quarta-feira, 28 de agosto de 2013

PINGOS NOS IS


Médicos por Habitante:


1,55 por 1000 habitantes




0,44 por 1000 habitantes




5,90 por 1000 habitantes



Fonte: http://www.escolasmedicas.com.br/intern3.php

Leitos Hospitalares por Habitante:


2,4 por 1000 habitantes



3,0 por 1000 habitantes



5,9 por 1000 habitantes



Fonte: https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/fields/2195.html

Expectativa de Vida (ao nascer, entre 2010-2015):


73,5 anos



78,9 anos



79,1 anos



Fonte: http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2006/WPP2006_Highlights_rev.pdf (Tabela A17, pg. 80-84)



Mortalidade Infantil (nascidos entre 2010-2015):


20,3 por 1000 nascimentos



6,0 por 1000 nascimentos



4,5 por 1000 nascimentos



Fonte: http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2006/WPP2006_Highlights_rev.pdf (Tabela A18, pg. 85-89)



Mortalidade abaixo dos cinco anos (nascidos entre 2010-2015):


25,2 por 1000 nascimentos



7,4 por 1000 nascimentos



5,7 por 1000 nascimentos



Fonte: http://www.un.org/esa/population/publications/wpp2006/WPP2006_Highlights_rev.pdf (Tabela A19, pg. 90-94)

PIB - Produto Interno Bruto:


US$ 2.476.651.000.000,00



US$ 14.991.300.000.000,00



US$ 68.715.000.000,00



Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_GDP_%28nominal%29
(listagem da ONU. Ano-base: 2011)

PIB per capita:


US$ 12.097,00



US$ 49.922,00



US$ 6.155,00



Fonte: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_GDP_%28nominal%29_per_capita

Investimentos em saúde:


8,9% do PIB, dos quais 45,7% do poder público. US$ 1.121,00 per capita.



17,9% do PIB, dos quais 45,9% do poder público. US$ 8.608,00 per capita.



10,0% do PIB, dos quais 94,7% do poder público. US$ 606,00 per capita.



Fonte: http://data.worldbank.org/indicator/SH.XPD.TOTL.ZS/countries  Dados de 2011.

Conclusão:

Há três modelos de saúde em comparação. O dos EUA é diametralmente oposto ao de Cuba. O Estado americano gasta quase US$ 1,3 trilhões em saúde pública (o que equivale a 18 vezes o PIB total de Cuba), num modelo excludente, já foi denunciado no documentário SICKO, de Michael Moore, que chega ao cúmulo de mostrar estadunidenses pobres recebendo tratamento gratuito em Cuba - como de resto, toda a população da ilha. Para cada dólar investido em saúde numa pessoa cubana, são investidos mais de US$ 14,00 num cidadão norte-americano. E apesar dessa brutal diferença econômica, os indicadores sociais cubanos são melhores que os americanos!

O modelo brasileiro não se encaixa em nenhum dos dois. Mas se há algo a aprender, é evidente que é com Cuba, que com escassez de recursos econômicos consegue resultados tão expressivos. Em relação ao Brasil, que investe em saúde 3,2 vezes o PIB todo de Cuba, a mortalidade infantil é quase 5 cinco vezes maiores. O modelo americano, além de censitário, é irrealista para a nossa economia.

Sabendo que os médicos cubanos atuarão nos 700 municípios mais carentes do Brasil, num contingente de 11 milhões de pessoas (quase a população total de Cuba) sem um ÚNICO médico, fico com os dizeres do médico Juan Delgado: "Isso não é certo, não somos escravos. Seremos escravos da saúde, dos pacientes doentes, de quem estaremos ao lado todo o tempo necessário"; "Os médicos brasileiros deveriam fazer o mesmo que nós: ir aos lugares mais pobres prestar assistência" e "O trabalho vai ser difícil porque vamos a lugares onde nunca esteve um médico e a população vai precisar muito de nossa ajuda". 

sábado, 24 de agosto de 2013

LUCRO DOS BANCOS

Esse texto é permeado por quadros que demonstram os lucros dos bancos no Brasil de 2003 para cá, ou seja, desde o início da gestão petista. Se fala, com propriedade, nas conquistas das políticas sociais focadas nos menos favorecidos. Estamos indo a passos largos rumo à erradicação da fome e da miséria, algo tão presente no Brasil de 15, 20 anos atrás, que parecia ser uma meta inatingível, como se fizesse parte do nosso DNA. Também é inegável o avanço da classe média, que abarcou em seu contingente uma massa de 40 milhões de pessoas, cheias de desejos reprimidos por tanto tempo de exclusão.

