sábado, 9 de outubro de 2010

QUEM DITA A PAUTA?

VAMOS PARA AS RUAS!

EM DEFESA DO BRASIL!

PELA IMPORTÂNCIA DESSA ELEIÇÃO!

Meus anos de academia deixaram sequelas. A mais grave é a ojeriza da abordagem teorética em assuntos práticos. Muito já foi escrito, várias possibilidades foram exploradas e o tema não se esgota. A surpreendente votação de Marina Silva tem quebrado a cabeça de muita gente boa. Marcos Coimbra, Idelber Avelar, Miguel do Rosário, entre outros ilustres comentadores se debruçaram sobre o fenômeno. Cada qual à sua maneira, expuseram razões para os quase 20 milhões de votos da candidata verde.
Apesar do tema ainda intrigar, tenho certeza que já passou da hora de virar a página. A grande questão para quem milita no campo democrático e popular é: como conquistar esse eleitorado?
Pois bem, sugiro começar pelos números. Fiz um levantamento dos votos separando capitais e interior. Os votos das 27 capitais foram assim distribuídos:

27 capitais
Dilma – 10.039.703 (39,9%)
Serra – 7.613.213 (30,3%)
Marina – 7.059.732 (28,1%)
Demais – 423.733 (1,7%)
Total – 25.136.831 (100%)

Interior
Dilma – 37.611.731 (49,2%)
Serra – 25.519.070 (33,4%)
Marina – 12.576.627 (16,4%)
Demais – 746.344 (1,0%)
Total – 76.453.772 (100%)

Antes da análise dos números, algumas ressalvas:

  1. Entre as capitais, há cidades das 5 regiões geográficas do país. Representam quase 25% do eleitorado;
  2. Apesar disso, há cidades como Campinas, Campina Grande, Joinville, Juiz de Fora, que não são capitais, mas que têm um eleitorado mais volumoso que Florianópolis, Vitória, Boa Vista e Aracaju, por exemplo;
  3. Também há que se considerar as regiões metropolitanas. A esmo, escolhi a região metropolitana de Curitiba. Dilma teve 46,04%, Serra 34,81% e Marina 17,81% nos 25 municípios circunvizinhos à capital do Paraná. Mas, colocando a capital na equação, o quadro se reverte pró Serra e Marina: Serra passa a 40,57%, Dilma cai a 34,82% e Marina sobe para 23,02%;
  4. Isso sem contar as conurbações que não surgiram em torno de capital alguma, como as Baixadas Fluminense e Santista, Vale do Itajaí, Região de Caxias do Sul, entre outras.

Feitas as devidas considerações, e apesar delas, entendo que o voto que impediu a vitória de Dilma já no primeiro turno é o mais urbanizado. No interior, desconsiderando a máquina de escândalos da imprensa, e outros golpes baixos, como o voto de cabresto e a disseminação do pânico, somos favoritos, ressaltando que os argumentos que serão tratados posteriormente servem para o público em geral. Vários são os fatores, e é importante conhecê-los para que a reversão dos votos da Marina seja mais clara, embasada no real convencimento das pessoas de qual o melhor projeto para o país. Podemos elencar os itens que aumentaram sua votação:

  1. “Esquecimento”/Ignorância do período FHC;
  2. Campanha insidiosa contra a pessoa Dilma Rousseff;
  3. Antipetismo;
  4. Falso moralismo;
  5. Postura da classe média;
  6. Partido da imprensa golpista.

Não há ordem no rol acima, e também há uma pequena margem de voto ideológico, da pauta ambientalista e consciente, que migrará para Dilma. Inobstante o esforço da campanha Serra por integrar esses fatores, o fato é que não existe “serrismo”. Um poste Anti-PT, ou o Vesgo, do Pânico (PHA), teria mais votos que o Serra. Esse candidato não tem partidários, correligionários, muito menos seguidores ou entusiastas. Sua campanha é exclusivamente baseada em “militância paga” (expressão paradoxal) comercial e produtiva, que atua na lógica do mercado, de forma articulada, respondendo diretamente ao QG central. Por isso as ações dos trolls da internet, o programa na TV, as reportagens da mídia gorda aparentam tamanha simbiose. Se encaixam como luva porque são engendradas na mesma fonte, que se alimenta dos (e retroalimenta os) fatores acima expostos.
A faceta mais evidente dessa máquina eleitoral é a imprensa comercial. Desde o primeiro turno, a candidatura Dilma tem apresentado uma agenda propositiva, ao passo que a oposição se organiza em torno da destruição. Não há nada de positivo no programa do PSDB. Promessas desvairadas, populistas, e difamação, sordidez, torpeza. O índice de rejeição à Dilma Rousseff era o mais baixo dos candidatos; logo, ela foi colocada na alça de mira dos mercenários das redações, que tentam se imiscuir em cada detalhe de sua vida pessoal. A última atitude nesse sentido é a pressão que a FSP tem dado no Supremo Tribunal Militar para tornar público o arquivo da prisioneira nos porões da repressão. Mais uma vez esse órgão se presta ao papel de porta-voz da ditadura. Na vida, na arte, no futebol e na construção civil, destruir é mais fácil que construir.
Nos próximos posts, falaremos dos itens e como argumentar no sentido de angariar os votos indecisos. Podemos convencer um enorme contingente de pessoas iludidas, pois lutamos do lado verdade. O próprio voto em Serra não é um voto convicto, a não ser em Higienópolis, Zona Sul Carioca, TPF e na UDR – nesses locais se trata do voto de defesa de classe, a conservação dos privilégios disfarçada em competência e meritocracia.



Deixo uma mensagem de qual deve ser a postura da militância comprometida com o futuro desse país. Passam-se os anos, não muda a atitude.

Um comentário:

patrick disse...

Pois é Marco! É preciso mesmo dizer um "não rotundo" ao entreguismo planejado por essa corja canalha. Um "não abafado no peito" por conta de mais de quinhentos anos como mera colonia (formal ou informalmente) e que o projeto de democracia popular do governo Lula começou, ainda que de forma incompleta,a desmontar. Mas ainda falta muito, temos muito ainda para caminhar no rumo da construção de um país altaneiro, um país real e profundamente comprometido com a sua gente e não com a sua elite perversa.
Mas algo me espanta. Parece não haver a militância petista nas ruas. Não se vê mais bandeiras e camisas vermelhas militando nas ruas. Não sei se é uma diretriz do comando central da campanha da Dilma, mas não se vai para o corpo a corpo. A impressão que me dá é que essa praga falaciosa de "pós-modernidade" ganhou a direção da campanha. Voto se ganha no chão e não na internet. Voto se ganha no corpo a corpo. Voto se ganha em comício politizando o debate e não ficando na defensiva.
Seria a hora de Lula coroar sua trajetória política e cair nos braços do povo peitando a midia gorda, as oligarquias e chamar para si o papel de grande nome político do Brasil contemporâneo.