1. A fase de grupos se encerrou com 48 jogos e 2.454.377 espectadores, resultando uma média de 51.113 pagantes por partida. O menor público foi registrado no empate entre Rússia e Coreia do Sul, em Cuiabá: 37.603 pessoas num estádio em que caberiam 41.112, ou seja, ocupação de 91,46%. Já o maior público foi aferido na vitória da Argentina sobre a Bósnia-Herzegóvina, no Rio de Janeiro: 74.738, 100% de lotação.
2. A maior média de público de uma Copa do Mundo dificilmente será batida um dia, por causa da diminuição do tamanho das arenas. Foi nos Estados Unidos, em 1994, com 68.991 presentes por confronto, lembrando que aquela edição tinha 24 equipes e 48 jogos (e estádios para beisebol, futebol americano, além do Estádio Olímpico de 1984, adaptados ao soccer). Em 2.º lugar está a Copa da Alemanha de 2006, com média de 52.491 torcedores. Os jogos nos quatro menores estádios estão encerrados (Curitiba, Cuiabá, Manaus e Natal), palcos com aproximadamente 40.000 assentos. Agora, com os jogos eliminatórios e campos maiores, creio que superaremos a média alemã, ultrapassando-a no 2.º posto. Se a média permanecesse imóvel, seríamos 3.º colocado, à frente do México em 1970, com 50.174 entusiastas.
3. Cadê o caos profetizado? A regra do PIG é como o princípio ético de Aécio Neves: se a copa der errado, a culpa é do governo. Se der certo, é graças ao povo brasileiro. O caos aéreo era apenas o primeiro dos problemas que revelavam a nossa
incapacidade em sediar um evento desse porte. A pregação pessimista
incluía também o apagão elétrico, "estádio inseguros", blecaute na comunicação e surto de dengue. Até uma aliança entre black blocs e PCC nas
manifestações durante os jogos aterrorizou a população. Durante anos o medo do vexame na Copa do Mundo martelou no noticiário.
4. A imprensa vem lentamente "costeando o alambrado", como diria o saudoso Leonel Brizola. Os jornais foram da crítica espasmódica suavizando o discurso até admitirem a que se trata das maior de todas as copas. Agora, a rede Globo percorre o mesmo caminho, inevitável diga-se de passagem, sob pena do ridículo. Mesmo que Ruy Castro, convidado num programa do Sportv (da Globo) tenha dito que a imprensa BRASILEIRA teve espírito de porco. Para atenuarem suas próprias culpas, dizem que a imprensa "internacional" foi quem mudou o tom. Como se precisasse de mais uma evidência, se prestam a mais uma manipulação desavergonhada.
5. Por falar em falta de vergonha, lembraremos do Ronaldo, se é que um dia existiu. É mais um com padrão Aético Neves: sugou o que pode como "organizador" da Copa. Fez anúncio de cerveja, de telefone, de chuteira… Apelou, dizendo que não se precisava de escolas e hospitais. De barriga cheia, "traírou", passando para o lado dos que ironizava, a turma do "Imagina na Copa". Novamente mudou de ideia, com disse que não disse que havia dito. Ou não.
6. Pérolas das quais escapamos. Boa lembrança de Emir Sader. O estoque de frases prontas já estava engatilhado. “Com um governo assim, só poderia ter dado totalmente errada a Copa do Mundo.”; “O governo saiu ainda menor do que entrou na Copa.”; “É esse governo, que organizou essa Copa do Mundo, que quer se reeleger para seguir dirigindo o Brasil?”; “Foi
um erro ter trazido a Copa para o Brasil. Com tantos problemas na
educação, na saúde, fomos gastar essa dinheirama toda na Copa.”; “Fracasso de organização, fracasso de público: estádios vazios durante quase todos os jogos da Copa.”; “O
mundo pôde confirmar in loco que a mídia brasileira tinha razão quando
fazia denúncias sistemáticas sobre o desastre que ia ser o Mundial. A
nossa mídia sai fortalecida na sua credibilidade e as vozes dissonantes e
o governo, ainda mais enfraquecidos.”; “Mas os brasileiros vão derrotar a esse governo incompetente em outubro, para que o Brasil nunca mais passe essa vergonha.”; “Agora o mundo todo ficou sabendo porque nós combatemos sem tréguas esse governo incompetente.”