O dilema econômico tem sido refrear o impulso consumista dessa gente bronzeada que ficou séculos babando nas vitrines, assistindo ao espetáculo da sociedade de consumo do lado de fora, sem convite, quiçá como penetra, e agora quer tirar o atraso em uma geração. O espectro que ronda permanentemente nossa bonança financeira é a inflação, fantasmagoria sempre alimentada pelo PIG.

Um aspecto relegado tanto nos discursos oficiais, quanto na agenda de críticas ao governo do PIG, é que NINGUÉM perdeu no governo petista. Era para ser o pacto social perfeito: pobres e ricos de mãos dadas, prosperando na mesma toada e com base sólida para manutenção desse resultado positivo por longo período, sem sobressaltos. Ao contrário da opção da Venezuela ou da Argentina, onde a luta de classes e o conflito ideológico se escancaram nos últimos governos, no Brasil, o símbolo máximo da acumulação capitalista, os bancos, experimentam números jamais sonhados em tempos de arrocho, empréstimos ao FMI e economia estagnada.

Mas eles parecem não satisfeitos com o vento favorável, céu de brigadeiro e lucros cada vez mais exorbitantes. O Itaú vem capitaneando o pessimismo e alastrando o pânico quanto à sustentabilidade da economia brasileira. Em pelo menos três oportunidades, Ilan Goldfjan, economista-chefe do Itaú, membro do Instituto Millenium, e ex-diretor de política econômica do BACEN à época de Armínio Fraga e Pedro Malan, manifestou pesadas críticas ao governo. Roberto Setúbal, o presidente do banco não o contestou. 

Em março, no auge da histeria em relação ao tomate, Ilan Goldfjan registrou em artigo no Estadão que o remédio correto contra a alta nos preços seria cortar empregos e o consumo das famílias. Em junho, quando o COPOM elevou a taxa SELIC em 0,5%, apressou-se em reduzir a estimativa de crescimento do PIB, ainda que tergiversasse, reconhecendo à contragosto melhorias no curto prazo: "O PIB da indústria deve crescer a um ritmo mais forte no segundo trimestre, mesmo com a perspectiva de crescimento mais lento da produção industrial".

Mais recentemente, o banco apostou na crise, ao enlaçar as marchas de junho com uma perspectiva de revés econômico, já que o povo na rua não é bom para a economia: "pode prevalecer um ambiente de incerteza com efeito perverso sobre as decisões de investimento". O portal 247 alerta que as grandes economias convivem com manifestações há décadas. Seja nos Estados Unidos, desde 1960 com os protestos contra a Guerra do Vietnã, seja na China, onde estudantes ocuparam nos anos 1990 a Praça da Paz Celestial pedindo mais democracia, esses eventos de massa fazem parte natural do ambiente de negócios. Por lá, não se faz associações entre protestos e efeitos nocivos na economia. Por aqui, o Itaú pode estar inaugurando esta onda.
 
Para colocar um pouco mais de pimenta nessa caldeira, é importante frisar que Neca Setúbal, irmã de Roberto e herdeira do banco, é quem vem patrocinando o projeto de criar um partido para Marina Silva ser candidata à presidência. É pouco? João Amoedo, ex-conselheiro do banco também pretende fundar uma nova sigla partidária, chamada "Novo". O que defende? A velha cantilena do Estado mínimo que propicia apenas juros mais altos. 

Isso tudo serve para aumentar a empáfia, o desdém com que vem tratando a multa de R$ 18,7 bi aplicada ao banco pela Receita Federal. É bom saber que o Itaú é quem mais demite no setor, e apenas em 2012, pois no olho da rua quase 8000 trabalhadores. Desde março de 2011, já são quase 14 mil postos de trabalho eliminados, na contramão de todo o restante da economia brasileira, que gera empregos como nunca. Também lidera com constância o ranking reclamações no PROCON.

Setembro é o mês do dissídio salarial do bancários. Logo, veremos banqueiros rechaçando qualquer reivindicação dos bancários, forçando-os à greve. Com a outra mão, a manipulação se dará via PIG, que sempre achará uma velhinha que deixou de receber sua aposentadoria e corre o risco de ficar sem os medicamentos, por conta desses malvados e corporativos bancários. Na classe média, prevalecerá o espírito de consumidor, sufocando as últimas esperanças de solidariedade entre os trabalhadores de categorias diferentes, em nome da brutal competição que o sistema impõe como mola mestra da sobrevivência.

