sábado, 13 de julho de 2013

SÁBADO DO DESCANSO CRÍTICO

Sabadão, graças às conquistas trabalhistas, dia de folga. Arrumar as coisas da casa, sair para comprar os mantimentos da semana que vem por aí e me permitir uma pausa para reflexão. Lembrei desse vídeo, assisti-o no começo do ano, e diz muito do que eu queria dizer para cada um dos marcheteiros que fizeram a micareta global tingida com cores golpistas de junho. Precisamos de uma visita de George Galloway para conversar com nossos coxinhas.



Fuçando na internet, encontrei essa postagem no Conversa Afiada. O texto fomenta o debate. Não me empolguei com o dia de luta por julgá-lo inoportuno. Sabia que a cobertura do PIG ia ser totalmente desfavorável. Não tenho ilusões quanto ao adversário etéreo, volátil, sem rosto: nos EUA ele é Wall Street; no Brasil a Rede Globo. O resto do PIG funciona como apêndice, e não se sustenta pelas próprias pernas se essa nociva organização for eliminada da nossa sociedade. Mas à luz dos dados, e após a análise do PHA, consigo ver algo de positivo, no sentido de efetivamente contrapor dois modelos de fazer política. É como disse o Adílson Filho: "Acho que agora está provado que as milhares de pessoas que ‘incendiaram’ as ruas no mês passado e que formaram o ‘tal do gigante’ que acordou receberam a lenha da mídia e a gasolina do Facebook. Quando a pauta conservadora deu lugar à pauta progressista, o gigante voltou ao seu sono profundo. Nas ruas, só ficaram os que nunca dormiram".

 
De Adalberto Cardoso, professor e pesquisador do Iesp-Uerj

As centrais sindicais foram às ruas na quinta feira, dia 11, com uma pauta classificada por alguns como “corporativa” e restrita a “temas trabalhistas”, de interesse de uma minoria. Essa interpretação erra o alvo. Jornada de trabalho e regras de aposentadoria, dois dos temas salientes da convocação das centrais, são afeitos a todos os que ganham a vida trabalhando.

Na ponta do lápis, 55 milhões de brasileiros contribuem para a previdência social, e cerca de 123 milhões de pessoas vivem em famílias nas quais pelo menos um membro contribui. Além disso, 40 milhões de brasileiros trabalham 44 horas por semana ou mais, e 103 milhões de pessoas vivem em famílias em que pelo menos um membro trabalha essa jornada (dados da PNAD-2011, última disponível).

Trabalhar menos e se aposentar com decência são conquistas civilizatórias universalizadas no século XX nos países mais ricos, mas permanecem uma promessa no Brasil. E são demandas históricas de nosso sindicalismo.

Julgadas contra o pano de fundo das jornadas de junho, que levaram mais de um milhão de pessoas às ruas, metade delas jovens de 24 anos ou menos (segundo a pesquisa IBOPE divulgada no Fantástico), a manifestação puxada pelas centrais sindicais e outros movimentos organizados pareceu um fracasso. Outro engano.

Os avanços mais evidentes das administrações petistas ocorreram no mercado de trabalho. Foram quase 20 milhões de empregos formais criados em 10 anos, isto é, 20 milhões de novos contribuintes para a previdência social.

O ganho de renda das famílias entre 2002 e 2011 também foi expressivo, de mais de 35% em termos reais, tendo chegado a 80% em alguns estados do Nordeste, ainda segundo a PNAD. A inflação recente, que atinge mais fortemente os mais pobres, porque puxada sobretudo pelos alimentos, vem corroendo em parte esses ganhos, mas a maioria das categorias tem conseguido aumentos de salários acima dos índices oficiais de inflação, segundo o DIEESE.

Ou seja, se há insatisfação de parcelas da população quanto à sua qualidade de vida, essa insatisfação não parece ter origem no mercado de trabalho. E no entanto, as centrais sindicais, com uma pauta com viés de classe (e não difuso como as jornadas de junho), se fizeram ouvir no país inteiro, com passeatas em todas as capitais e centenas de cidades do interior, bloqueios de estradas e acesso a portos e, no caso do Rio de Janeiro, confronto com a PM, que vem utilizando violência excessiva contra os manifestantes. Não colocaram um milhão de pessoas nas ruas. Mas mostraram que continuam ativas, e que são capazes de causar prejuízos à economia e aos poderes públicos, seu principal recurso reivindicatório.

NAVALHA

O Conversa Afiada observaria, também, a propósito do sucesso do Dia Nacional das Lutas:
- Se quiserem derrubar a Dilma nas ruas, vai ter Venezuela !
- Uma coisa é doença infantil do transportismo, que a Globo transformou em Golpe contra Dilma.
- Outra é trabalhador paralisar o país com pauta trabalhista.
- Pergunta pra FEBRABAN, pra FIESP o que dói mais.
- Uma coisa é classe média cheirosa hostilizar os partidos e a CUT na Avenida Paulista.
- Outra é paralisar o país dentro da Lei, com aviso à Polícia sobre o trajeto, sem interromper o transporte urbano, sem manifestante mascarado.
- Pergunta pra FIESP o que dói mais.
- Pergunta à FIESP se ela prefere o MPL que anula voto ou o Vagner , que vota na Dilma.
- Uma coisa é manifestante da classe média virar herói da Globo.
- Outra, é o Dia Nacional das Lutas mudar a logomarca da Globo: “sonega Globo”.
- Uma coisa é dar Golpe na rua.
- Outra é evitar, na rua, o Golpe.
- Pergunta pra FIESP o que dói mais.
- Pergunta aos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio.
- Pergunta à Dilma.
Ela sabe.
Paulo Henrique Amorim

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