OS GOLPISTAS E A ALEGRIA DO POVO

Os golpistas, ou a turma "contra tudo que está aí", ou ainda os "sem-partido" começam a perder o trem da história.

Primeiro, que já virou conto da carochinha essa ingenuidade e rebeldia desfocada: o alvo é o governo Dilma, e tudo que ele representa, para o bem e para mal.

Segundo, que "apartidário" é o eufemismo do momento para o antipetismo de sempre, que tratamos aqui em 2010. Até porque o PT é o único partido de fato do Brasil. As demais agremiações padecem ou da falta de representatividade (nos fratricidas trotskistas) ou do fisiologismo mais empedernido que retira legitimidade na propositura de uma agenda política. A oposição no país é feita pela mídia gorda.

Não concorda? Quais sugestões os partidos de oposição trouxeram nesse momento de efervescência? Não foram competentes sequer para jogar lenha no fogueira. É por isso que, ao contrário da carona que pretendiam, atraíram mais ojeriza ainda

Mas o assunto de hoje é o futebol, o produto mais bem acabado da cultura brasileira, genuína, que não nasceu com o Galvão Bueno, e que na verdade, desde que foi apropriado pela Globo, andava sendo mais um motivo de descrença pública.

Lógico que considero o Marin um pulha, mas sei que a CBF é uma empresa privada. Aliás, que a CBD foi privatizada numa patranha do Havelange com os milicos - que hoje alguns pedem de volta...

Noves fora os cartolas, a apresentação do escrete canarinho contra a Espanha foi uma desforra. Brilhante. Afirmo, sem medo de errar, que foi a melhor partida da seleção brasileira nos últimos 30 anos. Um futebol jogado como antigamente, com uma vontade contagiante. Como represar a catarse de alegria? Sentíamos a nossa alma em campo. Nas sábias palavras do editor do Boteco Bola: "Quem acompanhou a festa até o fim teve o raro privilégio de ver o futebol proporcionar uma de seus momentos mágicos, cada vez mais raros nos dias mercantilistas de agora, e que tornaram esse o esporte mais popular, em praticantes e torcedores, em todo o mundo". Se o Brasil tivesse perdido, mas jogado daquele jeito, todos aplaudiríamos de pé, por alguns minutos.

Só que o criticismo exacerbado anda tão em voga que, por exemplo, o Juca Kfouri, que eu até já mencionei no blog não consegue esconder sua torcida pelo fracasso da seleção: "Mas a torcida brasileira não se engana, como não se enganou em 70, ao não confundir Pelé e Tostão com Garrastazu Médici e a ditadura que nos oprimia".

Não, realmente não dá para confundir. Como disse o Sala Fério, "a diferença com relação à ditadura é que hoje temos grêmios estudantis livres, pessoal do Tortura Nunca Mais convocando rebelião na maior liberdade, galera do OCUPASAMPA fazendo o mesmo, gente que vai pra vandalizar mesmo e não é presa (porque senão, vira 'preso político'), eleições diretas, sindicatos atuantes e livres, Judiciário plenipotenciário, Ministério Público também ..." Acrescento aí, o PIG, que outrora se prostrava de joelhos a pedir bençãos aos generais dando novo significado à expressão "imprensa chapa branca" e agora assume as rédeas como partido de oposição local.

E tem mais. Mais um motivo para os golpistas cortarem os pulsos: a Copa das Confederações foi um sucesso de faturamento com o turismo. Segundo a EMBRATUR,  os turistas gastaram R$ 311 milhões de reais durante o evento, de 15 dias. Depois do ministro Aldo Rebelo ter refutado a acusação do desvio das verbas da saúde e da educação e trazido à tona os números verdadeiros, que o PIG omite, resta pouco além da cara de tacho para os profetas do apocalipse que apostaram - contra todas as evidências - na derrota do Brasil (em todos os sentidos).