O ANTIPETISMO
Nota de esclarecimento
Reconheço que o texto anterior ficou muito longo. É que os ataques pessoais à nossa futura presidente não param. O submundo da política emana ódio. Li muito sobre os porquês da campanha insidiosa contra Dilma: comparação com o “case” Obama, vítima parecida; enlace entre a pauta do marketing de Serra e o PIG; a direita raivosa, que sai do esgoto e leva o debate de idéias para as ameaças religiosas (vídeo abaixo); despolitização da eleição; erros estratégicos da campanha petista; “salto alto” da militância. São hipóteses válidas. Outras também são.
Porém, de repente todo mundo virou sociólogo a apurar as causas desse fenômeno. A postura equidistante, alheia ao problema, sem superá-lo, é que me deu paura da Universidade. O assunto pode ser interessante, mas a prioridade é outra: devemos combater essa ladainha e reverter o maior número de votos dos eleitores não convictos – que votaram em Marina, ou mesmo em Serra, mas não suportam o método de vencer a qualquer preço, que escancara sua canalhice.
O Antipetismo
O antipetismo é a manifestação nacional e tardia do ódio de classe na política. Algo similar foi notado desde a Revolução Francesa, quando o governo do povo foi chamado de “terror” pelo PIG da época. O antipetismo é anterior ao PT, e mistura elitismo e desconhecimento. No Brasil, é visível lá na formação dos sindicatos, 100 anos atrás. Antes de Lula e o PT, quem mais arcou com esse preconceito foi Luiz Carlos Prestes e o Partido Comunista.
A linguagem foi atualizada. Não se fala mais operário, nem proletário. Hoje, o politicamente correto diz classe trabalhadora. A luta de classes é esforço de integração. Mas a conquista de direitos sociais continua provocando asco e resistência da elite. Para que homens e mulheres, independente da cor ou posição econômica, pudessem votar e serem votados, muito sangue correu e inúmeras barreiras foram derrubadas. Até hoje, alguns vêem a “política” como passatempo de dândis enfastiados. Bancar uma eleição não é para pé-rapado, que deve labutar o sustento do dia a dia, sem reclamar...
O PT se abrandou para convencer os iludidos com a retórica conservadora. Trabalhadores replicavam a ideologia dos patrões, sabotando suas próprias necessidades, até darem um voto de confiança a Lula. E na prática seu governo conciliou interesses, ao tirar 18 milhões de pessoas da pobreza sem perseguir os mais abastados. Todo mundo se deu bem no governo Lula; só o irracional faz com que a burguesia se deixe manipular contra a eleição de Dilma*.
Há o contexto da polarização esquerda/direita, capitalismo/socialismo, da Guerra Fria e a posição geopolítica do Brasil como satélite cultural dos EUA, o perigo vermelho e a ameaça do Comunismo aos valores que se tornaram tão caros ao Ocidente. André Singer tratou disso em “As raízes sociais e ideológicas do Lulismo”. De como o PT se transformou de partido alternativo, de luta contra a ditadura, congregando sindicalistas, religiosos, intelectuais, rebeldes ou gente “descolada”, e passou a ser de fato um partido de massas, o único da nossa história.
O que fazer?
Aqui, o ponto é identificar o interlocutor com sua origem social. Aos trabalhadores e seus familiares, é fundamental identificar-se com o trabalho, em oposição ao capital. Refutar de antemão termos chulos e mesquinhos contra pobres, mesmo que “engraçados”. Isso é síndrome de capitão do mato, o negro pinçado pelos escravocratas para capturar e punir seus irmãos fugidios, ou aquele que, numa posição pouco melhor, se volta contra seus antigos companheiros.
Mesmo profissionais liberais, agricultores e empresários, que dependem de seu suor, obtêm vantagens com o mercado interno dinâmico. Todos em princípio são contra privilégios, pois suas famílias e eles mesmos tiveram que vencer isso. Não há “reserva de mercado”, e quem trabalhar com afinco, terá oportunidades. Essas demandas estão contidas com exatidão nas propostas de Dilma, e no que o governo Lula defendeu. Sem contar as conquistas coletivas, cujo retorno difuso exige maior compreensão. É o olhar social enfatizado na campanha televisiva.
Aos egressos da nobreza, pouco há a argumentar. É pertinente demonstrar que numa sociedade mais igualitária, todos saem vitoriosos. Mas são tão poucos, e tão encalacrados em suas razões quatrocentonas, que talvez não valha a pena.
* O componente irracional é o pânico: Lula é um notório apaziguador; da Dilma não se tem essa certeza; logo, urdiu-se que ela é “linha-dura”, no sentido de ampliar os avanços sociais iniciados por Lula; expor o conflito de interesses das classes é a última coisa que eles querem.