Parece ser um jogo de cartas marcadas. Os trabalhadores dos grandes bancos públicos, Banco do Brasil e CAIXA, que tiveram papel determinante na resistência à crise de 2008, suportando o alucinante aumento do volume de atendimentos e prestação de serviços, puxarão as manifestações, pois ainda lhes é assistido o direito à greve sem a posterior demissão (ainda que isso custe todo tipo de boicote à ascensão profissional, exercício de funções, etc). Com isso, a greve ganha volume e o impasse se intensifica. Imagino os conselhos do Itaú, do Bradesco, e demais bancos privados se divertindo com a situação, uma vez que o desgaste institucional de imagem fica muito maior nos bancos governamentais. O Estado brasileiro se presta a anteparo do grande capital contra trabalhadores e contra si mesmo.

Por fim, exauridos pela pressão política, jurídica, policial (cumprindo mandatos de absurdas reintegrações de posse e interditos proibitórios), da indignação social forjada pelo PIG, além do próprio esgotamento das forças de mobilização, os bancários aceitarão qualquer ninharia para simplesmente regressarem ao trabalho e repetirem uma vez ainda o ciclo. Ao fim do ano, os bancos anunciarão nova quebra de recordes no lucro.

quarta-feira, 21 de agosto de 2013

BIORWELLGRAFIA



Nascido Eric Arthur Blair, em 1903, filho de um alto funcionário da marinha inglesa, estacionado no sudeste asiático, este indiano de origem britânica leu suas primeiras letras na aristocrática Academia de Eton. Desde então, demonstrou seu pensamento originalíssimo, expressando desencanto com a sociedade da qual faz parte, e repudiando todo intelectualismo e seu artificialismo.

Aos 19 anos, entra na Polícia Imperial Britânica, voltando à terra-máter de seus ancestrais. Os cinco anos entre Índia e Birmânia são suficientes para que ele deserte, revoltado com a política colonial e imperialista dos ingleses. Voltando à Europa, renúncia à sua origem burguesa, à fortuna, ao passado (que considerava vergonhoso) e ao próprio nome, adotando o pseudônimo de George Orwell. Primeiro em Paris, como operário, “linha” de fábrica, e depois em Londres, como professor primário, sente, pela primeira vez na carne, o gosto amargo da opressão, da desigualdade.

Nesse contexto, inicia sua produção literária. Um dos primeiros escritos é “O caminho para Wigan Píer” (1937), onde descreve as condições de extrema miséria dos trabalhadores do norte da Inglaterra, em meio aos quais viveu por algum tempo. Antes, já havia produzido “Na Pior em Paris e Londres”, onde ataca ferozmente o posicionamento dos escritores de sua época, revolucionários em tese, burgueses na prática. Já reconhecido seu talento, assume posturas cada vez mais radicais em favor das classes sociais baixas. Ao deflagrar-se a Guerra Civil Espanhola, em 1936, sentiu que era ali o palco onde a história aconteceria. Justificou sua participação em breves palavras: “naquela época, e naquela atmosfera, isso pareceu a única coisa que podia fazer”.

Em 1937 já estava na Catalunha, encerrando fileiras ao lado do P.O.U.M. (Partido Obrero de Unificación Marxista), juntamente aos anarquistas socialistas e não nas Brigadas Internacionais, os comunistas ortodoxos. Ferido em combate, regressa a Inglaterra e escreve “Homenagem à Catalunha” (também traduzido como ‘Lutando na Espanha’), em 1938, onde escancara sua amargura e desgosto ante seu ocular testemunho.

Ao mesmo tempo decepcionado com a rígida estrutura dos Partidos Comunistas fiéis aos ditames de Moscou, volta-se para uma espécie de socialismo independente. Assim, se a Guerra o consolidou como socialista revolucionário, também fez dele um anti-stalinista convicto. E é na “Revolução dos Bichos” (1945) que retrata com grande habilidade o totalitarismo e o aburguesamento do regime soviético, que, segundo ele, traiu a revolução de 1917. Na realidade, não é o socialismo em si, mas o totalitarismo (e todos os totalitarismos) que seus ataques pretendem atingir. Isso é mais evidente anda em “1984” (1949) que constitui uma condenação global de um universo maniqueísta, feito de mentiras, traições e terror.