7. Uma outra Copa já foi ganha: somos, entre participantes da Copa, o país que mais reduziu a mortalidade infantil. Quem fez o levantamento foi o The Health Site, da Índia. Eles concluíram que "Há duas razões principais para a redução da mortalidade infantil no
Brasil: a ampliação do acesso aos cuidados de saúde primários e o Bolsa
Família, o maior programa de transferência de renda do mundo”. O Programa
Nacional de Imunizações aumentou as taxas de vacinação entre as
crianças brasileiras e da Política Nacional de Aleitamento Materno mais
do que quadruplicou a amamentação". No PIG, apenas uma nota, copiada de uma agência de notícias, saiu no Estadão.
8. O papo coxinha diz que a Copa é só para ricos. Na verdade, tivemos os ingressos mais baratos a R$ 30,00. Na Alemanha em 2006, o menor preço foi de R$ 101,00 e no Japão e na Coreia, em 2002, R$ 154,00. “Nunca tivemos um preço como esse em todas as Copas do Mundo”, disse o diretor de Marketing da FIFA, Thierry Weil. Ele acrescentou que a prática de descontos só foi realizada duas vezes nos mundiais de futebol da FIFA.
“É a segunda vez que temos ingressos com desconto. A primeira foi na
Copa do Brasil em 1950 e a segunda é agora. Temos que dizer que o
governo brasileiro é ótimo negociador”, acrescentou.
9. Luís Suárez, o mordedor. Gostei das piadas, mas achei um porre as explicações sociológicas, e principalmente as psicológicas sobre sua conduta antidesportiva. Não sei dizer se a pena foi justa, ou melhor, proporcional. Creio que falta "jurisprudência" sobre o assunto. Ele é catimbeiro, como centenas de outros que cospem, passam a mão na bunda, entram na canela, abusam do cotovelo. O folclórico Dé Aranha jogava gelo na bola para desviá-la dos pés do adversário. Só que Suárez descobriu que o excesso de criatividade para malandragem é detestado pela FIFA. A entidade se amarra no fair play, por mais hipócrita que seja. Sinto ganas quando vejo um beque dando sermão num jogador que se atirou para cavar uma falta. E na ausência de explicação melhor, fico tão sem jeito quanto Pepe Mujica:
10. Minha seleção da primeira fase: Ochoa (MEX); Johnson (EUA), Godín (URU), David Luiz (BRA) e Mena (CHI); Kroos (ALE), Rodriguez (COL) e Messi (ARG); Müller (ALE), Benzema (FRA) e Neymar (BRA). Reservas: Eneyama (NIG), Debuchy (FRA), Kompany (BEL), Rafa Márquez (MEX) e Armero (COL); De Jong (HOL), Feghouli (AGL) e Brian Ruiz (COS); Samaras (GRE), Robben (HOL) e Shaqiri (SUI)
11. O adversário do meu time já está escalado, desde sempre: é o PIG Futebol Clube. No segundo quadro, joga o Rola Bosta Esporte Clube.
Primeiro Quadro |
Segundo Quadro - Há fominhas que jogam nos dois |
3 comentários:
Muito bom e criativo este material sobre política e futebol!
Particularmente os times que representam o PIG e os Rola-bostas, consolidando as contribuições dos "blogs sujos" e a do Leonardo Boff!
Muito bom, Marco - vou publicar o link no twitter. Teu blog não tem esses botões de compartilhamento, não tem como adicioná-los? Mais um catimbeiro, a meu ver, é o uruguaio Pinilla. O conflito entre delegações que acabou resultando em suposta agressão dele pelo assessor de imprensa da CBF, Rodrigo Paiva, tem versões mas não tem comprovação. Não há marca do 'soco', Paiva diz que foi uma briga entre delegações iniciada pelos uruguaios e que o jogador foi pra cima dele. Em quem acreditar? Parece papo de mau perdedor, mas como a Fifa não pode brincar em serviço, puniu o brasileiro com uma suspensão. Faltou publicarem o vídeo para fazermos um juízo independente.
Abraços!
Corrigindo: o chileno Pinilla! (ele falou tanto no Suárez que acabei misturando). Em tempo: é lamentável que essa briga tenha ocorrido, mas se houve, não há um só culpado, um só 'delincuente'. rs
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