - o PT tem sido um ausente do discurso de Dilma na campanha.

A equação não fecha: Dilma disfarça o partido, mas o partido vai ter ainda mais poder no governo dela?

No debate Rede TV!/Folha, no domingo à noite, Dilma relegou mais uma vez o PT ao segundo plano, referindo-se ao 'presidente Lula' e ao 'nosso governo' como os seus verdadeiros partidos. Mas Dirceu entregou o jogo: o PT é que vai dar as cartas no governo Dilma - que, não custa lembrar, era do PDT até outro dia.

A julgar pelas pesquisas, o PT vem numericamente forte por aí. Vai fazer uma bancada grande e experiente no Senado (calcanhar-de-Aquiles de Lula) e tende a ultrapassar o PMDB como maior bancada na Câmara. (Aliás, desbancando a candidatura do peemedebista Henrique Eduardo Alves para a presidência da Casa.)

O PT, então, será o líder no Congresso de uma imensa tropa formada desde o PCdo B ao PP de Maluf, depois de já ter transformado a CUT, o MST e a UNE em agências do governo, financiadas com recursos públicos; já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES; e estar em vias de 'extirpar' a oposição, como disse Lula sobre o DEM, enquanto ataca pessoalmente os tucanos Tasso Jereissatti no Ceará e Arthur Virgílio no Amazonas.

E aí entra a fala de Dirceu: 'A eleição de Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político'. Leia-se: Lula foi um meio para se chegar a um fim, ao tal 'projeto político'. Agora, falta explicar exatamente do que se trata, antes que o governo e o projeto se instalem. Dilma entregou um programa 'hard' de manhã ao TSE e, de tarde, retirou e entregou outro 'light'. Até agora, não se sabe ao certo qual é para valer.

Um dos laboratórios do 'projeto político' de Dirceu foi a liderança do PT na Câmara antes da eleição de Lula, que atuava e respirava conforme Dirceu mandava. Era ali o foco dos dossiês, das CPIs, das denúncias de todo tipo contra Collor, contra Itamar, contra Fernando Henrique, contra tudo e contra todos os demais.

E não é que foi dali que saíram Erenice Guerra, José Dias Toffoli, Márcio Silva? Saíram direto da central de dossiês contra adversários para o comando do país.

Erenice surgiu meio do nada e virou ministra da Casa Civil, principal cargo do governo. Toffoli é um ótimo sujeito, mas tinha todas as desvantagens e nenhum dos atributos para ser ministro, nada mais nada menos, do Supremo Tribunal Federal. E o tal do Márcio Silva é advogado da campanha de Dilma e dono de um escritório meteórico que, como diz o Painel da Folha de hoje (15/09/10), 'é assunto de advogados há muito estabelecidos em Brasília'.

Dilma teve a consideração de indicar a amiga e braço-direito Erenice Guerra como sua sucessora na Casa Civil. Mas, agora que a Casa Civil caiu (de novo) sob o peso da parentada toda dele, teve a desconsideração de rebaixá-la à condição de 'mera assessora'.

Deve estar aí a chave da questão: tem hora de esconder e tem hora de mostrar. É o PT das Erenices dos dossiês, do aparelhamento e do patrimonialismo que vai tocar o 'projeto político' em curso no país?

E com o inestimável apoio do PMDB, evidentemente."

(retirado de http://www1.folha.uol.com.br/colunas/elianecantanhede/799110-o-pt-de-dirceu-que-dilma-esconde.shtml)

É mole ou quer mais??

1) Pelo texto desta senhora inferimos que Lula governou totalmente desligado do PT e sem nenhuma ligação programática com o partido; e agora o terrível PT irá das as cartas em um governo Dilma. (putz!)

2) Cadê alguma prova para sustentar a acusação - grave, por sinal - que "ter transformado a CUT, o MST e a UNE em agências do governo, financiadas com recursos públicos; já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES" é a mesma tática do sósia do Sr. Burns.

3) O que exatamente funcionária da folha quer dizer com programa "hard" e programa "light"? subrepticiamente a funcionária da folha quer implicar que instituir e ampliar reformas que possam colocar em xeque mesmo que alguns dos eternos privilégios da turma seria algo "hard" algo execrável, coisa de comunistas maldosos, comedores de criancinhas.