Escritor de uma sinceridade incontestável, George Orwell testemunhou e viveu pessoalmente tudo que retratou em sua obra. Seus melhores momentos baseiam-se na própria experiência. Além de viver como lumpemproletário, ensinou em diversas escolas e chegou a criar galinhas e plantar legumes, enquanto escrevia nas horas de folga. Morreu em 1950, aos 47 anos. Crítico violento do totalitarismo de qualquer espectro, da exploração das massas trabalhadoras, do imperialismo e do colonialismo, pretendeu manter, sobretudo um espírito independente e profundamente ligado à realidade vivida, no que foi coerente até a morte.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

FEITIÇO PEDAGÓGICO


Nota introdutória: esse texto foi escrito em 2001, no auge do neoliberalismo brasileiro e da minha desilusão com uma graduação que estava no último ano e na qual jamais atuei. À época, por imposição do FMI e do Banco Mundial, o governo FHC tinha como meta a escolarização universal, mesmo que apenas formal. Minha angústia com o quadro da educação brasileira era atroz. Publiquei-o no site Duplipensar, em 04/04/2013. Há exemplos desatualizados, como a legião de doutores desempregados que espantava quem viveu o período, o que não invalida a hipótese defendida: desconsiderar a percepção sensorial da realidade e meramente esquentar a bunda nos bancos escolares pode render terríveis furúnculos, mas não melhora nem a pessoa, nem o mundo.
 


Conclusões quixotescas de conversa interessantíssima


Qual é o sentido de lutar contra os moinhos de vento? Para que, usando a expressão popular, dar murros na ponta da faca? Dom Quixote, o lendário fidalgo de Cervantes fez das causas impossíveis, a despeito de sua eticidade, o motivo de sua luta, de sua vida. Há hoje, no centro do debate educacional brasileiro duas categorias de pessoas que, agindo à moda magnânima de nosso herói espanhol, pensam estar contribuindo para melhorar a sociedade. Talvez por desconhecerem o ambiente pedagógico são acometidos por fantasias dentre as quais engendram o feitiço pedagógico que, em última análise, leva ao seguinte raciocínio: a escola ou a educação são capazes de tudo mudar. São os "reformadores" e os "ideólogos".

Quem se agarra nessa premissa de forma fundamentalista ou mesmo funcionalista, não desvenda a realidade que se forma perante seus olhos e sobre seus raciocínios. Não é má-fé, muito longe disso, não perceber que é o Mercado e não as suas ideologias de remodelar as estruturas de ensino e/ou amparo e aparato, que determinará o valor de uso e as mudanças e reformas escolares.

O circuito internacional dos bens não materiais a respeito da determinação mundial da escolarização, deixa clara a conseqüência invertida da idéia do desenvolvimento social pela ampliação da escolaridade. Senão vejamos: quantos doutores estão à margem do processo, via de regra, desempregados? A exemplos comparativos brutais, mesmos nos países de intenso desenvolvimento capitalista, onde um soldado ganha mais que um professor. Isso ilustra apenas o óbvio, que não é a escolarização que determina o valor do uso do saber e sim o mercado de trabalho. Destarte, torna-se evidente que sem distribuição de renda não há ascensão e nem desenvolvimento social pela escolarização.

Mencionaremos o feitiço pedagógico, pois supõe-se que a escola da sociedade moderna tem em vista o indivíduo, quando na verdade, está a serviço do capital. Caem na utopia pedagógica os reformadores que buscam solucionar os problemas sociais na escolarização de todos. O dito feitiço atinge os educadores e mesmo todos aqueles crentes que a instituição escolar tudo pode mudar. Não perceberam ainda que o eixo econômico é que funciona como um cardã transmissor para os demais, político, cultural, religioso e ideológico.

Afirmamos que o princípio e o fim da filosofia, não da escola, é ensinar a pensar, em utilizar a lógica e em fazer cidadãos críticos, éticos e conscientes. Após absorver conhecimento nos mais variados campos de atuação humana, aquele que sequer sabe de seu potencial filosófico passa a entender que a função da ideologia é inverter a realidade. A ideologia religiosa diz que quem morre vai para o céu, apenas de vermos, com nossos próprios olhos, os restos mortais enterrados sob a terra. A ideologia econômica vigente insiste em dizer que só fica rico quem trabalha.

Todavia sabemos que só o lucro faz as pessoas acumularem riquezas, não o trabalho. Só fica rico, desconsiderando os casos imorais sob a ótica da própria ideologia (corrupção, roubo, extorsão, etc.), quem acumular a mais valia, nas relações comerciais, ou quem escraviza a mão de obra, retendo o suor alheio, na indústria. A ideologia política reza que o comunismo é perverso, mas a maioria das pessoas não enxerga que há comunismo nos preços todos pagam no Mercado, independente de sua condição social, os mesmos preços para as mesmas mercadorias. No entanto, o mesmo Mercado não remunera todos da mesma forma, uns ganham mais, outros quase nada. Por que há comunismo só na hora de pagar, e não na hora de receber pela jornada de trabalho?

