quarta-feira, 10 de julho de 2013

DA TEORIA À PRÁTICA

Primeiro, a tentativa de um golpe de Estado arquitetada pela empresa Anonymous, nos mesmos moldes do que acontece em outras partes do mundo, esbanjando conhecimento semiótico para distorcer completamente o significado da máscara, ilustrada por David Lloyd na graphic novel V for Vendetta (V de Vingança), de Alan Moore, bem como sua mais remota inspiração, Guy Fawkes. Expediente básico de manipulação, mas que quase convulsionou um milhão de pessoas nas ruas.


Depois, as denúncias de Edward Snowden, que conferem novo status ao termo "teoria da conspiração", desde que se evadiram do campo meramente abstrato e adentraram ao país, ao governo, aos lares. Atualizada para "prática da conspiração", a invasiva política que provoca calafrios nos trombeteiros da liberdade, tem sido levada a consequências impensáveis pelos EUA, com a cooperação técnica das companhias de telecomunicação instaladas no Brasil, derivadas das privatizações ocorridas no auge da interferência norte-americana, quando nosso chanceler tirava o sapato para pisar em solo ianque.

O pessoal que saiu da matrix criada pela Globo já sabia que as festejadas redes sociais são monitoradas pelo Departamento de Estado dos EUA. Também é de domínio público o papel que a espionagem norte-americana exerceu no golpe militar de 1964. O atual SIVAM, com todos os dados sobre espaço aéreo, solo e subsolo da Amazônia transmite em rede e equipamentos criados pela Raytheon (mais uma doação da privataria). Exemplos aos borbotões podem ser colhidos pela América Latina. A primavera árabe não deu um passo sem o consentimento da CIA. Chocante, no presente, é que as pessoas vão até a informação, outrora recolhida à penumbra e controle destes mesmos meios ora desmascarados. Antes ridicularizados, "paranoicos" apontam o dedo para a sociedade estupefacta, denunciando o Big Brother da vida real. 

Muita infomação e poucas certezas. Tudo muito suspeito, permeado por interrogações:

São etapas de um plano meticulosamente articulado ou ações isoladas, ainda que familiares?

A tentativa de golpe tem a ver com a espionagem?

Quais as motivações da arapongagem eletrônico da qual o Brasil é um dos maiores alvos?

Os EUA teriam coragem de recusar atendimento a parte de sua própria população (pobre, negra e com sífilis) para combater o "sangue ruim"?

E de bombardear cidades da Flórida (inclusive Miami) e a capital, Washington, para se colocar na aparente posição de vítima ante a agressividade de Cuba, justificando perante a opinião pública seus planos de invasão à ilha?

E de inocular cidadãos saudáveis da Guatemala com doenças venéreas para fins científicos?

E o famoso testemunho da garota Nayirah, que deflagrou a primeira invasão americana no Iraque, em 1990?

E a denuncia de Hugo Chávez acerca da tecnologia Haarp, que pode ter provocado o terremoto do Haiti?

E a Operation Paperclip, que recrutou mentes brilhantes do partido nazista alemão para incrementar a indústria norte-americana?

Como se vê, a teoria da conspiração já é praticada faz tempo...

Para o sistema, interessa mais entreter o povo do facebook com a teoria das frivolidades conspirativas, que ocorre quando a seleção espanhola aceita suborno para entregar o jogo para a brasileira, mês passado, ou quando Anderson Silva é socado de propósito no último UFC.

A arte imita a vida ou o contrário? A distopia, a anti-utopia, gênero literário de desencanto com o mundo, surgido no séc. XX, quando os sonhos mais otimistas de uma sociedade ideal se converteram nos piores pesadelos totalitários, está saindo das páginas dos romances e se concretizando como nas fictícias - ainda que tenebrosas - existências de Winston Smith, Bernard Marx, Guy Montag e outros.

Um comentário:

Apelido disponível: Sala Fério disse...

Nossas manifestações tiveram até sucursais em NY! Era o 'povo' se manifestando! Caraca ... o povo de NY? O tucanato tem ramificações! E sabe usar twitter e facebook também! Centenas falando contra uma PEC cujo teor sequer conheciam! O valor da tarifa era de fato um pretexto, tanto para a esquerda que queria usar isso, a princípio, como uma forma de criar uma agitação política, como pela direita que recebeu tal presente de braços abertos! No meio disso tudo, o interesse externo, claro, que cada líder do continente não obtenha 'poder excessivo' ...