E por aí vai... Fica difícil saber onde termina o preconceito e começa a canalhice. Pra terminar, um videozinho de uns meses atrás pra aqueles que não conhecem a senhora Eliane possam se apresentados a ela:



sábado, 11 de setembro de 2010

REQUIEM DE UM PESADELO

Copyleft por Agência Carta Maior, 09/09/2010


Vida, (falta de) paixão e morte dos tucanos

O PSDB nasceu de um grupo de políticos do PMDB basicamente de São Paulo que, derrotados e isolados pelo quercismo, resolveram sair do partido e fundar uma outra agremiação. Era integrado basicamente por cardeais paulistas – Montoro, Covas, FHC -, mais alguns de outras regiões – como José Richa, do Paraná, Tasso Jereissatti, do Ceará.

Na hora de dar um nome ao partido, vieram os impasses, até que surgiu a idéia de encampar a social democracia, sigla vaga no Brasil, apesar de que alguns – entre eles especialmente o Montoro – se definiam como democrata cristãos. Escolheu-se o tucano como símbolo, para tentar dar-lhe uma raiz brasileira.

Era o ano de 1988, a social democracia já estava passando por transformações que mudariam sua natureza. De partido geneticamente vinculado ao Estado de bem estar social, começava a aderir à onda neoliberal, primeiro com Mitterrand, na França, em seguida com Felipe Gonzalez na Espanha. Quando os tucanos aderiram à social democracia, era quando esta já havia aderido à moda neoliberal.

Na própria América Latina Ação Democrática da Venezuela, os socialistas chilenos, o peronismo, o PRI mexicano – que pertenciam à corrente social democrata – já tinham aderido ao neoliberalismo. Foi a essa versão da social democracia que aderiu os PSDB.

Não foi essa a única diferença dos tucanos em relação ao que tinham sido historicamente os partidos social democratas. A social democracia tinha sido uma vertente da esquerda, junto aos comunistas, ambos com profundas raízes sociais, em particular no movimento operário e no movimento sindical. Há ainda uma rede internacional de centrais sindicais ligadas à social democracia.

Nada mais alheio aos tucanos. Nem o PMDB tinha presença sindical, menos ainda eles, que eram um grupo de políticos parlamentares que tinha em Mario Covas sua principal expressão. No entanto, já na eleição presidencial de 1989 aderiram a um “choque de capitalismo” que o Brasil precisaria, como prenuncio de caminhos ideológicos que os tucanos trilhariam no futuro próximo.

A morte de Covas deixou o espaço aberto para outros lideres tucanos, FHC e Serra disputavam a preferência, diante da incompetência de outros lideres regionais, como Tasso Jereissatti, para se projetar nacionalmente. Os tucanos terminaram sendo um partido eminentemente paulista.

Quando FHC assumiu o projeto neoliberal, com o Plano Real, olhava para a França e a Espanha, suas referencias ideológicas, para acreditar que esse seria o caminho da “modernização” no Brasil. FHC se deslumbrou com a globalização – “o novo Renascimento da humanidade” – e a vitoria eleitoral de 1994 lhe confirmou que a via era abandonar o Estado desenvolvimentista pelo da estabilidade monetária e do ajuste fiscal.

Foi o auge do PSDB e o começo do seu fim. Sem lugar para políticas sociais, acreditando que o simples controle inflacionário levaria à distribuição de renda, teve um efêmero sucesso no primeiro governo FHC, mas saiu derrotado nas eleições de 2002, de 2006 e agora de 2010.

Foi uma vida breve, uma glória efêmera e uma morte prematura, para quem nasceu supostamente como social democrata, assumiu o projeto neoliberal no Brasil e foi repudiado pelo voto popular. Nasceu do anti-quercismo e termina indo ao fundo, abraçado com Quercia. Triste fim de um partido das elites do centro-sul, repudiado pelo governo mais popular que o Brasil já teve.

Postado por Emir Sader às 06:16

terça-feira, 7 de setembro de 2010

MORRE O MOTO

História contada por Luiz Antonio Simas
http://hisbrasileiras.blogspot.com/2010/08/morre-o-moto.html