É a ideologia do capitalismo que inverte a realidade. O capitalista é duplamente maldoso com os desafortunados. No que tange ao comunismo dos preços eles acham perfeitamente normal os pobres pagarem os mesmos preços dos ricos. Aprovam e até defendem essa igualdade, pois quem lucra com isso é quem detém os bens de consumo. Noutro aspecto, com relação aos gritantes desníveis salariais, acham perfeitamente normal essa diferença, pois quem lucra com isso é quem paga pela força de trabalho.

Pensar criticamente, como se vê, não é um advento surgido no banco escolar, mas sim na percepção sensorial da realidade. Quem vive num mundo de devaneios, entorpecido muitas vezes pelo próprio ambiente escolar não sabe desmontar essa ideologia e vive subjugada a ela. As vezes, chegam ao cúmulo que aprovarem e defenderem o regime que as explora. Já dizia George Bernard Shaw: "O principal obstáculo à vitória do socialismo é que cada pessoa acredita, contra todas as probabilidades e o bom senso, que ficará milionária", e conclui: "a única coisa bem distribuída no mundo é a burrice".

A função da escola é meramente treinar os cidadãos, credenciar e produzir força de trabalho através de um certificado expedido ao final de determinado tempo. A partir daí cria, por conseqüência, funcional, o não-escolarizado. Estabelecida essa diferença pela Instituição, o Mercado, ao utilizar essa mão de obra, determina seus respectivos valores. Assim, desvenda-se os mecanismos perniciosos desta instituição tão útil (a quem?), imparcial e ingênua que a muitos tem enganado.


domingo, 11 de agosto de 2013

PENSAMENTO

“Por mais que as cruentas e inglórias batalhas do cotidiano tornem o homem duro ou cínico o suficiente para ele permanecer indiferente às desgraças ou alegrias coletivas, sempre haverá no seu coração, por minúsculo que seja, um recanto suave onde ele guarda ecos dos sons de algum momento de amor que viveu na vida. Bendito seja quem souber dirigir-se a esse homem que se deixou endurecer, de forma a atingi-lo no pequeno núcleo macio de sua sensibilidade e por ai despertá-lo, tirá-lo da apatia, essa grotesca forma de autodestruição a que por desencanto ou medo se sujeita, e inquietá-lo e comovê-lo para as lutas comuns da libertação”.
Plínio Marcos, Canções e Reflexões de um Palhaço

terça-feira, 6 de agosto de 2013

MASOQUISMO NO LIMITE

Acabei de me colocar na insuportável posição de espectador do Jornal Nacional.

Duas notícias foram dadas de afogadilho, no supetão, encavaladas entre o drama de uma família de PMs assassinada pelo filho e a troca de um comandante da polícia do Rio sem uma imagem, uma análise, uma reportagem:

1.ª A cesta básica caiu em TODAS as capitais pesquisadas;

2.ª A captação de recursos em poupança bateu recorde do mês de julho, quase 10 bilhões de reais.

Não deu tempo nem de curtir as boas-novas, logo cortadas por mais um reclame do Bradesco. Mesmo assim, só isso seria motivo de júbilo, na mesma proporção do catastrofismo com que se anunciou a alta do tomate, ou o deficit na balança comercial.

E uma reflexão: por que, ano após ano, conhecendo a sazonalidade das culturas que dependem do ciclo da terra para produzir, a globo continua fazendo terrorismo alarmista quando algum alimento sobe de preço?*

* O próximo vilão será o leite. Pode apostar.

Depois, a notícia que me tornou expectador do noticioso proxeneta: o propinoduto dos tucanos.

À muito contra gosto mencionaram, também de maneira fugaz, a sigla PSDB. Mas o enfoque foi todo no sentido de incriminar um lobista que supostamente fazia a articulação entre as empresas e o governo tucano paulista. Uma clara tentativa de inocentar Andrea Matarazzo. Protocolarmente, leram os comunicados das assessorias das empresas citadas na reportagem, e novamente deram palanque para Alckmin se fazer de vítima, num "desfocado migué", como diria o filósofo pós contemporâneo Neto.

Ir à justiça para obter os documentos da investigação do CADE quando os mesmos estão à disposição do Ministério Público do Estado, cujo chefe foi nomeado por ele mesmo é um jogo de cena bem mequetrefe para enganar tapado.

Meu ritual de masoquismo só não foi completo, com cilício e tudo, à la Opus Dei, pois os últimos comentários do Merval Pereira (aqui e aqui) se restringem ao jornal que já não serve nem para limpar a ... a Raimunda!