sexta-feira, 19 de agosto de 2011

HITLER E A URSS

Se o plano para invasão da URSS fora urdido desde julho de 1940, a intenção de realizar a conquista militar do país dos sovietes remonta a tempos bem anteriores. Quando Hitler, então encarcerado como agitador direitista na prisão de Landsberg, na Bavária, ditou o Mein Kampf (Minha Luta), a sua obra, publicada em 1925, ele dedicou um capítulo especial à política externa a ser seguida pelo movimento nacional-socialista. Nele, ele retoma as antigas ambições alemães, insufladas pela geopolítica racista, que dizia haver necessidade da ampliação do Lebensraum, o espaço vital, para que o povo germano pudesse sobreviver no futuro. Argumentava ele que não havia uma harmonia entre o elevado número de alemães e a modesta dimensão do solo que lhes cabia na Europa. Como não reconhecia o direito histórico de nenhum povo ao território que ocupava, que não fosse consagrado pela força, Hitler não via embaraço nenhum em ir algum dia tomar de assalto as terras do Leste, as estepes russas, então nas mãos do judaico-comunismo. Além disso, insistiu que nenhuma nação é potência sem ter vastas extensões de terras sob seu domínio: o império britânico, os Estados Unidos, a União Soviética e a China eram exemplos disso. Para ele, desde que se dera a revolução de 1917, o grande império eslavo era uma instituição decadente. A revolução bolchevique, ao exterminar com a classe dirigente (o "elemento germânico organizador do Estado russo", segundo ele), entregara a administração do país aos desprezíveis judeus e à escória russa. A isso, somava-se o profundo desdém racista que ele tinha pelos eslavos, considerando-os untermensh, gente racialmente inferior, uma espécie de brancos degenerados, poluídos pelo sangue asiático, incapazes de qualquer evolução. Esses preconceitos todos o cegaram perante os perigos de invadir um território da dimensão da URSS, cuja parte ocidental era duas vezes maior do que toda a Europa. Nada disso alterou sua decisão. Como ele disse convicto aos seus generais "basta nós chutarmos a porta que a casa toda ruirá".

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