Recebi hoje a confirmação de uma notícia lamentável. O Moto Club de São Luís, um dos principais clubes do Maranhão, dono de imensa torcida, encerrou as atividades no futebol profissional neste último dia 27 de agosto. A diretoria do Moto declarou não ter mais condições para manter o time diante das demandas do futebol atual [leia-se: falta grana].
Lamentável, rigorosamente lamentável , mais esse capítulo da transformação do futebol brasileiro em um ramo do big business, da consolidação dos clubes como valhacoutos de escroques travestidos em empresários e da proliferação de jogadores-celebridades desvinculados da história e das tradições dos times.
Morre o Moto no momento em que morrem também as camisas dos clubes, mantos sagrados transformados em vitrines de exposição de toda a sorte de produtos: telefonia celular, pomada de vaca, plano de saúde, leite condensado, funerária, montadora de automóvel, empresa da construção civil e quejandos. Dia chegará em que os escudos serão tirados da camisa para sobrar espaço pra mais um jabazinho e ninguém perceberá.
Morre o Moto em nome da gestão empresarial, da modernização dos estádios, do estatuto do torcedor, dos fabulosos investimentos para a realização da Copa de 2014, dos técnicos com salários de quinhentos mil reais, dos bandidos da bola e dos apóstolos dos gramados e seus moralismos de ocasião.
Morre o Moto como corre o risco de desaparecer a tradição do tambor de crioula do Maranhão. Nas palavras de um velho tambozeiro que conheci em Alcântara, os lugares onde se podia escutar o tambor são agora destinados ao reggae, para a alegria de antropólogos moderninhos e antenados que vêem em qualquer mistureba uma prova de vitalidade cultural. Viva o moderno e que se dane o eterno, goza o deus mercado.
Morre o Moto como pode morrer a Casa das Minas, venerável matriz da religiosidade afro-maranhense. As moças mais novas, dizem as velhas do tambor, não se interessam mais pelo legado de voduns e encantados e não há mais tempo disponível para o longo aprendizado do mistério demandado pelo Tempo maior.
E alguém, por acaso, sugere o que deve fazer o torcedor do Moto? Escolhe outro clube, com a naturalidade de quem muda de roupa e troca um objeto quebrado pelo novo? E os senhores de setenta e poucos anos que viram e viraram Moto durante a conquista do título da Copa Norte-Nordeste de 1947 e do Torneio Campeão dos Campeões do Norte em 1948?
E a nova geração - os netos dos fundadores e torcedores do velho Moto Club, o Papão do Norte, Rubro-Negro da Fabril - torcerá para quem? É simples. Os moleques torcerão, evidentemente, pela Inter de Milão, Barcelona ou Milan. Viva a globalização! Ou, na melhor das hipóteses e como é comum ocorrer, pelos clubes grandes do sul maravilha. Mas, ai deles, não terão o pertencimento que só o clube da aldeia é capaz de proporcionar.
O velho torcedor, e como é duro constatar isso, está morrendo. Em seu lugar surge o cliente dos tempos do futebol-empresa. Somos agora, os que queremos apenas torcer pelo time, tratados como clientes nos estádios, consumidores em potencial de jogos, pacotes televisivos, produtos com a marca da patrocinadora e outros balacobacos.
Morre o Moto como morre a aldeia, a terra, a comida da terra, a várzea, a esquina e o canto de cada canto. Morre o Moto como amanhã dançará, no corpo da última sacerdotisa do Tambor de Mina, o derradeiro encantado em pedra, flor, areia e vento da praia do Lençol.
Morre o Moto como morrerá, em alguma madrugada grande, o último tocador do tambor de crioula e com ele a arte de evocar no couro a memória dos mortos. Ninguém saberá como bater o tambor que convida os ancestrais a bailar entre os vivos. Seremos apenas - e cada vez mais - homens provisórios, desprovidos da permanência que só a ancestralidade e a comunidade garantem.
Morre o Moto enquanto se desencanta o mundo.

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

ESCROTINHOS

Por Flávio Gomes

É mesmo a revista mais escrota do planeta. Alguém se deu o trabalho de reparar na capa de “Veja” desta semana? É sobre os trabalhadores presos numa mina no Chile. Um drama, claro. Merece capa de revista, claro.
Mas notem a foto. O cara parece o Lula, não? Ou um operário, ou um sem-terra. O estereótipo que “Veja” tem de operários, trabalhadores, camponeses, petistas. Até o chapéu é vermelho.
E a manchete? “Os homens do abismo”, com “abismo” destacado em letras maiores, de novo em vermelho.
Abismo? De onde esses retardados tiraram que uma mina, um buraco numa montanha, é um abismo? Um abismo? É claro que até os analfabetos que escrevem para “Veja” sabem que há diferenças claras entre buracos e abismos. Mas resolveram partir para uma grande sacada na capa. Sacaram? O cara que parece o Lula, os petistas, o ”abismo” em vermelho…
É mais uma tentativa primária, grotesca, tosca, mais uma, de “alertar a classe média para o perigo vermelho”. Por que não assumem o que querem para o Brasil? Que preferem o candidato A ao candidato B? Será que se acham mesmo brilhantes por colocar nas bancas uma capa que nem essa?
São uns escrotos, na minha opinião. Mas se ela não basta, leiam este trabalho acadêmico aqui. Que prova a escrotice cientificamente.

