sábado, 7 de junho de 2014

CORRUPÇÃO NAS OBRAS PARA A COPA

Um amigo meu, o Deciolino, realizou o sonho da casa própria após a expansão do crédito realizada pelo governo federal, através do programa Minha Casa Minha Vida. Somaram renda, ele e a esposa, cada qual empregados de um banco público diferente, e compraram uma casa num bairro de classe média numa aprazível cidade interiorana com vocação turística.
Após três anos de feliz habitação, os filhos crescendo, sentiram que era o momento de ampliar. Dois cômodos e um banheiro no fundo do lote, além da cobertura da lateral da casa, com o objetivo de desapertar a sala, ganhar espaço para as crianças brincarem e receber os amigos para confraternização. Ano de Copa do Mundo, é sempre bom juntar a turma para torcer.
Deciolino, um amante das planilhas, pois tudo na ponta do lápis e mãos à obra: iniciadas em 10 de novembro do ano passado, tinham prazo para conclusão antes do natal, em 20 de dezembro, a tempo de receber as tradicionais visitas de fim de ano. Apertando aqui e acolá, viu que suportava o orçamento de R$ 18.000,00.
Contudo, como toda construção civil, nem tudo saiu como planejado. Nem mesmo depois do carnaval ele pode apreciar as mudanças na sua residência. Assumiu pessoalmente a parte elétrica da varanda lateral e refez o jardim, plantando alguns temperos e orquídeas. Terminou tudo no fim de março. Os gastos bateram em R$ 56.000,00, sendo necessários novos aportes de empréstimos bancários.

Outro amigo, o Bacana, pensou em algo semelhante. Morando sozinho, na flor da idade, com os pais mudando recentemente para outro estado, imaginou um espaço para receber os amigos - e, principalmente, as amigas - com todo conforto, tornando seu lar um verdadeiro point para a juventude de sua diminuta cidade.
Bacana não é uma pessoa que possa ser considerada um primor de organização. Ainda assim, com pouca idade, já conseguiu juntar um patrimônio que justifica o título de "bom partido" que as moças lhe concederam. Do seu projeto constavam uma churrasqueira e a cobertura de um espaço razoável, antes inutilizado, quando muito uma parte do quintal. Como conhece tudo mundo no local, ouviu várias sugestões e alocou os serviços dos melhores pedreiros disponíveis.
As obras começaram no meio de abril, com prazo para conclusão no fim de maio. "Tranquilo", sossegou o Bacana, que gostaria de inaugurar suas novas instalações no jogo de abertura da Copa do Mundo. Reservou de suas economias R$ 15.000,00 e me convidou para assistir Brasil e Croácia na sua casa.
Contudo, como toda construção civil, nem tudo saiu como planejado. Se o Brasil se classificar para a fase seguinte, talvez consigamos assistir ao jogo na sua casa. O que era previsto para 15 dias já passou de 55 e não se vê ainda a luz do fim do túnel. A estimativa de custos previstos estourou triplamente, e ele já desembolsou R$ 45.000,00.

Ao saber desses dois casos, me pergunto: imagina na Copa?
Ou será que meus amigos são corruptos?
Os Black Bloc protestarão na frente da casa deles?
O MTST vai invadir suas humildes propriedades?
Nem na ditadura se torcia contra a seleção. Será agora?

Um comentário:

Márcio Scott Teixeira disse...

Todo movimento anarcofascista, simular aos Blackblocks, não tem um propósito construtivista, ou seja, só servem para tentar desagregar qualquer atitude de esquerda, favorecendo a direita, eles são a esquedália do movimento!!! Lênin neles!!!