É bem verdade que o PT não é mais o partido que foi sonhado pelos seus fundadores e que, segundo o Mino Carta, mais se aproximou, no Brasil, do que seria um Partido político genuíno dentro de uma visão de tipos ideais weberiano, mas certamente o PT ainda guarda uma boa distância de partidos como o DEM ou o PSDB. Um exemplo dessa diferença pode ser exemplificada pelo comentário feito por Josette Sheeran, diretora do Programa Mundial de Alimentação da ONU. Segundo a diretora: "O Brasil está batendo a fome e nenhum outro país do mundo fez igual. Arremata ainda notando que programas como o Bolsa Família têm evitado que famílias vulneráveis voltem a cair no ciclo de fomos geradas pelas crises e que "graças a programas como esses, o Brasil conseguiu evitar que a crise dos alimentos nos anos 2007 e 2008 tivesse um impacto negativo". É bom lembrar que essas crises são endêmicas do capitalismo e são ainda mais virulentas quando vêm acompanhadas pela desrregularização dos mercados - que anda fora de moda, mas que é e sempre será a eterna paixão dos liberais e que aqui foi tentada pela coligação demo-tucana em seus oito famigerados anos de governo.
Esse pequeno exemplo atesta a gigantesca diferença constitutiva entre o PT e os demais partidos da oposição brasileira, mas a mulambada do PIG todo dia se esforça e muito para fazer a diferença nessa campanha. Hoje me deparei com a coluna de uma senhora chamada Eliane Cantanhêde, diligentíssima funcionária da folha (he he he) escrevendo sobre o lado obscuro do PT e deixando de forma subreptícia entendido que um reino de terror e trevas se aproxima com a continuação do governo do PT.
Acompanhem a brilhante linha de pensamento da funcionária da folha:
15/09/2010 - 11h26
"A declaração de que o PT terá mais poder com Dilma do que com Lula, feita pelo ex-ministro José Dirceu, eterno presidente de fato do partido, é motivo para reflexões, avaliações e projeções muito sérias. Até porque - ou principalmente porque - o PT tem sido um ausente do discurso de Dilma na campanha.
A equação não fecha: Dilma disfarça o partido, mas o partido vai ter ainda mais poder no governo dela?
No debate Rede TV!/Folha, no domingo à noite, Dilma relegou mais uma vez o PT ao segundo plano, referindo-se ao 'presidente Lula' e ao 'nosso governo' como os seus verdadeiros partidos. Mas Dirceu entregou o jogo: o PT é que vai dar as cartas no governo Dilma - que, não custa lembrar, era do PDT até outro dia.
A julgar pelas pesquisas, o PT vem numericamente forte por aí. Vai fazer uma bancada grande e experiente no Senado (calcanhar-de-Aquiles de Lula) e tende a ultrapassar o PMDB como maior bancada na Câmara. (Aliás, desbancando a candidatura do peemedebista Henrique Eduardo Alves para a presidência da Casa.)
O PT, então, será o líder no Congresso de uma imensa tropa formada desde o PCdo B ao PP de Maluf, depois de já ter transformado a CUT, o MST e a UNE em agências do governo, financiadas com recursos públicos; já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES; e estar em vias de 'extirpar' a oposição, como disse Lula sobre o DEM, enquanto ataca pessoalmente os tucanos Tasso Jereissatti no Ceará e Arthur Virgílio no Amazonas.
E aí entra a fala de Dirceu: 'A eleição de Dilma é mais importante do que a do Lula, porque é a eleição do projeto político'. Leia-se: Lula foi um meio para se chegar a um fim, ao tal 'projeto político'. Agora, falta explicar exatamente do que se trata, antes que o governo e o projeto se instalem. Dilma entregou um programa 'hard' de manhã ao TSE e, de tarde, retirou e entregou outro 'light'. Até agora, não se sabe ao certo qual é para valer.
Um dos laboratórios do 'projeto político' de Dirceu foi a liderança do PT na Câmara antes da eleição de Lula, que atuava e respirava conforme Dirceu mandava. Era ali o foco dos dossiês, das CPIs, das denúncias de todo tipo contra Collor, contra Itamar, contra Fernando Henrique, contra tudo e contra todos os demais.