Link:
http://colunistas.ig.com.br/flaviogomes/2010/08/31/escrotinhos/

Comentários do Anti-PIG:
O foco não é o fato do PIG existir; não se trata de uma defesa motivada pela linha editorial da Veja ou da Globo ou de qualquer braço do PIG que queiram prejudicar Lula, PT ou o Brasil.
O que importa é ter consciência de que a informação que os órgãos de imprensa nos fornecem não pode ser consumida sem um mínimo de ceticismo. Quem não indaga, não rebate, não duvida, esta fadado a ter uma vida medíocre.
E no caso da filha do Serra. Está claro que isso é "fogo amigo". Chamuscado em 2009, quando Serra e Aécio se digladiavam pela candidatura das direitas.
Isso vai ser cozinhado até 03 de outubro, principalmente no último minuto de notícias, no sábado véspera da eleição, impossibilitando a resposta.
Depois, virará pó...

domingo, 5 de setembro de 2010

A DIFERENÇA

"Quando as pessoas começam a procuram alguém para responsabilizar pelo seu próprio fracasso, é evidente que a campanha não vai bem. A loucura dos tucanos é o êxito de um governo liderado por um torneiro mecânico" (Lula, citado na Editorial da Carta Maior, 05/09/2010).



Discurso de Lula:



Discurso de Serra:



Discurso de Marina:



Discurso do PIG:



AS COBERTURAS INSUFICIENTES
Por Renato Pompeu

Não estou entendendo por que a mídia não deu maior destaque à explosão de outra plataforma de petróleo no Golfo do México, na quinta 2 de setembro; e ao atropelamento e morte de uma torcedora pelo ônibus dos jogadores do Corinthians, ônibus que fugiu sem prestar socorro, durante a festa de 31 de agosto para 1.o de setembro. Também fiquei sem entender aspectos importantes dessa crise dos vazamentos dos dados bancários e fiscais de pessoas ligadas ao candidato José Serra. Minhas dúvidas: em que a divulgação desses dados, que nem sei quais são, prejudica a candidatura tucana? Para que existe o sigilo bancário e fiscal? Ele consta da Constituição, mas como é em outros países e como foi o encaminhamento dessa questão durante a Assembléia Constituinte? Afinal, sempre houve uma luta dos trabalhadores para ter acesso à contabilidade das empresas e dos empresários.

http://renatopompeu.blogspot.com/2010/09/as-coberturas-insuficientes.html

sábado, 4 de setembro de 2010

POR UMA OUTRA PAUTA

Prometi a mim mesmo que não iria falar mais do assunto dossiê, sigilo de informações, trololó... Por uma questão de higiene mental. Bosta (e isso é bosta mesmo, como eu já escrevi na postagem anterior) quanto mais mexe, mais fede.

O ator britânico Ben Kingsley considera que a história de vida do presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi "maior" do que Mahatma Gandhi, que liderou a independência da Índia do domínio britânico e reconhecido como um dos maiores pacifistas da história, informou a colunista Mônica Bergamo na edição de hoje da Folha. A coluna completa está disponível apenas para assinantes do jornal e do UOL.

A declaração foi dada após o ator assistir à exibição do filme "Lula, o Filho do Brasil" em Londres nesta semana. "Esse filme é importante para o mundo todo. A história dele [Lula] é maior que a de Gandhi", disse.

Kingsley interpretou o próprio pacifista indiano no filme "Gandhi". A atuação lhe rendeu o Oscar de melhor ator em 1982.


sexta-feira, 3 de setembro de 2010

BASTA DE BOSTA

Já encheu o saco a tentativa de plantar factóides para alavancar a candidatura da direita. É a velha história que os mais eruditos chamam de "retroalimentação" da imprensa. As "evidências" que o canal de TV mostra são extraídas do Jornal, que por sua vez as capturou da Revista, que tinham como informante... a TV!
O sábio Hariovaldo conhece bem esse caminho.

A única coisa que chama a atenção nesse "escândalo" é a espantosa indiferença com que a população trata o assunto.
Os filhotes da ditadura tentam tomar à força a agenda política do Brasil. Isso já é o ensaio de um golpe. Na verdade, é hora das forças progressistas - os blogs sujos, no linguajar deles - retomarem a pauta da discussão com temas com existência concreta e deixar as fábulas para o mundinho adstrito à bolha onde vivem os tucanos, junto ao Papai Noel, coelhinho da páscoa, Branca de Neve, Pinocchio e Nosferatu.

PIB BRASILEIRO CRESCE 9% NO 1.º SEMESTRE
PIG BRASILEIRO PRODUZ ENÉSIMA FRAUDE DENUNCISTA


Leu? Perceberam o destaque do recorde do PIB? Essa é a verdadeira operação abafa do PIG.