Nota de esclarecimento
Reconheço que o texto anterior ficou muito longo. É que os ataques pessoais à nossa futura presidente não param. O submundo da política emana ódio. Li muito sobre os porquês da campanha insidiosa contra Dilma: comparação com o “case” Obama, vítima parecida; enlace entre a pauta do marketing de Serra e o PIG; a direita raivosa, que sai do esgoto e leva o debate de idéias para as ameaças religiosas (vídeo abaixo); despolitização da eleição; erros estratégicos da campanha petista; “salto alto” da militância. São hipóteses válidas. Outras também são.
Porém, de repente todo mundo virou sociólogo a apurar as causas desse fenômeno. A postura equidistante, alheia ao problema, sem superá-lo, é que me deu paura da Universidade. O assunto pode ser interessante, mas a prioridade é outra: devemos combater essa ladainha e reverter o maior número de votos dos eleitores não convictos – que votaram em Marina, ou mesmo em Serra, mas não suportam o método de vencer a qualquer preço, que escancara sua canalhice.
O Antipetismo
O antipetismo é a manifestação nacional e tardia do ódio de classe na política. Algo similar foi notado desde a Revolução Francesa, quando o governo do povo foi chamado de “terror” pelo PIG da época. O antipetismo é anterior ao PT, e mistura elitismo e desconhecimento. No Brasil, é visível lá na formação dos sindicatos, 100 anos atrás. Antes de Lula e o PT, quem mais arcou com esse preconceito foi Luiz Carlos Prestes e o Partido Comunista.
A linguagem foi atualizada. Não se fala mais operário, nem proletário. Hoje, o politicamente correto diz classe trabalhadora. A luta de classes é esforço de integração. Mas a conquista de direitos sociais continua provocando asco e resistência da elite. Para que homens e mulheres, independente da cor ou posição econômica, pudessem votar e serem votados, muito sangue correu e inúmeras barreiras foram derrubadas. Até hoje, alguns vêem a “política” como passatempo de dândis enfastiados. Bancar uma eleição não é para pé-rapado, que deve labutar o sustento do dia a dia, sem reclamar...
O PT se abrandou para convencer os iludidos com a retórica conservadora. Trabalhadores replicavam a ideologia dos patrões, sabotando suas próprias necessidades, até darem um voto de confiança a Lula. E na prática seu governo conciliou interesses, ao tirar 18 milhões de pessoas da pobreza sem perseguir os mais abastados. Todo mundo se deu bem no governo Lula; só o irracional faz com que a burguesia se deixe manipular contra a eleição de Dilma*.
Há o contexto da polarização esquerda/direita, capitalismo/socialismo, da Guerra Fria e a posição geopolítica do Brasil como satélite cultural dos EUA, o perigo vermelho e a ameaça do Comunismo aos valores que se tornaram tão caros ao Ocidente. André Singer tratou disso em “As raízes sociais e ideológicas do Lulismo”. De como o PT se transformou de partido alternativo, de luta contra a ditadura, congregando sindicalistas, religiosos, intelectuais, rebeldes ou gente “descolada”, e passou a ser de fato um partido de massas, o único da nossa história.
O que fazer?
Aqui, o ponto é identificar o interlocutor com sua origem social. Aos trabalhadores e seus familiares, é fundamental identificar-se com o trabalho, em oposição ao capital. Refutar de antemão termos chulos e mesquinhos contra pobres, mesmo que “engraçados”. Isso é síndrome de capitão do mato, o negro pinçado pelos escravocratas para capturar e punir seus irmãos fugidios, ou aquele que, numa posição pouco melhor, se volta contra seus antigos companheiros.
Mesmo profissionais liberais, agricultores e empresários, que dependem de seu suor, obtêm vantagens com o mercado interno dinâmico. Todos em princípio são contra privilégios, pois suas famílias e eles mesmos tiveram que vencer isso. Não há “reserva de mercado”, e quem trabalhar com afinco, terá oportunidades. Essas demandas estão contidas com exatidão nas propostas de Dilma, e no que o governo Lula defendeu. Sem contar as conquistas coletivas, cujo retorno difuso exige maior compreensão. É o olhar social enfatizado na campanha televisiva.
Aos egressos da nobreza, pouco há a argumentar. É pertinente demonstrar que numa sociedade mais igualitária, todos saem vitoriosos. Mas são tão poucos, e tão encalacrados em suas razões quatrocentonas, que talvez não valha a pena.
* O componente irracional é o pânico: Lula é um notório apaziguador; da Dilma não se tem essa certeza; logo, urdiu-se que ela é “linha-dura”, no sentido de ampliar os avanços sociais iniciados por Lula; expor o conflito de interesses das classes é a última coisa que eles querem.
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