E não é que foi dali que saíram Erenice Guerra, José Dias Toffoli, Márcio Silva? Saíram direto da central de dossiês contra adversários para o comando do país.
Erenice surgiu meio do nada e virou ministra da Casa Civil, principal cargo do governo. Toffoli é um ótimo sujeito, mas tinha todas as desvantagens e nenhum dos atributos para ser ministro, nada mais nada menos, do Supremo Tribunal Federal. E o tal do Márcio Silva é advogado da campanha de Dilma e dono de um escritório meteórico que, como diz o Painel da Folha de hoje (15/09/10), 'é assunto de advogados há muito estabelecidos em Brasília'.
Dilma teve a consideração de indicar a amiga e braço-direito Erenice Guerra como sua sucessora na Casa Civil. Mas, agora que a Casa Civil caiu (de novo) sob o peso da parentada toda dele, teve a desconsideração de rebaixá-la à condição de 'mera assessora'.
Deve estar aí a chave da questão: tem hora de esconder e tem hora de mostrar. É o PT das Erenices dos dossiês, do aparelhamento e do patrimonialismo que vai tocar o 'projeto político' em curso no país?
E com o inestimável apoio do PMDB, evidentemente."
(retirado de http://www1.folha.uol.com.br/colunas/elianecantanhede/799110-o-pt-de-dirceu-que-dilma-esconde.shtml)
É mole ou quer mais??
1) Pelo texto desta senhora inferimos que Lula governou totalmente desligado do PT e sem nenhuma ligação programática com o partido; e agora o terrível PT irá das as cartas em um governo Dilma. (putz!)
2) Cadê alguma prova para sustentar a acusação - grave, por sinal - que "ter transformado a CUT, o MST e a UNE em agências do governo, financiadas com recursos públicos; já ter aparelhado o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a Petrobras, o BNDES" é a mesma tática do sósia do Sr. Burns.
3) O que exatamente funcionária da folha quer dizer com programa "hard" e programa "light"? subrepticiamente a funcionária da folha quer implicar que instituir e ampliar reformas que possam colocar em xeque mesmo que alguns dos eternos privilégios da turma seria algo "hard" algo execrável, coisa de comunistas maldosos, comedores de criancinhas.
E por aí vai... Fica difícil saber onde termina o preconceito e começa a canalhice. Pra terminar, um videozinho de uns meses atrás pra aqueles que não conhecem a senhora Eliane possam se apresentados a ela:
Um comentário:
Em 2002, o PIG era identificado como um braço armado da oposição.
Porém, ao passo que a oposição encolhia*, a mídia aumentava sua ferocidade contra o governo eleito.
Personagens medíocres, como Jabor, Mainardi, Noblat, essa Catanhede, e outros que nem conheço, aceitaram o papel de testas-de-ferro do programa golpista.
O tempo passou, a correlação de forças mudou, e hoje é claro que o PIG é a oposição, e Serra, Álvaro Dias, Artur Virgílio são apenas seus representantes.
O discurso de Maria Judith Brito, presidente da ANJ, por mais espantoso que seja, é revelador: o partido capitão dessa oposição espumante e hidrofóbica é o PIG.
As últimas “denúncias” da Veja foram repercutidas no horário eleitoral do Serra antes da revista circular, na sexta-feira.
O conteúdo exclusivo para assinantes na internet foi transcrito pelo Noblat, no portal do Globo.
Já não se sabem mais quem são os homens e quem são os porcos, como disse Orwell.
* A oposição se recolheu à sua insignificância por dois motivos cruciais.
Primeiro, sua falta de projeto e a insistência em não realizar uma auto-crítica das cagadas que foram perpetradas nos anos FHC. Tangenciamos esse assunto no post “As idéias de J. Serra, que poderia ficar simplesmente em branco, tal o vazio de conteúdo;
Segundo, a ridícula opção de renegar os avanços sociais do governo Lula, como fez o DEM/PFL/ARENA ao interpelar o governo judicialmente(!) contra o PROUNI e se posicionar, enquanto legislativo e influência social, SEMPRE contra o governo, mesmo que as medidas fossem de benefício à população, como a iniciativa para debelar os efeitos da crise mundial (redução de impostos, liberação de créditos, etc).
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